Invasores de edifício cobram auxílio-moradia

Por tempo indeterminado, mais de 600 pessoas seguem ocupando um prédio abandonado na Avenida Ivo do Prado, em Aracaju. De acordo com o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), esse grupo de moradores sem teto representam 200 famílias e estão ocupando o espaço – desabitado há mais de cinco anos -, desde a última sexta-feira, 27 de novembro. Denominada Ocupação "João Mulungu", a ação tem como objetivo protestar contra um possível descaso do poder público no que envolve a oferta de habitação popular, ou fornecimento de auxílio moradia. A coordenação nacional do MLB conversou com o JORNAL DO DIA e garantiu que até o início da tarde de ontem nenhuma solicitação foi atendida pela Prefeitura de Aracaju. 
 Entre os pedidos protocolados estavam a concessão de auxílio moradia para 100 famílias, e mais 100 auxílios emergenciais destinados com exclusividade aos ocupantes do imóvel. Alana Nascimento, coordenadora nacional do MLB, lamentou a presença de agentes da Polícia Militar do Estado de Sergipe (PM/SE), e da Guarda Municipal de Aracaju (GMA) nos entornos da ocupação. "Precisamos falar com o poder público, não com a polícia. Queremos que o cidadão sergipano se sensibilize com isso. Tem famílias aqui passando fome, ainda mais nesse momento de pandemia, com alta no preço de alimentos e grande taxa de desemprego. Todas as pessoas que estão lá não possuem casa própria. Eles moram em casas com outras duas ou três famílias e dividem um quarto com pelo menos cinco pessoas", protestou. 
Enquanto os pedidos direcionados à Prefeitura de Aracaju não são diretamente atendidos, as famílias seguem em posse do prédio, e aceitando doações como alimentos, cestas básicas, brinquedos, máscaras, produtos de higiene pessoal, fiação e canos para a manutenção da rede elétrica hidráulica do prédio. Esses mantimentos, em especial, podem ser entregues no local da ocupação, ou mesmo entrando em contato através dos números (79) 99142-3287 ou (79) 98866-8580. As famílias aceitam ainda produtos de limpeza em geral, lençol, colchão e roupas. Para o ocupante Thiago Bezerra, ao longo dos últimos anos as famílias têm se deparado com a falta de assistência social dos governos, e, por este motivo, optaram pela ocupação do prédio abandonado. 
"Infelizmente enquanto milhões de pessoas seguem lutando contra o novo coronavírus, aqui em Aracaju as famílias mais carentes sequer são beneficiadas com auxílio-moradia. Na realidade essa é uma situação presente na vida dessas pessoas desde o momento em que perderam seus empregos e não conseguiram mais arranjar outra ocupação", declarou. Sobre a assistência governamental, Thiago informou que segue aguardando resposta por parte da Secretaria Municipal de Assistência Social. "Algumas pessoas, impactadas com a nossa situação, começaram a nos fazer doações. Agradecemos muito essa ajuda, muito fundamental para vencer a fome enquanto a prefeitura não vem até nós para atender os nossos pedidos. Precisamos imediatamente dos auxílios", completou.