O ex-governador do estado de Sergipe, Belivaldo Chagas.
Líderes aposentados tentam voltar à ativa como meros coadjuvantes
Publicado em 02 de março de 2024
Por Jornal Do Dia Se
GILVAN MANOEL
Se as eleições municipais de 2020 foram marcadas pela pandemia de Covid-19, as eleições de 2024, em Aracaju, serão destacadas pela tentativa de retomada da vida política de dois atores que já tiveram importância na vida política do estado. O ex-governador Belivaldo Chagas (PSD) e o ex-senador Eduardo Amorim (PSDB) pretendem participar do pleito deste ano na condição de coadjuvantes – como candidatos a vice-prefeito.
Belivaldo está na vida pública desde a década de 1980, quando participou do governo do conterrâneo Antonio Carlos Valadares (1987-1990) na condição de presidente da Imprensa Oficial do Estado, hoje Iose. Foi deputado estadual, vice-governador em duas oportunidades, governador-tampão, quando Jackson Barreto renunciou no início de 2018 para disputar o Senado Federal, e governador eleito no pleito deste mesmo ano.
A carreira política de Eduardo Amorim é um pouco menor, mas foi deputado federal, senador, e durante o segundo governo Marcelo Déda (2007-2010, 2011-2013), ficou marcado pela tentativa de tutelar o então governador, a partir de uma maioria na Assembleia Legislativa. A família Amorim simplesmente impedia o funcionamento da máquina estadual, até mesmo no período em que Déda enfrentou graves problemas de saúde, culminando com a sua morte em dezembro de 2013.
Eduardo Amorim chegou ao pleito de 2014 como candidato favorito ao governo do estado, mas acabou sendo surpreendido com a força do então governador Jackson Barreto, que havia assumido o governo após a morte de Déda. Jackson venceu no primeiro turno e, sem mandato, Amorim acabou praticamente desistindo da vida pública. Agora, dez anos depois, quer marcar o seu retorno na condição de candidato a vice-prefeito na chapa da vereadora Emília Correia, que analisa a possibilidade de trocar o nanico PRD por um partido maior, que ofereça a estrutura financeira necessária para disputar a Prefeitura de Aracaju.
Em 2024, Edvaldo Nogueira (PDT) completa 16 anos como prefeito de Aracaju, não pode disputar a reeleição e será a primeira vez que o grupo criado por Jackson Barreto na década de 1980, liderado anos depois por Marcelo Déda, não tem nenhum nome forte para apresentar como opção. Interessados não faltam, mas nenhum com potencial eleitoral suficiente para que seja considerado um candidato nato.
Em 1988 com Wellington Paixão, e em 1996 com João Augusto Gama, o município elegeu nomes que não eram da linha de frente da política tradicional, mas militantes históricos em defesa da redemocratização. Tinham por trás o referencial eleitoral de Jackson Barreto, o que não ocorre neste momento.
Desta vez, o bloco liderado pelo governador Fábio Mitidieri (PSD) e por Edvaldo não possui nenhum nome que possa vir a ser considerado como candidato nato, ao contrário das eleições de 2020, quando o atual prefeito podia disputar a reeleição e era considerado o candidato natural. O secretário Luiz Roberto (PDT), o preferido de Edvaldo e que deve ser confirmado como o nome do bloco, e a jovem deputada federal Yandra Moura (União Brasil), filha de André Moura, que tenta criar um grupo alternativo já visando as eleições gerais de 2026, quando pretende disputar uma das vagas para o Senado Federal, não possuem tradição na política aracajuana, o que acaba deixando a eleição totalmente aberta.
Belivaldo se apresenta como candidato a vice-prefeito na chapa de Yandra, enquanto Amorim pleiteia a vaga de vice na chapa de Emília, que hoje lidera as pesquisas. Até agora não apareceu interessados em ser o vice da chapa de Luiz Roberto, o que pode ser um mal sinal para a campanha do pré-candidato governista. O vereador Fabiano Oliveira (PP), sempre citado como provável candidato a vice-prefeito, já avisou que só aceita disputar na condição de candidato a prefeito, e teve até o seu nome lançado pela direção nacional do partido.
Independente de quem venha a ser o vencedor, as eleições municipais deste ano em Aracaju serão marcadas pela participação de velhas estrelas da política sergipana na condição de coadjuvantes, como candidatos a vice.