Futuro no lixo
Publicado em 29 de julho de 2020
Por Jornal Do Dia
O governo federal não parece preocupado com o impacto da pandemia ainda em curso, fir me e forte, na aprendizagem dos estudantes brasileiros. Segundo a Unicef, contudo, milhões de crianças e adolescentes já sofrem com a exclusão tecnológica, com reflexos previsíveis nas questões pedagógicas, a exemplo da evasão.
Segundo a agência da ONU, mesmo com as opções de atividades para a continuidade das aprendizagens em casa, pelo menos 4,8 milhões de crianças e adolescentes em todo o Brasil não têm acesso à internet. Na prática, um dos tantos efeitos perversos da covid-19 é tornar o ensino inviável para boa parte da população em idade escolar.
Pior é saber que, além das questões pedagógicas, crianças e adolescentes também correm risco de vida. De acordo com o Unicef, além de encontrar as crianças que estão fora da escola, ou em risco de abandonar, é fundamental preparar as unidades para receber os estudantes em segurança, diminuindo os riscos de infecção pelo novo coronavírus.
Tal necessidade inclui adaptações no ambiente escolar que mantenham estudantes, famílias e profissionais de educação protegidos, como adaptações no transporte escolar, na ventilação das salas de aulas e no acesso à água e saneamento nas escolas, entre outros pontos.
Com o diagnóstico em mãos, o governo federal bem poderia arregaçar as mangas para atender à demanda dos estudantes brasileiros. Para o governo, contudo, as escolas nem deveriam ter fechado. O mais provável é que ocorra aumento da evasão escolar e o documento da ONU seja descartado, sem qualquer atenção, junto com o futuro de milhões de brasileiros pobres.