Domingo, 19 De Janeiro De 2025
       
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"Homem branco não entende índio"


Publicado em 18 de abril de 2018
Por Jornal Do Dia


Entre dois extremos

 

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
A intensidade da cor, 
o rigor formal e um 
sentido muito aparente de composição poderiam induzir o observador desavisado a apostar no equívoco. Embora as questões inerentes à visualidade não sejam nunca negligenciadas pela fotógrafa Moema Costa, é na preocupação de ordem humanística, contudo, que se encontra a verdadeira potência e razão primeira do seu trabalho. ‘Tempos índios’, um relato imagético amparado pela vivência entre os Kaiapó, por exemplo, impressiona pela beleza. As imagens capturadas mata a dentro, entretanto, não deixam de problematizar o imaginário construído sobre a realidade dos povos da floresta.
"Homem branco não entende índio". Moema garante. E as descobertas realizadas em apenas uma semana de convivência com os índios Kayapó, no município de Alto Paraíso (GO), servem de argumento. "Descobri que Kayapó não gosta de ser chamado de "Kayapó", porque "Kayapó" é nome cunhado por antropólogo "homem branco" e significa "cara de macaco". Mas principalmente porque os Kayapó, na verdade, se sentem "Mebengokré", que quer dizer "Povo das Águas". 
E por aí vai: "Durante uma semana, vi índio fugindo de foto pra não ter a alma "capturada", vi índio passando frio, "curumim" bebendo Pepsi, chupando pirulito e comendo Cheetos. Ví índio grande pedindo biscoito recheado pra matar a fome porque é "mais gostoso" que maçã e banana. Vi homem branco abraçando índio e adentrando a área central do ritual pra garantir a melhor foto e postar nas redes sociais…".
A série ‘Tempos índios’ percebe, portanto, uma espécie de estado primordial. Há os valores fundamentais de uma cultura essencialmente estranha ao universo urbano e globalizado da experiência contemporânea. E há também, e talvez mais importante, a contaminação da pureza imaginada. Do alto do próprio deslumbramento, entre os dois extremos, entretanto, Moema mira o intervalo genuíno da própria verdade.
Hoje, Dia do Índio, eu me impressiono de novo com as fotografias de Moema, agora na parede da minha sala, e penso comigo mesmo, respondendo à música da Xuxa: Brincar de índio uma ova!

A intensidade da cor,  o rigor formal e um  sentido muito aparente de composição poderiam induzir o observador desavisado a apostar no equívoco. Embora as questões inerentes à visualidade não sejam nunca negligenciadas pela fotógrafa Moema Costa, é na preocupação de ordem humanística, contudo, que se encontra a verdadeira potência e razão primeira do seu trabalho. ‘Tempos índios’, um relato imagético amparado pela vivência entre os Kaiapó, por exemplo, impressiona pela beleza. As imagens capturadas mata a dentro, entretanto, não deixam de problematizar o imaginário construído sobre a realidade dos povos da floresta.
"Homem branco não entende índio". Moema garante. E as descobertas realizadas em apenas uma semana de convivência com os índios Kayapó, no município de Alto Paraíso (GO), servem de argumento. "Descobri que Kayapó não gosta de ser chamado de "Kayapó", porque "Kayapó" é nome cunhado por antropólogo "homem branco" e significa "cara de macaco". Mas principalmente porque os Kayapó, na verdade, se sentem "Mebengokré", que quer dizer "Povo das Águas". 
E por aí vai: "Durante uma semana, vi índio fugindo de foto pra não ter a alma "capturada", vi índio passando frio, "curumim" bebendo Pepsi, chupando pirulito e comendo Cheetos. Ví índio grande pedindo biscoito recheado pra matar a fome porque é "mais gostoso" que maçã e banana. Vi homem branco abraçando índio e adentrando a área central do ritual pra garantir a melhor foto e postar nas redes sociais…".
A série ‘Tempos índios’ percebe, portanto, uma espécie de estado primordial. Há os valores fundamentais de uma cultura essencialmente estranha ao universo urbano e globalizado da experiência contemporânea. E há também, e talvez mais importante, a contaminação da pureza imaginada. Do alto do próprio deslumbramento, entre os dois extremos, entretanto, Moema mira o intervalo genuíno da própria verdade.
Hoje, Dia do Índio, eu me impressiono de novo com as fotografias de Moema, agora na parede da minha sala, e penso comigo mesmo, respondendo à música da Xuxa: Brincar de índio uma ova!

 

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