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Liberou geral
Publicado em 30 de abril de 2020
Por Jornal Do Dia
Rian Santos
Os capitalistas da bí blia também que rem tirar proveito do clima de liberou geral insuflado pelo governador Belivaldo Chagas,abrir as portas dos templos religiosos, movimentar o caixa das igrejas espalhadas pelos quatro cantos de Sergipe. O dízimo dos crentes é o seu principal ativo econômico. Se todo mundo começar a rezar em casa, empenhado em um exame íntimo da própria consciência, a firma vai à falência.
Boa parte do comércio já funciona normalmente, com restrições de faz de conta. Sem outro remédio, os trabalhadores voltaram a se apertar nos ônibus. Quando o povo de Deus puder se reunir entre quatro paredes, às dezenas, às centenas, o latim do padre e as conjurações do pastor vão adiantar muito pouco. Muita gente segura da própria fé vai passar desta para melhor, sem choro nem vela. Vai faltar nada para o coronavírus fazer a festa.
Vai dar ruim. Infelizmente, os negacionistas da pandemia não sofrerão as consequências de convicção tão absurda, alheia aos fatos é à Ciência, sozinhos. Muitos, talvez, não sofram nem um ai. A maioria, contudo, vai espalhar a peste por onde passar, voluntários do mal, apesar do sorriso beato pregado no rosto.
Deus não habita em templos de pedra e cal, mas as igrejas prosperam como nunca. Beneficiadas pelo status de instituição filantrópica, isentas de contribuição fiscal, as organizações religiosas atuam desde sempre como força política e econômica, com a ambição declarada de influência em todas as esferas da vida pública.
Não é de se espantar, portanto, a presença de lideranças partidárias em espaços de devoção, essencialmente estranhos à performance política. Quem não lembra do governador Jackson Barreto e o recém eleito prefeito Edvaldo Nogueira, compenetrados servidores públicos, presentes à inauguração da pedra fundamental de um faraônico templo evangélico? Pediam bênçãos, em pose contrita, mas receberiam os votos dos crentes de bom grado. Os cristãos são muitos.
Cabe agora a Belivaldo Chagas notar que, mesmo na bíblia, considerada um livro sagrado, há diversas passagens recomendando a oração a portas fechadas, longe do aplauso público. Nada de orar em pé nas sinagogas, nas esquinas, sob os olhos e a opinião dos homens, recomenda Mateus. A mão esquerda não tem nada com os gestos da mão direita.