Oxum, Nossa Senhora da Conceição, a padroeira de Aracaju
Filho da Sorte
Publicado em 08 de dezembro de 2021
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Eu nunca soube nada de Deus, nem dos orixás. O único santo de minha devoção é a Sorte. No dia de Oxum, entretanto, há dez anos, Gabi me entregou o próprio coração como se fosse qualquer coisa. A nossa vida tomou o mesmo rumo no mar da Caueira.
Deus não habita em templos de pedra e cal, dizem, mas as igrejas prosperam como nunca. Beneficiadas com o status de instituição filantrópica, isentas de contribuição fiscal, as organizações religiosas atuam desde sempre como força política e econômica, com a ambição declarada de influência em todas as esferas da vida pública.
Não é de se espantar, portanto, a presença de lideranças partidárias em espaços de devoção, essencialmente estranhos à performance política. Quem não lembra do governador Jackson Barreto e o recém eleito prefeito Edvaldo Nogueira, compenetrados servidores estaduais, presentes à inauguração da pedra fundamental de um faraônico templo evangélico? Pediam bênçãos, em pose contrita, certos de receber uma enxurrada de votos.
Curioso é notar que, mesmo na bíblia, considerada um livro sagrado, há diversas passagens recomendando a oração a portas fechadas, como numa canção de Gilberto Gil. Nada de orar em pé nas sinagogas, às esquinas, sob os olhos e a opinião dos homens, recomenda Mateus. A mão esquerda não tem nada com os gestos da mão direita.
As minhas palavras, no entanto, os meus argumentos, expressam as impressões muito limitadas de um gentio. Eu não sei nada de Deus, nem dos orixás. Oxum, Nossa Senhora da Conceição, a padroeira dos pescadores, por quem todos os tambores ardem nos terreiros, hoje, eu a chamo simplesmente de Sorte.