Heitor Mendonça no CCBNB
Publicado em 25 de setembro de 2020
Por Jornal Do Dia
Os Centros Culturais Banco do Nordeste abriram a quarta semana de programação integrada e visual. O calendário prossegue até sábado, 26, com eventos que contemplam as linguagens de artes cênicas, artes visuais, música e atividades infantis, realizadas por meio do canal Centro Cultural Banco do Nordeste no Youtube.
O cantor e compositor Heitor Mendonça se apresenta hoje, a partir das 16 horas. O show autoral ‘Um banquinho, um violão, várias canções’ foi concebido para o momento da quarentena, gravado em casa com equipamento próprio, de acordo com as recomendações sanitárias.
Realizada semanalmente, sempre de quarta-feira a sábado, a programação reúne grupos e artistas individuais dos nove estados do Nordeste e do norte de Minas Gerais, nas modalidades Performance artística e Formação. Todos os eventos são gratuitos, têm classificação livre e reúnem, em todas suas etapas, 120 projetos selecionados via edital de chamada pública.
Heitor Mendonça (2013) – Os confetes jogados pelas colunas assinadas no Bar do Camilo assanharam os desconfiados, mas a viola de Heitor Mendonça foi mais eloquente do que as pulgas aquarteladas atrás das orelhas. Nas treze canções reunidas sob o pretexto de seu primeiro disco, o retrato de um artista decidido à posse de uma herança sem tamanho. Uma coroa de cartolina e uma puta responsabilidade.
Menino de apartamento, criado no cativeiro felpudo de tapetes e almofadas, eu esperava torcer o nariz para um sertão impossível nas esquinas da Barão de Maruim. Caí do cavalo. O trabalho de Heitor não nega os seus. Antes, faz questão de aproximar a tradição musical na qual ele foi educado do universo urbano de nossos dias.
Aqui, o seu maior trunfo. Apesar de lançar mãos de símbolos incrustados no solo árido do imaginário nordestino, Heitor não se negou ao diálogo necessário com os temas do individualismo contemporâneo. ‘Pedra dos raios’, faixa que abre o disco, faz mais do que afirmar as pretensões realizadoras do músico. Ao falar de si mesmo, o compositor ultrapassa a geografia tão cara aos círculos de violeiros para falar ao coração de toda a gente.