GRUPO SÍLVIO ROMERO – DO TOMBAMENTO AO DESCADO, UMA NOVELA SEM FIM E SEM FINAL FELIZ (parte 3)
Publicado em 07 de fevereiro de 2021
Por Jornal Do Dia
Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos
Instalada no dia 19 de abril de 2013, a Academia Lagartense de Letras passou a ser uma das poucas e talvez únicas esperanças de reativação das atividades culturais do antigo Grupo Escolar Sílvio Romero, cujo prédio se encontra em total estado de abandonos e quase ruínas há pelo menos duas décadas. A esperança, hoje, está faltando pouco para virar uma quimera, frente às inúmeras promessas não cumpridas pelos agentes políticos e pelos poderes públicos.
No dia 15 de junho de 2016, uma representação da Academia Lagartense de Letras, capitaneada por seu presidente, o bacharel Paulo Andrade Prata, foi recebida em audiência pelo Governador Jackson Barreto. Na ocasião, foi solicitado ao Governador a desapropriação de uma casa na antiga rua de Estância, em Lagarto, que foi uma das moradias de Sílvio Romero na infância. O lugar conserva até hoje as características da época de construção, 1820.
Para a surpresa do grupo, além de se comprometer com esse pedido da ALL (que não vingou por óbice dos herdeiros e também pelo impasse imposto pelo Conselho Estadual de Cultura), Jackson Barreto apresentou a proposta de ser o Grupo Sílvio Romero a sede do Sodalício lagartense. À época, o prédio, que havia sido cedido à Prefeitura de Lagarto, na administração de Lila Fraga, foi devolvido ao Governo e se encontrava sem nenhuma utilidade e já em estado de abandono e de invasão por moradores de rua e usuários de drogas. Com o tempo, também virou criatório de gatos.
Os imortais lagartenses saíram daquela reunião entusiasmados, mas o que se seguiu não foi animador. Entre idas e vindas, excessos de burocracia, discursos eleitorais e vazios, promessas não cumpridas, descaso, desatenção e uma infinidade de outras situações que em parte desanimavam os envolvidos e os constrange. Por outro lado, a sociedade criava expectativas e até mesmo responsabilizada a ALL pela morosidade na resolução do problema, quando se sabe que cabia e sempre coube ao Governo de Sergipe a atenção e o empenho necessários.
Nesse ínterim, o estado do prédio só piorava. Parte de seu telhado desabou, sobretudo depois de um princípio de um incêndio, o assoalho está severamente prejudicado, algumas paredes em escombros, o mato tomando conta e o vandalismo provocando diversos outros estragos estruturais. Um quadro desolador, denunciado pela imprensa, por escolas em projetos pedagógicos, e por vários setores da sociedade lagartense e sergipana.
O deputado Fábio Reis chegou a disponibilizar uma emenda parlamentar no valor de R$ 500.000,00, que por falta de uso, retornou. Em uma de suas primeiras visitadas a Lagarto, no Rotary Clube, o Senador Alessandro Vieira se comprometeu a fazer alguma coisa, mas nada de concreto até a presente data. Jackson e Belivaldo já tiveram no local e o último, em emissora de rádio, com a presença de alguns membros da ALL, chegou a garantir a resolução do problema.
A situação chamou a atenção do Ministério Público do Estado de Sergipe, que em maio de 2014 abriu uma ação civil, por iniciativa do promotor de Justiça, Antônio César Leite de Carvalho. Segundo consta, o Governo de Sergipe foi condenado, mas até a presente data a única notícia alvissareira que se tem sobre o destino do prédio é a elaboração de um projeto de reforma, assinado pela arquiteta Ana Libório. E nada mais do que isso!
No último pleito municipal, todos os candidatos a Prefeito de Lagarto e os deputados federais Gustinho Ribeiro e Fábio Reis se comprometeram a ajudar a Academia Lagartense de Letras nessa labuta para conseguir andamento e celeridade na reforma do Grupo Sílvio Romero, além de garantir verbas para o intento.
Porém, de nada adiantará isto se o Governo de Sergipe não cumprir, finalmente, com sua parte e com sua obrigação. Do contrário, as cenas dos próximos capítulos dessa novela não serão felizes e poderemos ver desaparecer da paisagem urbana de Lagarto, como já aconteceu com outros imóveis de valor histórico, um de seus mais especiais e representativos espaços de cultura e de memória da cidade e dos sergipanos, também.