Festa para os cubanos

Milton Alves Júnior
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Em meio a aplausos de integrantes do Movimento Sem Terra (MST) e pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), o primeiro grupo de médicos cubanos do Programa Federal Mais Médicos desembarcou no início da tarde de ontem no Aeroporto Santa Maria, em Aracaju. Após descerem de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), os profissionais receberam flores, cumprimentaram os populares e ressaltaram a importância do apoio integral dos brasileiros para que a qualificação da saúde pública possa ser possível conforme aposta do ministro da saúde Alexandre Padilha, e da presidente Dilma Rousseff. Atendendo aos pedidos dos manifestantes que ocuparam as ruas de forma histórica no mês de junho, o Governo Federal decidiu criar este programa para dar assistência aos municípios onde os médicos brasileiros se recusaram a trabalhar.
Sem a presença de manifestantes contrários ao programa, os cubanos conversaram de forma descontraída com o Jornal do Dia e em seguida foram encaminhados para um hotel onde vão passar por um curso intensivo de dez dias. Durante a estadia na capital sergipana, os médicos serão informados sobre as reais condições da saúde publica no Estado de Sergipe. Todo o ‘diagnóstico’ estrutural será apresentado por técnicos do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde (SES).
Feliz com a nova experiência e calorosa recepção por parte dos sergipanos, Rolando Monteliet garantiu dedicação e cordialidade após início das atividades. "Agora que chegamos a Sergipe, a nossa missão é intensificar os trabalhos, nos unir aos companheiros e amigos médicos brasileiros, e claro, oferecer uma melhor assistência médica. Em todo o país nós estamos sendo recebidos com muito carinho e isso só nos faz ter mais consciência da confiança que o Brasil tem com nós cubanos", declarou.
Em companhia de agentes de saúde da Marinha Brasileira, Aeronáutica e do próprio Ministério da Saúde, os novos médicos a trabalharem em Sergipe, visivelmente emocionados, disseram em no máximo um mês já estar atuando nos municípios definidos pelo Estado. "Teremos um curso e depois vamos para o campo de trabalho. No que depender da gente, podem ter certeza que o país vai melhorar. Agora nós também somos brasileiros", pontuou Monteliet.
Aprovando a atitude política do Governo Dilma, representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Levante Popular, Associação das Comunidades Negras de Sergipe, Associação das Mulheres Camponesas, Sindicato dos Trabalhadores na Educação de Sergipe (Sintese) e estudantes da Universidade Federal de Sergipe (UFS), também estiveram no aeroporto para recepcionar os profissionais. Para Rubens Marques, presidente da CUT, a presidente Dilma Rousseff acertou na contratação dos médicos estrangeiros, mas deve se conscientizar para melhorias nas condições de trabalho e regular fornecimento de remédios para os usuários do SUS. "Ela está de parabéns pela iniciativa e tenho certeza que a maioria dos brasileiros está tão confiante quanto ela. Agora é trabalhar para melhorar outros aspectos que serão fundamentais para a satisfação de todos", disse.
Questionado sobre a resistência de alguns médicos brasileiros que não se mostram confortáveis com a contratação dos estrangeiros, Rubens aproveitou a oportunidade para criticar o posicionamento dos profissionais brasileiros. "O governo deu oportunidade para nossos compatriotas e foram exatamente eles que não aceitaram a proposta. Agora que os cubanos chegaram para melhorar a vida do povo eles se voltam contra o governo? No mínimo isso é estranho e antiético. Respeitamos o posicionamento deles, mas assim como a maiorias dos brasileiros, eu também não concordo com esse ponto de vista egoísta", afirmou.
Ao todo o programa enviou para Sergipe doze profissionais, sendo dez cubanos e dois brasileiros cuja formação aconteceu no exterior. Após o treinamento, os médicos serão encaminhados aos municípios de Arauá, Gararu, Nossa Senhora das Dores, Poço Redondo e Umbaúba, além da capital, Aracaju.
Também no grupo de ontem desembarcou Rodolfo Garcia que possui 26 anos de experiência profissional. Em entrevista ao Jornal do Dia, ele ressaltou a satisfação em ter sido convidado para vir ao Brasil, e em seguida, foi novamente aplaudido pelos manifestantes. "A gente sempre fica ansioso para saber como vai ser a nossa recepção aqui. Entendemos que o Brasil precisa do nosso apoio e os pacientes podem ter certeza que no que depender da gente, esse amado país vai melhorar cada vez mais".

Mobilizações – A fim de dar continuidade aos votos de felicitações, integrantes da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em Sergipe (CTB/SE) devem comparecer na tarde de hoje ao Aeroporto Santa Maria para recepcionar a segunda e última equipe de cubanos. "Esperamos que a chegada desses médicos cubanos possa suprir a carência que temos de profissionais da área médica nas unidades básicas de saúde do Estado. Como trabalhadores, eles merecem todo o nosso apoio", afirmou Edival Góes, presidente da central. Estudantes, integrantes do MST, Levante Popular da Juventude, militantes partidários e representantes das comunidades Quilombolas também garantiram participação neste domingo.