João e os vereadores

Seis meses foi o prazo que os aliados do prefeito João Alves Filho (DEM) deram para começar a se manifestar publicamente sobre o descontentamento com o tratamento dado pelo próprio prefeito e seus auxiliares. Um dos primeiros a demonstrar insatisfação publicamente, nas redes sociais, foi o advogado e ex-secretário da Justiça do governo João Alves, Emanuel Cacho.

Depois foi o vereador Renilson Félix (DEM). Logo depois o suplente de vereador Anderson Gois (PSL) e em seguida os deputados estaduais Augusto Bezerra (DEM) e Samuel Barreto (PSL).  Augusto, inclusive, decidiu ser um deputado "independente" na Assembleia Legislativa e, por pouco, a sua irmã Ada Augusta se tornou membro do primeiro escalão do Governo do Estado.

A reclamação dos aliados é uma só: não ser recebido pelo prefeito e secretários e, muito menos, terem algum pleito atendido na administração municipal.
Recentemente, ao ser questionado pela imprensa com relação à insatisfação dos aliados João Alves saiu-se com essa: "Não posso administrar Aracaju como se fosse cabide de empregos". Disse ainda: "Existem pessoas que acham que se deve botar todos os aliados na administração".
Na quinta-feira da semana passada foi a vez da bancada governista na Câmara Municipal demonstrar sua insatisfação. Foi quando vereadores da base aliada de João Alves deixaram o plenário da Casa para não ter quorum para votação de projetos do Executivo, como o de reestruturação básica da Secretaria de Educação; o que estabelece formas específicas de pagamento e regularização de débitos junto a Secretaria da Fazenda; o que dispõe sobre estágios de estudantes no âmbito da administração pública; e o que cria a Medalha Municipal do Mérito Esportivo.

Os projetos chegaram a ser votados em primeira e segunda discussão. Na hora de votar em terceira discussão e redação final o quorum foi retirado, num recado duro para o prefeito João Alves, que tem uma maioria folgada na Câmara com 19 vereadores na bancada. Com isso a votação ficou para hoje.
Com o descontentamento coletivo dos vereadores, João Alves se reuniu ontem à tarde com os parlamentares e secretários municipais para tentar contornar o problema.
Foi uma lavagem de roupa suja e a queixa maior foi o não cumprimento de acordos, participação no governo de filiados do PT e PCdoB e não serem recebidos, sequer, por secretários.

Os candidatos
Os deputados federais Márcio Macedo e Rogério Carvalho, do campo majoritário do PT – a Articulação Unidade na Luta – e a deputada estadual Ana Lúcia Menezes, da Articulação de Esquerda, encabeçam as três chapas que vão concorrer à presidência do Diretório Estadual do PT durante o Processo de Eleição Direta (PED), que acontece em 10 de novembro. O quarto candidato a presidente, que fez sua inscrição como candidato independente a presidente do PT, é o militante Denilson Silva Andrade, de Simão Dias.

Prazo
O prazo de inscrição das chapas ou dos candidatos encerrou ontem às 21h. Pelo regulamento do PED, até o dia 22 de agosto ainda é possível se discutir possíveis alianças e reformulações entre as chapas inscritas para o Diretório Estadual do PT.

Márcio 1
O deputado Márcio Macedo, que já presidiu o PT, disse que nos próximos 10 dias se dedicará a buscar um consenso para que a sua tendência tenha apenas uma chapa concorrendo ao PED. Avalia que o consenso fortalece o PT e só será candidato se não for viabilizado o consenso.

Márcio 2
Segundo Márcio, o que se vem discutindo é a vida e o futuro do PT. "A direção que vai ser eleita no PED deste ano comandará o partido em 2014 e em 2016. Portanto é preciso na presidência do PT alguém com perfil conciliador, que respeite as forças internas e as lideranças constituídas, que tenha identidade partidária, que possa construir a unidade que o partido precisa e garantir a livre expressão do conjunto da militância e preparar o PT para o protagonismo do futuro, além de manter o diálogo qualificado e respeitoso com os partidos da base aliada. Companheiros da CNB viram em mim este perfil para contribuir com o nosso partido", afirmou.

Márcio 3
Na chapa registrada por Márcio Macedo com o nome "O Partido que Muda Sergipe" constam como integrantes o governador Marcelo Déda, o ex-senador José Eduardo Dutra, a deputada estadual Conceição Vieira, o secretário Silvio Santos (Casa Civil), a prefeita Esmeralda (Carmópolis), o vereador Dominguinhos (Estância) e o presidente do Diretório Municipal, Usiel Rios. Déda e Dutra sempre estiveram na Executiva do PT. A consolidação dessa chapa aconteceu no sábado passado, durante reunião de Márcio com a militância e cerca de 40 diretórios municipais.

Rogério 1
O outro candidato, Rogério Carvalho, que é o atual presidente do PT, também prega a unidade. Ontem afirmou que só será candidato "se não houver um entendimento e uma unidade que nós esperamos no PT de Sergipe".

Rogério 2
Foi um grupo de militantes que inscreveu ontem a chapa encabeçada por Rogério e denominada "Militância Presente, Partido Forte". Entre os nomes que constam na chapa os deputados estaduais Francisco Gualberto e João Daniel, os vereadores de Aracaju Emmanuel Nascimento e Emerson Ferreira, cinco prefeitos, dois vice prefeitos, quatro ex-prefeitos e um total de 14 vereadores.

