Governo admite que pode adotar lockdown em algumas cidades
Publicado em 07 de julho de 2020
Por Jornal Do Dia
Diante dos dados e pesquisas mais recentes, que apontaram uma disparada no número de casos de coronavirus em algumas cidades do interior do estado, o governador Belivaldo Chagas não descarta a possibilidade de suspender o Plano de Retomada Econômica que entrou em vigor no mês passado. Ontem, em entrevista à rádio Fan FM, Belivaldo disse que Itabaiana (Agreste) é atualmente a cidade que mais desperta a preocupação das autoridades e especialistas em saúde, por ser a terceira cidade com maior concentração de pacientes infectados. Ela já contabiliza 1.479 pessoas com diagnóstico positivo para doença.
Questionado sobre a possibilidade de lockdown no estado, o governador não descartou a alternativa. "Nós não tivemos até o momento, dentro das análises que são feitas, a garantia do lockdown, mas nada está descartado. Passamos o dia todo ouvindo técnicos e cientistas, observando os relatórios e continuaremos seguindo os dados técnicos e científicos para qualquer decisão", disse, enfatizando preocupação a mais com relação ao município serrano.
"Temos um plano de retomada da economia que está em andamento, que pode avançar ou continuar, não há nada garantido, se chegarmos a 90% de ocupação dos leitos, começo a fechar, quando perder a perspectiva de abertura de leito, começarei a recuar. Já estou, por exemplo, com um olhar diferenciado para Itabaiana. Se as autoridades de Itabaiana não tomarem uma providência, Itabaiana teve ontem mais de 1400 casos e um isolamento de 36%, muito abaixo do adequado. Se fosse para ter lockdown, hoje, só seria em alguns municípios, nao no estado todo, mas Itabaiana seria um desses, porque o município está perdendo o controle", explanou.
Ainda segundo Belivaldo, nesta semana Itabaiana pode entrar na lista de municípios com limitações a mais para o funcionamento das atividades econômicas, assim como já ocorre com a região metropolitana, Aracaju, Barra dos Coqueiros, São Cristóvão e Nossa Senhora do Socorro. "O município de Itabaiana terá um estudo separado no decorrer dessa semana, com a possibilidade de fechamento de atividades", concluiu.
O possível fechamento de algumas atividades já liberadas deve ser decidido já nesta sexta-feira. "As informações que recebo no dia a dia são mais que suficientes para dizer que não há nenhum motivo para que a gente faça reunião amanhã para anunciar qualquer coisa. Se necessário for, faremos uma reunião na sexta-feira, para discutir a possibilidade de fechamento de algumas atividades. Portanto, reunião agora, como anunciei anteriormente, só nos dias 13 e 14. Vou continuar analisando os números até essa quarta e quinta feira e se houver necessidade, a gente faz uma reunião para anunciar o que vai fechar e não mais abrir", explicou Belivaldo, atribuindo o possível recuo à "falta de colaboração da população" no cumprimento das medidas de isolamento e distanciamento social.
O governador destacou ainda que, nesta semana, o Estado deve abrir mais 18 novos leitos de UTI, sendo dez no Hospital Universitário de Lagarto e oito no Hospital Regional de Estância. Nas próximas semanas, ainda é prevista a abertura de novos leitos de UTI no Hospital de Cirurgia (10 leitos), Hospital de Nossa Senhora da Glória (10 leitos) e na Hildete Falcão (7 leitos de UTI). No sábado (04), o governo ampliou, também, o número de leitos de UTI exclusivos para pacientes com a Covid-19 no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), que chegou a 50.
"Se tudo correr bem e a gente conseguir abrir esses 18 leitos até esta quinta-feira, quero crer, que poderemos continuar como está com relação ao funcionamento do comércio. Caso contrário, poderemos anunciar o fechamento de alguns setores, porque realmente não está havendo colaboração, as pessoas estão indo para ruas como se nada estivesse acontecendo e muitos não estão nem usando máscara. O Estado está fazendo sua parte, mas há limites. O Governo do Estado, a Secretaria de Estado tem se dedicado, diariamente, e já abrimos leitos muito além do previsto inicialmente, mas a dificuldade é grande. Podemos chegar a 233 leitos de UTI só para tratamento de coronavírus, quando nossa meta anterior era 211, mas trabalhamos muito para ampliar, porém não tem sido fácil. No primeiro momento, havia a dificuldade com a aquisição dos respiradores. Hoje, a dificuldade se amplia para a falta de medicamentos no mundo e, em especial, para a falta de profissionais que trabalham em UTI", reforçou.