Esperteza demais

Publicado em 01 de julho de 2012
Por Jornal Do Dia
Os irmãos Amorim deram na semana passada mais uma demonstração da maneira oportunista de como o grupo faz política. Sem um quadro próprio com densidade eleitoral em Aracaju, os donos da federação de partidos que integra o grupo passaram todo o primeiro semestre estimulando a candidatura do deputado estadual Zeca da Silva (PSC), às vésperas das convenções lançaram um balão de ensaio que foi o deputado estadual Venâncio Fonseca (PP), enquanto negociavam abertamente o apoio ao deputado federal Almeida Lima (PPS) e imploravam nos bastidores por um sim do ex-governador João Alves Filho (DEM).
Até o fechamento desta coluna ainda não havia uma definição, já que as convenções partidárias só seriam encerradas no início da noite de ontem, mas qualquer que tenha sido o desfecho deixa mais claro do que nunca o objetivo dos Amorim: a conquista do poder, independente dos meios a serem utilizados.
Muito antes do rompimento com o governador Marcelo Déda, em fevereiro deste ano, os irmãos Amorim já flertavam abertamente com João Alves Filho em função dos bons índices que ele já exibia nas pesquisas eleitorais para a Prefeitura de Aracaju. Uma aliança ainda não havia sido costurada em função da oposição aberta do deputado federal Mendonça Prado (DEM), que se transformou em inimigo – e não adversário – principalmente de Edvan Amorim. Sempre que tem oportunidade, Mendonça ataca com virulência a família Amorim, questiona o seu patrimônio e insinua irregularidades praticadas por ele no último governo João Alves (2003/2006). Mesmo irritado, Edvan parece não ter respostas e limita-se a dizer que não responde a "subalternos", como se João fosse o único do DEM que merecesse satisfação.
Em 2010, quando fez a opção em integrar a coligação do governador Marcelo Déda e garantir a eleição de Eduardo para o Senado, os Amorim estavam apenas preparando terreno para o objetivo maior do grupo, que é tomar o poder no Estado e restabelecer a política de compadrio e desrespeito às instituições, nas eleições de 2014. Antes mesmo de assumir o seu mandato de senador, Eduardo já estava pelo interior em campanha aberta para governador, num completo desrespeito aos aliados.
A forma truculenta como o grupo estimulou a presidente da Assembleia Legislativa, deputada Angélica Guimarães (PSC), a antecipar em 12 meses a eleição da nova mesa diretora da AL, serviu como advertência de que eles pretendiam mesmo era tutelar o governador Marcelo Déda, impondo dificuldades para administrar. Déda reagiu e a forjada aliança foi desfeita.
O empresário Antonio Carlos Franco, irmão do ex-governador Albano Franco, costumava dizer que apoiar um candidato a prefeito não significava assegurar apoio para as eleições estaduais dois anos depois, garantia apenas o "direito à preferência" de negociar um acordo. Não é assim que os Amorim atuam. Eles simplesmente estão impondo aos candidatos a prefeito que terão apoio do grupo que se comprometam desde já com a candidatura de Eduardo ao governo do Estado em 2014. Até políticos bem avaliados, como o prefeito de Canindé do São Francisco, Orlandinho Andrade, estão sendo obrigados a isso. Evidente que, como dizia ACF, ninguém sabe o que vai acontecer nos próximos dois anos.
Os Amorim estão indo ao pote com sede demais, agindo como se já tivessem um governo paralelo e representassem o futuro. Para um grupo que se diz tão hábil, parece ser um grande erro a antecipação do futuro. Dois anos não são dois meses ou dois dias como eles estão calculando.