Ana Lúcia 1
Segundo Ana Lúcia, a sua candidatura não é um desejo pessoal, mas fruto do acúmulo de inúmeros debates tanto dentro da sua tendência, a Articulação de Esquerda, quanto com segmentos sociais. "A nossa candidatura é coletiva, é resultado de longas discussões sobre os rumos que o PT em Sergipe deve seguir nos próximos anos. Isso está expresso no nome da nossa chapa, "Vamos Mudar", é uma convocação que fazemos à militância socialista do PT para recolocarmos o partido na linha de frente da construção de um projeto democrático-popular em nosso estado", afirmou.

Ana Lúcia 2
Para Ana, a sua experiência no Legislativo e no Executivo – tendo sido secretária Municipal de Educação e secretária Estadual de Assistência Social -, lhe dá condições de coordenar o processo de renovação necessário ao PT. "A minha trajetória, seja no sindicalismo, no parlamento, no Executivo ou no cotidiano partidário sempre foi marcada pelo diálogo e construção permanentes com os movimentos sociais, com a juventude, os sindicatos e organizações populares. Ao mesmo tempo, buscando fortalecer o PT, nunca me furtei em criticar publicamente os erros e desvios do meu partido", enfatiza.

 Negociação
O governador em exercício Jackson Barreto (PMDB) tem tratado pessoalmente as questões relacionadas às reivindicações dos procuradores do Estado. JB vem conduzindo as negociações junto ao procurador-geral Marcio Rezende e aos representantes da categoria na busca de um entendimento, acreditando que esse diálogo irá ser capaz de encontrar uma saída satisfatória para todos.

Mágoa 1
O ex-prefeito de Nossa Senhora do Socorro, o deputado estadual José Franco (PDT), está contrariado com Jackson Barreto por ter reinaugurado na sexta-feira passada o Hospital José do Prado Franco com o nome de Hospital Regional de Nossa Senhora do Socorro.

Mágoa 2
À coluna Zé Franco disse que o fato do governador em exercício ter retirado o nome do seu tio do hospital, pelo fato dele ter o mesmo nome do tio, não magoou só a ele, mas a toda a família. Disse que seu tio José Franco, que faleceu ainda novo na década de 40, representa a primeira geração da família Franco. "Não tenho culpa de ter o mesmo nome do meu tio", afirmou, lembrando que se chama José do Prado Franco Sobrinho.

Na Câmara
O vereador Vagnerrogeris Lima (PSB) disse à coluna que apresentará hoje um requerimento na Câmara Municipal de Nossa Senhora do Socorro propondo que o hospital volte a se chamar José do Prado Franco. Também apresentará moção de repúdio pela mudança do nome do hospital.

Na Assembleia 1
Deputados estaduais não ficaram satisfeitos com a decisão da juíza Simone Fraga em suspender o pagamento de verbas de subvenções para organizações não governamentais que cada deputado recebe anualmente, de quase R$ 1 milhão, a pedido do Ministério Público que apresentou denúncia de desvio de recursos. Acham uma decisão equivocada, pelo fato dos recursos irem diretamente para as entidades que ficarão desprovidas de assistência.

Na Assembleia 2
Até ontem à tarde a presidente da Assembleia Legislativa, Angélica Guimarães (PSC), não tinha sido notificada da decisão judicial. Tão logo seja notificada, a presidente deve se pronunciar sobre a suspensão das subversões.

Expectativa
Segundo um deputado estadual, a esperança deles é com relação à adoção do Orçamento Impositivo pelo Congresso Nacional, que obriga a União a pagar o equivalente a 1% da receita corrente líquida em emendas parlamentares, o que representa cerca de R$ 6,8 bilhões. A votação do Orçamento Impositivo foi adiada da semana passada para hoje, justamente por pressão do Planalto, que é contra a proposta.

Veja essa…
De um vereador ontem à coluna: "O clima está tão ruim entre os vereadores da base aliada do prefeito João Alves que depois de terem evitado quorum para aprovação de projetos do Executivo, na semana passada, os aliados não atenderam a convocação para sessão extraordinária hoje (ontem) pela manhã para votação dos projetos em terceira discussão e redação final".

Curtas
Após seis dias em Sergipe para rever a família e passar o Dia dos Pais, o governador Marcelo Déda retornou ontem a São Paulo para sessões de quimioterapia contra um câncer no estômago.  

Como líder do PSC na Câmara dos Deputados, o deputado federal André Moura participou ontem da reunião dos líderes aliados com a presidente Dilma Rousseff. Foi às 17h, no Palácio do Planalto.

Na pauta, negociação das alternativas que impeçam derrotas significativas do governo em três projetos que estão na pauta da Casa: royalties para Educação (o governo não aceita que todo o dinheiro do Fundo Social seja utilizado, mas apenas o rendimento); o Orçamento Impositivo e a questão do financiamento da Saúde.

Ao comparecer ao povoado Areia Branca, no Mosqueiro, a convite de amigos, o ex-deputado Jorge Araujo ficou impressionado com a grande quantidade de buracos na rodovia de acesso àquele povoado. Como ex-vereador de Aracaju, solicita providências a Emurb para realizar, pelo menos, uma operação tapa buraco na área.

O presidente da Unale, deputado Venâncio Fonseca (PP), encontra-se em Atlanta (EUA), onde preside a delegação brasileira na Conferência Nacional dos Estados Legisladores (NCSL), o maior encontro parlamentar do continente, com as presenças de representantes de 27 países. Passa a semana por lá.