Segunda, 20 De Maio De 2024
       
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Geografia das Emergências


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Publicado em 29 de julho de 2023
Por Jornal Do Dia Se


Saumíneo Nascimento – [email protected]

A 34ª Edição do Festival Internacional de Geografia que tem como objetivo promover a geografia junto do público em geral e será realizada durante três dias, 30/09, 01 e 02/10/2023 na cidade de Saint-Dié-des-Vosges na França, que se tornará o lugar para o intercâmbio entre geógrafos, investigadores, acadêmicos, professores, escritores, ilustradores e o público em geral. Registro que Saint-Dié-des-Vosges situa-se na região de Lorraine no Nordeste da França.
O Festival Internacional de Geografia é um evento científico diferenciado e que engloba mais de 150 outros eventos organizados ao longo dos três dias em Saint-Dié-des-Vosges e em algumas cidades vizinhas, em diferentes formatos.
Segundo os organizadores do Festival, a ideia desse tema (Emergências) é analisar as formas como a urgência ressurge em nossas vidas. Temas como, emergência ecológica e climática e desastres naturais.
A relação da geografia com a urgência possui correlação e é o que será abordado no evento, que anualmente concede o maior prêmio internacional de geografia, o Vautrin Lud.
A discussão que será apresentada é a de que a urgência não é apenas individual, é também um fato político. Ocorrerão questionamentos sobre de que forma a emergência transforma as formas de governar: a montante da emergência, pela criação de políticas antecipatórias e prospectivas; a jusante, pela resposta do Estado em momentos de crise, visando reintegrar a ligação nos sistemas territoriais.
Os quatro eixos de reflexão são: 1 – Com que rapidez nossos territórios, nossas infraestruturas, nossas redes se adaptam à emergência?
2. Como a emergência produz novos territórios, muitas vezes instáveis e flexíveis, às vezes até fluidos, e qual é a sua sustentabilidade?
3. Como alguns territórios, mais do que outros, são afetados por formas de emergência, sejam elas sociais, ecológicas, bélicas ou sanitárias?
4. Quais são as espacialidades dos atores da gestão de emergência (soldados, trabalhadores humanitários, profissionais de saúde, naturalistas, por exemplo)?
Sabe-se que alguns territórios, mais do que outros, são afetados por formas de emergência, sejam elas sociais, ecológicas, sanitárias, democráticas ou militares. Para os organizadores do evento, uma geografia das emergências deve primeiro desenvolver uma análise das vulnerabilidades que a multiplicação dos perigos torna evidentes. A vulnerabilidade social pode ser energética e de saúde, ou decorrente da exposição a riscos naturais ou industriais. Por exemplo, a crise do Covid-19 mostrou como as populações mais pobres são as mais propensas a sofrer com o vírus. O primeiro passo será, portanto, propor um inventário de vulnerabilidades e suas causas profundas, com foco em sua dimensão espacial: a exposição ao risco é o resultado combinado de vulnerabilidades.
Assim, pensar nas formas de vulnerabilidade também significa focar nas organizações de prevenção e redução de riscos e, principalmente, nas do Estado. Como dizer que o Estado falhou quando não soube lidar com as emergências? Quão vulnerável é o próprio estado? Podemos dizer que ele foi enfraquecido em sua capacidade de prever e gerenciar emergências? Estas respostas deverão ser apresentadas no decorrer do evento.
Entende-se que uma melhor compreensão geográfica das vulnerabilidades, numa perspectiva descritiva, mas sobretudo abordar os processos de vulnerabilidade, através da análise da sua produção poderá mitigar os riscos a que estamos submetidos.
De acordo com os organizadores do festival, a noção de urgência não é óbvia a priori para a geografia. Mas a de crise, mais usual no vocabulário geográfico, parece mais restritiva. Enquanto a crise designa uma saída do funcionamento normal para entrar em um modo degradado, a urgência também inclui uma forma de liminar para agir a montante das mudanças.
Dessa forma, entende-se que falar de emergência e não de crise permite analisar o que tal situação nos convida a antecipar, preparar e contrariar. Focalizar a emergência significa, portanto, antes de tudo, posicionar-se nas construções políticas e territoriais específicas que buscam atuar diante da crise, na sua antecipação, senão na sua prevenção. E nesta linha, os pesquisadores que participarão do festival irão analisar a forma como os indivíduos, grupos e organizações, sobretudo políticas, antecipam a emergência, centrando-se, por exemplo, na produção de planos de prevenção.
Um importante questionamento da sociedade é: como antecipar e se preparar para uma multiplicidade de emergências? Esta indagação ganha evidência por conta da combinação do regime climático contemporâneo, do retorno de guerras de alta intensidade que podem gerar múltiplas formas de precariedade que representam uma grande mudança por vir. Assim, pensar nas emergências significa, portanto, antes de mais nada, questionar nossa capacidade de prever e imaginar as que estão por vir.
A tese central é a de que uma geografia das emergências centrar-se-á então nas capacidades adaptativas, a várias escalas, a começar pela escala do indivíduo. Em situação de emergência, os indivíduos são submetidos a tais constrangimentos e tensões que muitas vezes perdem a capacidade de tornar inteligível o que está acontecendo.
Daí a importância que pode ter o interesse por estes momentos de emergência, muitas vezes pontuais, que envolvem reconfigurações da relação do indivíduo com o tempo e, claro, com o espaço.

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