Alheio a qualquer comparação (Divulgação)
Livre, leve e solto
Publicado em 06 de março de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Doente de nostalgia, procuro um Kashima de cordas enferrujadas sob o amontoado de informação de ‘Onirikum’, álbum solo recém-lançado por Julio Andrade (The Baggios).Espero o berro. Anseio pela catarse de versos nada elaborados, francos como um esporro, uma bofetada. O murro não vem.
Músico maduro, Julico agora se expressa de maneira muito sofisticada, por meio de arranjos espertos, texturas, nuances. O guitarrista cresceu, ganhou experiência, sabe hoje muito mais do que sabia ontem, largou as fraldas fedorentas de mijo. E o seu trabalho reflete um orgulho perfeitamente legítimo, derivado dos primeiros fios de cabelo branco.
Julico já falou das motivações e alegria do trabalho solo, em conversa com o Jornal do Dia.
“A minha imagem é muito associada a Baggios, que Já tem uma história grande. Há uma certa cobrança de qualidade em relação à banda, por parte de jornalistas, produtores de festivais. Com o trabalho solo eu me sinto livre de qualquer comparação com algo já estabelecido, posso criar do zero, experimentar com mais liberdade, arriscar outros caminhos. Também me serve para aproveitar canções que ficariam perdidas”.
Dito e feito. Em ‘Ikê Maré’ (2020), o músico explorasonoridades que vão do Funkadelic a Tim Maia, dos Novos Baianos a Curtis Mayfield, em busca de timbres e texturas setentistas, o samba-rock, o funk e o soul brasileiro.
No mais recente ‘Onirikum’ (2023) ele voltou à carga, mergulhando ainda mais fundo. Aqui, a Soul Music é mesclada ao samba rock, samba jazz, música nordestina e MPB, além do blues rock dos bons tempos, auge da banda The Baggios.
Estes dois momentos do músico, guitarrista, cantor, compositor,serão a base do show Onirikum, sob o teto do Clash. Sábado, 09 de março, a partir das 20 horas.Música e inteligência no talo.