Jackson Barreto está para Aracaju como Rudolph Giuliani está para Nova York
Publicado em 20 de março de 2013
Por Jornal Do Dia
A ação de Jackson como prefeito de Aracaju, a partir de 1985, foi uma demonstração efetiva da sua rebeldia contra o establishment. Num momento da história em que o poder público primava por beneficiar apenas os mais ricos, privilegiando as áreas ditas nobres da cidade, ele subverteu a ordem e levou a ação da prefeitura para a periferia, promovendo uma verdadeira revolução social
* Ubiratã Suassuna
Como Jackson em Aracaju, Rudolph Giuliani foi prefeito de Nova York por duas vezes. Guardadas as devidas proporções, os dois podem ser considerados marcos indiscutíveis no histórico de administrações de suas respectivas cidades. A trajetória política de cada um foi temperada com singulares traços de personalidade , elementos essenciais para a tessitura do espírito político altamente combativo , poder carismático e magnetismo pessoal impressionantes.
Na ação governamental, enquanto Giuliani fez da tolerância zero [o eficiente programa de combate à criminalidade] um dos eixos de sua administração, Jackson decretou por aqui uma espécie de tolerância zero com as desigualdades sociais na capital. Os dois — que tiveram mães professoras — trataram a educação com zelo máximo, mudando substancialmente o que encontraram para melhor.
Giuliani teve a sua apoteose como prefeito num [literal] estrondoso momento, quando da explosão das torres gêmeas, no episódio de 11 de setembro de 2001. Por sua ação diante da calamidade, foi aclamado como líder máximo dos nova – iorquinos.
Jackson, por sua vez, tem duas dimensões áureas coroando o seu trabalho. A primeira, no início dos anos 90,quando a sua liderança inconteste foi reconhecida como o comandante-mor de toda uma geração , de onde sairiam quatro prefeitos para Aracaju. Nacionalmente, o mesmo destacou – se como um dos políticos de maiores influência popular do país naquele momento.
A segunda dimensão do reconhecimento é mais sutil. Esta, dá-se pelo conjunto e extensão da obra.Nela está a gênesis de uma verdadeira revolução que ocorreu na cidade, efetuada pelo meritório trabalho dos sucedâneos prefeitos da capital eleitos com o seu apoio.
Do ponto de vista da performance política, há um traço característico, tanto em Jackson quanto em Giuliani que, para mim, constitui-se numa qualidade admirável: Eles são transparentes.
É de domínio público a percepção de que os políticos são seres artificiosos, que usam máscaras para esconder as suas reais intenções. Jackson ,não.Tudo o que ele sempre quis dizer, disse, às claras, em plena luz do sol.Giuliani também.
Os dois são, acima de tudo, homens de atitude.
A ação de Jackson como prefeito de Aracaju, a partir de 1985, foi uma demonstração efetiva da sua rebeldia contra o establishment.
Num momento da história em que o poder público primava por beneficiar apenas os mais ricos, privilegiando as áreas ditas nobres da cidade, reservando aos pobres apenas as migalhas, ou os engodos – anzóis para fisgar votos em cardumes, ele subverteu a ordem e levou a ação da prefeitura para a periferia, promovendo uma verdadeira revolução social.
Sua práxis feriu mortalmente o ego do sistema, que não pensou duas vezes antes de lhe cravar suas grandiosas garras.
Mesmo com o duro golpe, o herói popular mostrou-se indestrutível. Em 1993, veio uma nova gestão, mais uma vez marcada por sua preferência pelos mais pobres.
Diante disso tudo, considerei por demais significativa a "declaração de amor" à Aracaju feita por ele, em seu twitter e facebook, nesta ocasião de comemoração do aniversário dos 158 anos da capital.
Neste remember de obras e feitos, dentre tantas, a criação do Sistema Integrado de Transportes Urbanos avivou um grande brilho em mim. Com esta ação, Jackson, à época, colocou Aracaju na vanguarda nacional das administrações de cidades, superando, inclusive, Curitiba, administrada pelo renomado urbanista Jaime Lerner. Aqui, além da grandiosidade do feito, destaca-se uma das principais marcas de Jackson [ e de Giuliani] : a inovação.
Guiado por seu espírito visionário, com ações simples e essenciais, Jackson é profundamente inovador em sua forma de administrar. Para ilustrar isso ,basta dizer que ele foi um dos pioneiros do país a destinar ,prioritariamente, os recursos públicos para os mais carentes.
Se os Nova-iorquinos enchem-se de orgulho por ter tido um Prefeito como Giuliani [1994-2001], Aracaju celebra os seus 158 anos ciente de ter sido tão bem cuidada nos últimos tempos, graças, sobretudo, à coragem e ao espírito irrequieto, sensível e igualitário do atual vice-governador de Sergipe.
* Ubiratã Suassuna é publicitário