O homem à frente da Funcap (Divulgação)
Homenagem precoce
Publicado em 06 de novembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
O Conselho Estadual de Cultura resolveu homenagear Gustavo Paixão, o homem à frente da Fundação de Cultura e Arte Aperipê, com o diploma Epiphanio Dória. A julgar por este pedaço de papel, o presidente da Funcap já fez tanto pela sensibilidade Serigy quanto Joubert Moraes, Fabio Sampaio ou Saulo Ferreira.
Gustavo Paixão assumiu a Funcap um dia desses, quando a cantora Amorosa resolveu se lançar em uma aventura eleitoral, candidata a uma vaga na Câmara de Vereadores de Aracaju. O sujeito mal sentou na cadeira. Assim, bajulação tão precoce nada faz além de realçar o pendor estamental e burocrático do Conselho Estadual de Cultura.
Precipitada, a homenagem estendida a Gustavo Paixão chega em má hora. Talvez, um futuro improvável, ele supere as expectativas mais justas e faça por merecer o reconhecimento dos artistas em atividade na aldeia, os aplausos do prezado público. Até lá, no entanto, subordinado ao homem abadá, ele será apenas mais um servidor frustrado, constrangido a tomar parte em micaretas sem alegria.
Puxo pela memória, desde quando a Cultura perdeu o status meramente administrativo de uma secretaria estadual, fiado nos nomes e perfis dos gestores encarregados de cuidar da sensibilidade nativa. João Augusto Gama, Irineu Fontes, Conceição Vieira, a própria Amorosa, todos estiveram sinceramente empenhados em fazer vibrar o tambor Serigy, o mais alto possível. Sem poder de fato, entretanto, todos deram com os burros n’água.
Assim como o menino é pai do homem, este está sempre atado aos próprios atos. Ao aceitar a coroa de cartolina oferecida pelo Conselho Estadual de Cultura, assim tão cedo, Gustavo Paixão encena o triste papel figurativo que lhe cabe.