Domingo, 09 De Fevereiro De 2025
       
**PUBLICIDADE
Publicidade

Fogo nos fascistas!


Publicado em 10 de setembro de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br

O paraibano Chico César é pedra de responsa. Longe de se conformar com o sucesso breve das rádios FM, o danado não cansa de inventar moda. ‘O amor é um ato revolucionário’, o seu trabalho mais recente, resvala aqui e ali nas armadilhas do discurso panfletário. E, no entanto, também exala um calor próprio, terno e cálido, feito gente.
Via de regra, os gestos de resistência esboçados pelos artistas tupiniquins não passam de confetes. Os valentes protestam de modo mais ou menos resignado, como quem afunda tristezas no copo, sem ponta de esperança doendo no peito. Chico César, ao contrário, recusa a derrota, de olho em um futuro próximo, quando as almas sebosas terão voltado para os tocas imundas de onde escaparam com a baba viscosa escorrendo ódio.
Tal certeza se manifesta na temperatura alta de cada faixa. Mesmo quando o compasso é mais arrastado, como na canção que batiza o disco, o instrumental rico afiança a fé no amor e no coração repleto dos vivos. Tudo bem, Walter Benjamin já nos advertiu, a História não tem lado certo, serve sempre aos vencedores. Mas o sentimento não mente. Mais uma vez, a alegria é a prova dos nove.
Neste álbum, Chico César aponta para o alto, mesmo quando soa sereno. Entre diversos bons momentos, destaca-se ‘As negras’, animada por metais pegando fogo, balanço ancestral, axé e agogô. Divertidíssimas, ‘Like’ e ‘History’ apontam os abismos cavados entre os amantes e a serventia pouca da tecnologia. ‘Mulhero’ tem um groove de primeira. E por aí vai.
De uns tempos pra cá, Chico César não perde a oportunidade de se afirmar politicamente. Recentemente, por exemplo, ele fez questão de compor uma marchinha cheia de ironia contra o negacionismo em torno da vacina, deliciosa. E, também por isso, é que foi convidado a presentear o magistério com um show exclusivo, bancado pelo combativo sindicato da categoria.
Contra os cães danados do fascismo, Chico César ataca de reggae, afoxé, arrocha, foxtrot, o diabo… Sempre com o astral nas alturas.

**PUBLICIDADE



Capa do dia
Capa do dia



**PUBLICIDADE


**PUBLICIDADE
Publicidade