Início do ano apresenta segunda pior marca de novos casos de covid-19
Publicado em 10 de janeiro de 2021
Por Jornal Do Dia
Gabriel Damásio
Enquanto aguarda o início da vacinação contra o coronavírus, Sergipe já sente os efeitos da segunda onda da doença. Os oito primeiros dias do ano de 2021 já acumulam a segunda pior marca semanal de novos casos confirmados do Covid-19. Entre os dias 1º e 8 de janeiro, foram 7.757 pacientes com Covid-19. O acúmulo só é comparado ao total registrado na Semana Epidemiológica 30, entre os dias 19 e 25 de julho de 2020, pico da primeira onda, quando foram registrados 9.192 casos de coronavírus no Estado. Os dados são dos boletins epidemiológicos diários da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Um dos dados que mais chamaram a atenção foi o do boletim da quinta-feira (7), que teve o maior índice diário de novas contaminações desde o início da pandemia no Estado: 1.227 infectados. A marca mais baixa foi a do dia 2, sábado seguinte ao feriado de Ano Novo, quando houve o registro de 372 infecções. Desde então, os casos dispararam e, apesar de pequenas reduções ocorridas na quarta e na sexta, o número de casos ficou sempre acima dos 1 mil.
A quinta-feira também marcou a quebra da média diária de mortes por Covid-19 confirmadas. Até o dia 6, ela vinha se mantendo na média de oito óbitos, até que, no dia 7, subiu para 12 caiu para 10 no dia seguinte, o que fez fechar a semana com 70 pacientes falecidos. Isso corrobora com a projeção anunciada na última reunião do Comitê Técnico-Científico de Atividades Especiais (Ctcae), que vê a possibilidade de o mês de janeiro fechar com o total de 280 mortes causadas pela doença, se não houver nenhuma redução desta média até lá.
Os dados apurados apresentam ainda um crescimento no número de internações de pacientes com coronavírus em hospitais, em alas exclusivas. Em 1º de janeiro, 320 pessoas estavam internadas, sendo 165 em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 155 em enfermarias. Ao longo da semana, este total foi crescendo, sem reduções, e fechou a última sexta-feira com 365 internações, sendo 182 em UTIs e 183 em leitos clínicos.
A evolução foi quase a mesma nos dados de isolamento social, que é a situação dos pacientes que contraíram o coronavírus, mas ficam isolados em casa, com sintomas leves. Este total começou o ano com 10.773 pessoas, caiu para 9.139 no dia 5 e voltou a crescer até o dia 8, quando bateu a marca de 11.167, uma das mais altas desde o início da pandemia, em março do ano passado.
O crescimento dos casos de coronavírus em Sergipe, dentro da chamada "segunda onda", já era esperado pelos cientistas que acompanham a evolução dos casos. Em geral, eles atribuem estas situações ao comportamento de parte da população, que aproveitou as medidas de flexibilização da economia e relaxou nas práticas de prevenção contra a doença, principalmente no distanciamento social, no uso de máscaras e na higienização constante das mãos. Uma consequência disso foi aumento da taxa de disseminação do vírus, que segundo a Universidade Federal de Sergipe (UFS), já está em 1,11, o que significa que cada grupo de 100 pessoas infectadas com o coronavírus pode infectar outras 111.
Essa tendência já aparecia na Nota Técnica 16, publicada em 28 de dezembro de 2020 pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ela calculou "a proporção de notificações positivas (positividade)" dos testes de coronavírus em um determinado período no tempo. O estudo apontou que Sergipe é um dos estados que "apresentaram os picos de maior positividade, chegando a valores superiores a 75% de testes positivos, em geral, entre abril e julho de 2020", mesma situação de Acre, Alagoas, Amapá, Roraima e Pará. Roraima e Sergipe também "apresentam evidente tendência de crescimento, enquanto as demais UFs mostram tendência de manutenção, em muitos deles com a positividade alta".
A nota da Fiocruz diz ainda que "a alta positividade dos testes pode indicar um descontrole do processo epidêmico, quando o volume de testes é inadequado, ou a incapacidade de testagem, quando somente os casos mais graves são testados e consequentemente observa-se alta". E que "os testes, se aplicados de forma adequada e oportuna, podem identificar grupos populacionais e regiões prioritárias nos processos de relaxamento ou intensificação das medidas de isolamento social".