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Há um novo paradigma na luta de classes


Publicado em 20 de fevereiro de 2025
Por Jornal Do Dia Se


* Rômulo Rodrigues

O Brasil atravessava a 1ª década de uma sangrenta ditadura militar quando numa eleição para o senado federal tida como tranquila para os ditadores, torturadores e assaltantes do patrimônio público, única para cargos majoritários de relevância, o povo deu um cavalo de pau.
De repente, do silêncio fez-se o barulho; o MDB elegeu 16 das 22 vagas para senador e 161 das 364 cadeiras para a câmara dos deputados.
Estava ali um novo paradigma da luta de classes? Não, nem de longe. O verdadeiro paradigma, que queimava por baixo como fogo de monturo, começou a dar sinais de vida 3 anos depois quando greves operárias começaram a eclodir país afora reivindicando o percentual roubado dos salários pelo ministro Delfin Neto no seu milagre brasileiro de fazer crescer o bolo, para depois repartir; com os empresários, é claro.
E foi ai que o paradigma real da luta de classes que estava contido no chão das fábricas, explodiu com muita força e unidade.
A burguesia que vinha surfando na sua onda favorita da repressão desenfreada demorou a entender que aquela passividade das massas, não era cordialidade, era medo da repressão, de prisões e da tortura.
A saída da década do medo para a ofensiva de organização sindical, que demarcou o declínio da ditadura militar foi o que fez a burguesia reagir com algumas concessões para que a panela de pressão não explodisse.
Foi quando perceberam que o corpo sólido da massa operária estava saindo do estágio de classe em si, para classe para si, com um elevado grau de consciência de classe.
A massa operária ganhava consciência e unidade na luta com velocidade e aceleração constante e difícil de ser contida e os resultados mais nítidos da elevação da conscientização logo se fez presente na materialização de construir uma Central Única dos Trabalhadores, sem tutela do Estado e autônoma em relação aos partidos políticos.
Mas, ao constatar que a pluralidade das estratégias e táticas da luta sindical e economicista se limitavam aos avanços e a conquistas em acordos coletivos de trabalho, as vanguardas concluíram que a disputa maior exigia a criação de uma ferramenta mais forte, com capacidade de resistência e resiliência para enfrentar o poder do estado burguês e as manobras de enganação dos donos do capital.
Foi daí que no 1º de maio de 1979, no Estádio da Vila Euclides em São Bernardo dos Campos, dezenas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras deram o 1º grito para a criação do seu partido. E, como na gestação de uma criança nove meses depois, em 10 de fevereiro de 1980, foi criado o Partido dos Trabalhadores.
Aquele levante da massa operária de 1974 durou 20 anos até que um pacto entre as diversas facções da burguesia achatou em 275% os salários, num Plano chamado Real para conter o dragão inflacionário e nocautear as organizações sindicais, esvaziar o chão das fábricas, com o neoliberalismo destruindo o patrimônio público pelo governo FHC.
Mas, como a roda da história só roda para frente surge na vacância das lutas operárias o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, MST, que através das ocupações de latifúndios improdutivo transporta o paradigma do chão da fábrica para o chão da terra. Mesmo assim, na união do campo com a cidade a classe trabalhadora retoma seu protagonismo e leva o PT a vencer 4 eleições presidenciais seguidas vindo a sofrer um golpe de estado no meio do seu 4ª mandato presidencial.
Nesse período de retomada até o refluxo, desponta um novo paradigma com o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, MTST, trazendo o epicentro das lutas para os centros urbanos e abrindo espaço para o surgimento das pautas segmentadas, sem identificação de classe.
Com a vitória de Lula para seu 3º governo começa o caminho de volta para o chão de fábrica com o crescimento de 3,5% na indústria brasileira em 2024, sendo o dobro do crescimento mundial, que aponta nessa direção, com papel cada vez mais importante da luta pela Reforma Agrária e ocupação do solo urbano, o Brasil que voltou, veio para valer e ser umas das maiores nações do século 21.
Entretanto, é importante que com as denúncias feitas pela Procuradoria Geral da República ao Supremo Tribunal Federal contra o grande grupo de criminosos, traidores da pátria, que se encastelou no poder com a ascensão do fascismo pela vitória eleitoral de 2018, que a sociedade civil organizada fique atenta com a manchete do Portal G1 do jornal o Globo que mostrou sua cara golpista: “PGR aponta crimes e descreve plano autoritário do ex-presidente”. Entenderam que não houve tentativa de golpe?

* Rômulo Rodrigues, sindicalista aposentado, é militante político

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