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Incomodado com o ocaso, Belivaldo antecipa volta à política sergipana
Publicado em 04 de março de 2023
Por Jornal Do Dia Se
O ex-governador Belivaldo Chagas passou boa parte dos seus mandatos dizendo que pretendia se aposentar quando deixasse o cargo, e que iria se isolar na fazenda em Simão Dias. Na reta final mudou o discurso e passou a dizer que não estava afirmando que não iria mais disputar eleições, apenas que concluiria o governo.
Esta semana, dois meses depois da ‘aposentadoria’, Belivaldo já voltou a circular nos meios políticos e o governador Fábio Mitidieri (PSD) anunciou que o ex-governador vai assumir a presidência do diretório estadual do PSD, no final deste mês, durante um encontro com a presença do presidente nacional Gilberto Kassab. Terá o papel de articular candidaturas do partido nas eleições municipais do próximo ano.
O nome do próprio Belivaldo passou a circular entre aliados como opção na disputa pela prefeitura de Aracaju. Não há uma candidatura considerada natural, porque o prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) não pode mais disputar a reeleição. Ao assumir a presidência do PSD o ex-governador parece confirmar esse interesse.
Belivaldo assumiu o governo em abril de 2018 quando Jackson Barreto (MDB) se desincompatibilizou para disputar a eleição de senador. Durante a administração tampão, o governador manteve o mesmo ritmo de gastos do antecessor, sem qualquer preocupação com a economia do estado. A prioridade era garantir a reeleição, obtida com folga sobre Valadares Filho (PSD) no segundo turno. Entre a vitória e a posse do novo mandato não houve nenhuma mudança de rumo.
A partir de primeiro de janeiro, no entanto, houve uma transformação radical no modelo de administração. No discurso de posse na Assembleia Legislativa, Belivaldo alertou para o desafio de equilibrar as contas públicas e fomentar a economia no estado.
Belivaldo adotou um arrocho sem precedentes no estado, paralisou completamente a economia estadual, suspendeu obras, continuou atrasando os salários dos servidores. Com a epidemia de covid-19, o quadro piorou, mas a economia de recursos feita nesse período acabou favorecendo o governo.
O governador entrou no último ano de sua administração com os cofres abarrotados de dinheiro e muita disposição para gastar. Só com o programa Avança Sergipe autorizou investimentos orçados em R$ 2,3 bilhões. E continuou tomando empréstimos autorizados pela Assembleia Legislativa.
Em 2022 voltou a atenção também para o funcionalismo. Em fevereiro, o governador anunciou um reajuste de até 34,44% no salário dos servidores públicos da Administração Direta e Indireta, entre ativos e inativos. Também anunciou o pagamento do 14º salário para os trabalhadores da Educação Estadual, beneficiando cerca de 16 mil servidores.
No mesmo período, enviou para a Assembleia um projeto retirando a contribuição de 14% para todos os aposentados e pensionistas do Estado que ganham até o teto da previdência, cerca de R$ 7 mil. Essa contribuição foi criada por ele mesmo, em dezembro de 2019, com o aval dos atuais deputados, à exceção de Iran Barbosa (Psol), e transformou o SergipePrevidência num órgão superavitário à custa do sacrifício dos servidores aposentados.
Nos últimos dias de governo, Belivaldo não escondia o entusiasmo. “Cheguei para resolver e estou resolvendo, graças a Deus. Quando eu disse que estava chegando para resolver (slogan da campanha eleitoral de 2018) eu não disse que resolveria tudo, mas que resolveria muita coisa e estamos resolvendo, com toda sinceridade, a sensação é de dever cumprido. Chegar ao final de governo, depois de ter assistido em outros momentos, outros finais de governo, com tanta realização, com tanto momento de alegria, realmente é só para comemorar”, repetia em sucessivas entrevistas.
O homem que “chegou para resolver”, no entanto, não foi capaz de vencer as adversidades da economia e criar as oportunidades esperadas pelos trabalhadores sergipanos. O resultado vê-se em números, como os divulgados na última quarta-feira (1º) pelo IBGE, ainda referentes ao seu período de governo. Os estados com as maiores taxas de desocupação no 4º trimestre de 2022 foram: Bahia (13,5%), Amapá (13,3%), Pernambuco (12,3%) e Sergipe (11,9%).
Ao retornar à cena política num período tão curto após o encerramento de seu mandato, Belivaldo é mais um político que parece apostar no esquecimento da população. Passou três anos massacrando os servidores e a população guardando dinheiro para o último ano de mandato, mas encerrou seus governos com PIB negativo e milhares de sergipanos desempregados e na informalidade.