Sexta, 26 De Abril De 2024
       
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Os quadros feridos de Adriana Varejão


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Publicado em 13 de maio de 2019
Por Jornal Do Dia


'Mapa de Lopo Homem II': a ideia visível a olho nu

 

Rian Santos
Último fim de sema-
na, eu visitei Salva
dor com a pretensão secreta de escrever um artigo definitivo sobre o trabalho de Adriana Varejão. Bobagem minha. A respeito dos grandes, já disseram tudo. Com um pouco de sorte e outro tanto de empenho, os espíritos sensíveis na periferia do mundo podem, quando muito, confrontar as próprias impressões com o pensamento gerado em primeira mão, antes de o deglutir, lambendo os beiços. Eis o que faço aqui.
A mesa posta no Museu de Arte Moderna da Bahia oferece um  verdadeiro banquete. ‘Por uma retórica canibal’ conta com a curadoria impecável de Luisa Duarte, orientada pela intenção revisionista nítida na obra da artista. Não há uma única vírgula a acrescentar aos textos explicativos do catálogo, didáticos e precisos. Está tudo lá, preto no branco, sem a menor afetação beletrista, todos os pingos nos is. 
Os quadros feridos de Varejão são um assombro. Discursos batidos sobre colonização, o corpo da tela, violência, erotismo e miscigenação ganham neles representação palpável. Na quase matéria de um globo primitivo, rasgado de alto a baixo, com as entranhas abertas, por exemplo, a sugestão de cortes e suturas históricas é realizada por meio de um dado encarnado, um talho sangrento, que extrapola a superfície impassível do objeto, pronunciado, profundo, a ideia visível a olho nu.
A tentação é de observar com o tato, futucar a ferida, sentir com a ponta dos dedos. Quando os quadros sangram de maneira tão extraordinária, a sua alma vibra e emana. Exalasse o podres das tripas expostas, ninguém duvidaria de bruxaria na baía de todos os santos. Perigava até a artista alimentar uma fogueira, provando que a vida imita a arte, em pleno pelourinho. 
‘Adriana Varejão – por uma retórica canibal’ permanece aberta a visitação no Museu de Arte Moderna da Bahia até o dia 15 de junho, com entrada franca. A dica também é de graça.

Último fim de sema- na, eu visitei Salva dor com a pretensão secreta de escrever um artigo definitivo sobre o trabalho de Adriana Varejão. Bobagem minha. A respeito dos grandes, já disseram tudo. Com um pouco de sorte e outro tanto de empenho, os espíritos sensíveis na periferia do mundo podem, quando muito, confrontar as próprias impressões com o pensamento gerado em primeira mão, antes de o deglutir, lambendo os beiços. Eis o que faço aqui.
A mesa posta no Museu de Arte Moderna da Bahia oferece um  verdadeiro banquete. ‘Por uma retórica canibal’ conta com a curadoria impecável de Luisa Duarte, orientada pela intenção revisionista nítida na obra da artista. Não há uma única vírgula a acrescentar aos textos explicativos do catálogo, didáticos e precisos. Está tudo lá, preto no branco, sem a menor afetação beletrista, todos os pingos nos is. 
Os quadros feridos de Varejão são um assombro. Discursos batidos sobre colonização, o corpo da tela, violência, erotismo e miscigenação ganham neles representação palpável. Na quase matéria de um globo primitivo, rasgado de alto a baixo, com as entranhas abertas, por exemplo, a sugestão de cortes e suturas históricas é realizada por meio de um dado encarnado, um talho sangrento, que extrapola a superfície impassível do objeto, pronunciado, profundo, a ideia visível a olho nu.
A tentação é de observar com o tato, futucar a ferida, sentir com a ponta dos dedos. Quando os quadros sangram de maneira tão extraordinária, a sua alma vibra e emana. Exalasse o podres das tripas expostas, ninguém duvidaria de bruxaria na baía de todos os santos. Perigava até a artista alimentar uma fogueira, provando que a vida imita a arte, em pleno pelourinho. 

‘Adriana Varejão –
por uma retórica canibal’ permanece aberta a visitação no Museu de Arte Moderna da Bahia até o dia 15 de junho, com entrada franca. A dica também é de graça.

 

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