Quinta, 26 De Dezembro De 2024
       
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Invasores do Casarão fecham rua


Publicado em 02 de junho de 2015
Por Jornal Do Dia


A entrada do Casarão do parque foi lacrada

As famílias despejadas estão nas ruas próximas ao edifício

OS INVASORES DESPEJADOS DO CASARÃO DECIDIRAM ACAMPAR NO MEIO DA RUA EM FRENTE AO EDIFÍCIO. ÁREA FOI FECHADA

Milton Alves Júnior
miltonalvesjunior@jornaldodiase.com.br

Passavam das 6h do último domingo quando mais de 40 famílias que ocupavam irregularmente o popular Casarão do Parque, prédio localizado na Praça Olímpio Campos, no Centro de Aracaju, começaram a deixar o imóvel por determinação judicial. Para atender a demanda oficializada pelo Tribunal de Justiça de Sergipe (TJ/SE), a Polícia Militar promoveu uma estratégia de segurança que pudesse cumprir as determinações, e, em tempo integral, garantir que a integridade física de todos fosse preservada. Ao todo 114 pessoas habitavam no prédio há mais de cinco anos e desde novembro do ano passado vêm recebendo notificações para deixar o espaço sem a necessidade de se envolver em conflitos com os agentes militares.

Para esta operação, o Comando Geral da PM mobilizou um efetivo de 130 agentes especializados e divididos entre a Rádio Patrulha, Tropa de Choque e Companhia de Policiamento de Trânsito (CPTran). O princípio da atividade foi registrado ainda na tarde do último sábado, 30, por volta das 14h30. De acordo com o coordenador de relações públicas da corporação, coronel Paulo Paiva, a medida de segurança foi previamente estabelecida, a qual disponibilizou, também, caminhões a serem utilizados para o transporte dos pertences de cada família.

A ordem foi expedida pelo juiz da 11ª Vara Cível, Marcel de Castro Brito, ainda no início do ano e tinha como prazo final o último dia de maio. "Entendemos que trata-se de um momento difícil para algumas dessas famílias, mas se a ordem judicial chegou até a Polícia Militar, era preciso que nós estivéssemos aqui para respeitá-la. Estipulamos as 6 horas como horário limite para que todos saíssem do prédio sem necessitar a intervenção e invasão operacional dos agentes", declarou o coronel.

Após o fim do expediente comercial, grupos militares começaram a interditar ruas paralelas ao prédio e evacuar a área a fim de contribuir logisticamente com a saída das famílias e evitar que outros moradores de rua se unissem com os ocupantes. Em situações anteriores essa invasão compartilhada de sem tetos dificultou a ação dos policiais militares, defensores públicos e oficiais de justiça.
Na avaliação do coronel Luiz Azevedo, responsável pela reintegração de posse, as precárias condições de moradia do prédio, e a ação movida pelo proprietário do imóvel, foram artigos suficientes para que a justiça aprovasse a reintegração de posse. O comandante da ação avaliou o serviço como bem elaborado e pacífico. "Desde que chegamos aqui estamos conversando com as famílias e a líder da associação de moradores para que eles colaborem com a nossa missão e evitem maiores contratempos para todos. A situação estrutural desse prédio nos preocupa muito. Em muitos andares nem porta do elevador possui mais, ou seja, um risco imenso de acidente grave, principalmente com as crianças", destacou.

Sem ter para onde ir, dezenas de famílias até à tarde de ontem permaneciam ocupando parte das calçadas da Praça Olímpio Campos à espera de possíveis acolhimentos sociais disponíveis pela Prefeitura de Aracaju. De acordo com Maria Elisângela, líder dos ocupantes do prédio, a perspectiva do grupo é permanecer no espaço público até que auxílios moradias possam ser repassados pelos órgãos governamentais. A líder não descarta a possibilidade de gradativamente começar a estender lonas e formar pequenas barracas entre as árvores. "Se a gente não tem para onde ir? O jeito é ficar aqui no relento e esperar uma ajuda. Se não chegar a ideia é ficar por aqui mesmo até quando, não sei", destacou.
Para evitar que alguns antigos invasores voltassem a povoar o Casarão do Parque, oito policiais e duas viaturas foram posicionadas estrategicamente na entrada principal do imóvel. Diante da presença destas famílias nas intermediações da praça, a segurança militar também segue instalada na região por tempo indeterminado.

Vistoria – Presente na operação, o representante dos donos do prédio, Rosemberg Marques, disse que já a partir desta primeira quinzena de junho os responsáveis pelo imóvel vão debater possíveis soluções para o espaço. Sobre quais seriam essas soluções imediatas, ele garantiu que em curto prazo perícias serão realizadas por profissionais da engenharia que já foram comunicados da demanda. "Desde 2013 nós estamos enfrentando essa batalha, mas felizmente a justiça mais uma vez entendeu a necessidade de retirar essas famílias de dentro do prédio. O que podemos garantir no momento é que já debatemos soluções imediatas para que problemas como esses, ou ainda mais agravantes, possam ocorrer", informou.

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