A sanfona de Mestrinho é força redentora na primeira noite de Forró Caju
'For all' para todos
Publicado em 22 de junho de 2018
Por Jornal Do Dia
Quando Mestrinho subir ao palco, hoje à noite, na praça de eventos dos mercados municipais, conciliará com a sua simples presença todas as contradições argumentando contra o Forró Caju. Intelectuais e povão finalmente concordarão em algo, rendidos pela sanfona, felizes da vida, como num passe de mágica.
Momento raro, numa festa desde sempre marcada por hiatos de sensibilidade. Governantes nos camarotes, entre asseclas e convivas. Governados com os pés na lama, dissolvidos em populacho. Não bastasse a estrutura própria de uma sociedade desigual, regida pela força da grana, há ainda os reflexos percebidos na programação. No palco principal, com as exceções de praxe, a representação mais rasa do gosto popular. Os verdadeiros artistas do povo se apresentam em um espaço menor, com estrutura modesta, colocados à parte.
O Forró Caju já foi mais diverso e atencioso com os valores da nação nordestina. Em sua fase áurea, era capaz de dedicar todos os holofotes a atrações como as bandas naurÊa e a pernambucana Cordel do Fogo Encantado, responsável pela única performance realmente inesquecível em toda a história do evento. Jovens faziam cirandas na chuva. Nos últimos anos, entretanto, os intervalos de respiro e renovação ficaram cada vez mais estreitos, até restarem sufocados.
Não se pretende cometer aqui o pecado de falar pelos outros, arbitrando o que pode e o que não pode, apontar o bom, o mal e o feio, para lembrar o filme de Sergio Leone. Por trás do sucesso comercial de artistas da estirpe da Calcinha Preta e Devinho Novaes, entretanto, há razões muito evidentes, de cunho estritamente financeiro, e nenhuma força redentora, nenhum lastro musical.
"A alegria tem cheiro de suor", segundo um achado espantoso do jornalista Reinaldo Azevedo (o leitor me creia!). E os donos do mundo não perdem oportunidade de capitalizar em cima da euforia de quem seja. Indiferente à esperteza de uns e outros, geral rebola. No fim das contas, o povo bem sabe por que dança e chora.
Dia 22 de Junho – Sexta-feiraPalco Luiz Gonzaga (Palco principal/Praça de Eventos Hilton Lopes)
20h – Orquestra Sanfônica de Aracaju
21h30 – Mestrinho
23h – Galã do Forró
0h30 – Cintura Fina
2h – Samyra Show
Palco Gerson Filho(Palco alternativo/Praçade Eventos Hilton Lopes)
20h – Osman do Acordeon
21h – Os Manos do Forró
22h – Glaubert Santos
23h – Casaca de Couro
1h20 – Lourival Mendes
Arraia do Povo (Orla de Atalaia):Dia 22 de Junho – Sexta-feira
18h30 – Quadrilha Nova Vida "Sesc Socorro"
19h00 – Quadrilha Tradição Junina (SE) "SEIDH"
19h30 – Aurelino O Bom do Forró (SE)
21h30 – Quadrilha Assum Preto (SE)
22h00 – Joquinha Gonzaga (PE)
23h30 – Fernando Crateús (CE)
01h00 – Correia dos Oito Baixos