Quinta, 28 De Março De 2024
       
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Mundo Livre agita baile Tropical


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Publicado em 04 de julho de 2012
Por Jornal Do Dia


A música mais pra cima dos quatro cantos do mundo

Rian Santos
[email protected]

Num mundo mais justo, Fred Zero Quatro, frontman da banda Mundo Livre SA, seria meu brother e a entrevista reproduzida abaixo teria ocorrido na beira do mangue, com umas brejas molhando as palavras e o rumor dos carros que adoecem a capital sergipana ao fundo. No entanto, o arremedo de jornalismo que ilustra essa página foi mediado por outro Fred, xará do músico, que promove mais uma edição do Baile Tropical e aproxima a produção musical da terrinha com o que existe de mais pra cima nos quatro cantos do mundo.

O Mundo Livre AS, principal atração da festa, é um velho conhecido das nossas radiolas. Mesmo com 25 anos de estrada, a banda continua reconfigurando o passado e investindo no desenvolvimento de uma estética musical singular. Essa perspectiva histórica é uma marca indissociável da época em que o vocalista Fred Zero Quatro, mancomunado com um tal de Chico Science, ajudou a redigir o manifesto ‘Caranguejos com Cérebro’, que deu início Movimento Mangue Beat. Impossível não mencionaro movimento.

História da música brasileira à parte, o Mundo Livre SA chega a Aracaju para lançar o seu trabalho mais recente: o ‘Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa’. Com gravação independente, o álbum foi lançado nacionalmente em 2011 pela Coqueiro Verde e marca uma nova (nova) fase da Mundo Livre S/A.

Jornal do Dia – É curioso notar que a maior pretensão da banda, co-responsável por um movimento tão consistente quanto o mangue, seja o de fazer o corpo do pessoal chacoalhar.

Zero Quatro – Desde o primeiro disco, chacoalhar e pensar. No primeiro tinha os balanços Cidade Estuário, O Rapaz do B… Preto, Manguebit, etc. No segundo tinha Militando Na Contrainformação, e por aí vai. E o que dizer de Embustation, faixa do Manuela Rosário. Acho que atingimos o grau máximo deste conceito na faixa de encerramento do Novas Lendas…Tua Carne Black Label é puro chacoalhar e pensar.

JD – A cena de Hell Cife (como gosta o jornalista Xico Sá) é uma referência obrigatória pra todo mundo que transpira pra mostrar o próprio trabalho sem o apoio de uma multinacional. Além dos círculos criativos, a cidade é mesmo esse oásis artístico que a gente idealiza? As demais engrenagens da cadeia cultural, a exemplo dos meios de comunicação, funcionam a contento?

Zero Quatro – Os meios de comunicação de massa locais são o nosso pior gargalo. Não toca quase nada que preste nas rádios e tvs. A coisa só não é pior por causa do grande incentivo do poder público, abrindo espaço em todos os eventos e palcos municipais e estaduais.

JD – Falando na produção artística pernambucana, como se deu a aproximação com o artista plástico Derlon Almeida? A concepção visual de NLETB é coisa fina!

Zero Quatro – Eu já acompanhava e admirava o trabalho dele nos muros e paredes da cidade. Mas não conhecia pessoalmente. O Rafael, da Zeroneutro, me levou na casa dele, e eu chapei. A identificação foi imediata!
JD – O que NLETB diz a respeito do em que estágio a banda se encontra? Me parece que, apesar do disco continuar obediente às premissas evidentes na discografia da Mundo Livre, há agora uma ambição de maturidade. Do ponto de vista estritamente musical, os últimos 25 anos foram generosos com vocês?

Zero Quatro – Acho que hoje eu sou um compositor muito mais completo. E a banda, com novos integrantes, tem oxigenado de forma muito positiva a sua linguagem. Acho que esse é o nosso melhor trabalho, em termos de composição, e isso se refletiu no resultado que colhemos, pela primeira vez, no Prêmio da Música Brasileira.

JD – Essa não é a primeira vez que a Mundo Livre/SA visita Sergipe. Nessas idas e vindas, deu pra conhecer um pouco de nossa cena? Qual a impressão que nossas bandas e público deixaram em vocês?

Zero Quatro – Acompanhei o início da Lacertae e gostava muito. Mas perdi o contato. Ouvi falar do The Baggios, Snooze, Plático Lunar, etc. Acho que a troca de informações entre as bandas nordestinas ainda é precária, apesar da internet. A própria cadeia produtiva, totalmente desconstruída, dificulta esse intercâmbio. Quanto ao público, temos notado um interesse cada vez maior no nosso trabalho, aqui na Região. Mas lembro que das últimas vezes que  pisamos em Aracaju, a nossa penetração era muito restrita ao circuito underground. Talvez esse prêmio, pela dimensão nacional, ajude a esquentar a demanda. De qualquer forma, nossa expectativa é positiva, pois no geral o público nordestino tem se mostrado tão ou mais antenado quanto qualquer outro do Brasil.

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