Hospital da Criança tem problemas na escala médica e Centro Cirúrgico

Vistoria do MPSE aponta problemas no Hospital da Criança

Gabriel Damásio

Duas promotoras do Ministério Público Estadual de Sergipe (MPSE) fizeram ontem uma vistoria no Hospital da Criança, instalado pelo governo do estado na antiga Maternidade Hildete Falcão Baptista, no bairro José Conrado de Araújo (zona oeste). Inaugurado no dia 25 de outubro, mas com previsão de funcionamento a partir do 05 de novembro, o Hospital apresenta várias deficiências que podem comprometer o atendimento à população, de acordo com um relatório do Conselho Regional de Medicina do Estado de Sergipe (Cremese), apresentado ao MPSE.
O Cremese fez uma vistoria no dia 12 de novembro para verificar as condições de atendimento e a escala médica. De acordo com a fiscalização, foram constatados problemas como desfalque na escala médica da estabilização e das equipes de ultrassonografia, otorrinolaringologia, oftalmologia, infectologia. Também foram apontadas falta de condições de operação do centro cirúrgico, de medicamentos para anestesia e de equipamentos nas duas salas de cirurgia e a sala de recuperação pós-anestésica. Ainda segundo o conselho, o atendimento da urgência estava prejudicado no momento da vistoria, por haver apenas dois plantonistas, e havia uma fila de espera de 60 pacientes, com ficha de 13 horas aguardando atendimento.
“Apesar da excelente estrutura física e da possibilidade de oferecer uma condição adequada para atendimento da criança e do adolescente, a unidade enfrenta um grave problema em relação a desfalques nas escalas médicas. A situação narrada pelo Cremese persiste, ou seja, o Estado não tomou nenhuma providência para solucionar as irregularidades apontadas”, relataram as promotoras de Justiça Alessandra Pedral e Lilian Carvalho.
Amanhã, deve ocorrer uma audiência pública virtual com a Secretaria de Estado da Saúde (SES) e o Cremese. “O MPSE cobrará providências para que sejam regularizadas as escalas com desfalques e que seja agilizada a aquisição dos equipamentos e insumos necessários ao funcionamento do centro cirúrgico, uma vez que foram formadas equipes que não estão realizando cirurgias no local por falta de equipamentos e insumos essenciais”, explicaram as promotoras.

SES rebate – Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) disse estranhar as informações divulgadas pelo MPSE e informou que, no momento da visita, havia três médicos pediatras plantonistas fazendo o primeiro atendimento das crianças, anestesista e dois ortopedistas. Negou ainda haver problemas nos serviços de Raio X, Ultrasonografia e laboratório, e afirmou que não havia nenhuma criança na estabilização infantil.
“A escala médica da Unidade Hospitalar contempla o mínimo necessário para assistência aos pacientes. E conta com a retaguarda do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) no atendimento da criança que necessite de uma assistência maior complexidade.Em vigência desde o dia 23 de outubro, com ampla divulgação na imprensa, temos o Credenciamento Médico para ampliar a assistência na Unidade Hospitalar.Em 26 dias de inaugurado, o hospital já atendeu quase três mil crianças e é um marco fundamental na Rede de Atenção à Criança de Sergipe”, diz a nota.
Em relação ao Centro Cirúrgico, a Secretaria informa que está aguardando a chegada dos insumos para o início dos procedimentos.