O artista Zé Fernandes em seu ateliê no Inácio Barbosa
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Matemática complexa
Publicado em 19 de agosto de 2018
Por Jornal Do Dia
A pesquisa Ibope sobre a eleição es-tadual divulgada na noite de sexta-feira pela TV Sergipe tem números complexos. E o resultado foi apresentado de forma torta, como se houvesse o objetivo claro de favorecer algum candidato.
Para governador foram apresentados os números da pesquisa induzida (aquela em que o entrevistador apresenta os nomes dos candidatos), como se fosse o único resultado disponível, apresentando discrepâncias gritantes entre uma e outra. Como justificar, por exemplo, que o candidato a governador pelo PSB, Valadares Filho, dispare na induzida com 23% e caia na espontânea (quando o entrevistado escolhe o seu candidato sem a ajuda do pesquisador) para apenas 6%, em terceiro lugar?
Seus principais competidores também aparecem com números conflitantes. O senador Eduardo Amorim (PSDB) é o segundo colocado com 17% e Belivaldo Chagas (PSD) tem 12%. Ocorre que, na espontânea, os números são bem divergentes: Belivaldo e Amorim lideram com 8%.
A coluna quis saber de um tradicional marqueteiro sergipano o que poderia ter ocorrido para tal discrepância. A única justificativa encontrada seria o ‘recall’ em torno do nome de Valadares Filho devido a sua participação em três eleições no espaço de seis anos – prefeito de Aracaju em 2012, quando perdeu para João Alves Filho, deputado federal em 2014 e, de novo, prefeito de Aracaju em 2016 voltando a perder, desta vez para o atual prefeito Edvaldo Nogueira.
Na disputa para o Senado, a mesma confusão. Valadares pai dispara na pesquisa induzida com 28% e cai para modestos 5% quando o pesquisado tem que indicar o seu próprio candidato. André Moura (PSC) cai de 21% na induzida para 5% na espontânea; Jackson Barreto é citado por 16% na primeira e 4% na espontânea.
Os números da pesquisa
Para o governo do Estado, os números foram os seguintes (induzida, com a apresentação dos nomes dos candidatos): Valadares Filho (PSB): 23%; Eduardo Amorim (PSDB): 17%; Belivaldo Chagas (PSD): 12 %; Dr. Emerson (Rede): 5%; Mendonça Prado (DEM): 3%; João Tarantella (PSL): 1%; Márcio Souza (PSOL): 1%; Milton Andrade (PMN): 1%; Gilvani Santos (PSTU): 0%; Branco/nulo: 28%; Não sabe: 9.
Pesquisa espontânea: Belivaldo Chagas (PSD): 8 %; Eduardo Amorim (PSDB): 8%; Valadares Filho (PSB): 6 %; Dr. Emerson (Rede): 1%; Mendonça Prado (DEM): 1%; João Tarantella (PSL): -; Márcio Souza (PSOL): – ; Milton Andrade (PMN):- ;Gilvani Santos (PSTU): -; Outros: 3 %; Branco/nulo: 31%; Não sabe: 42%.
O Ibope também mediu a rejeição dos candidatos (em que o eleitor não votaria de jeito nenhum): Eduardo Amorim (PSDB): 36 %; Valadares Filho (PSB): 24%; Mendonça Prado (DEM): 23%; Belivaldo Chagas (PSD): 22%; João Tarantella (PSL): 17 %; Dr. Emerson (Rede): 11%; Márcio Souza (PSOL): 11%; Milton Andrade (PMN): 11%; Gilvani Santos (PSTU): 10%; Poderia votar em todos: 4%; Não sabe: 19%
Para o Senado, na pesquisa induzida, os números são os seguintes: Valadares (PSB): 28%; André Moura (PSC): 21%; Jackson Barreto (MDB): 16%; Rogério Carvalho (PT):12%; Professora Sônia Meire (PSOL): 9%; Delegado Alessandro Vieira (Rede): 7%; Pastor Heleno (PRB): 7%; Professor Jossimário Mick (PSOL): 4%; Adelson Alves (Patriota): 3%; Cadu Silva (PSL): 2%; Henri Clay (PPL): 2%; Reynaldo Nunes (PV): 2%; Clarckson Messias (PSTU): 1%; Branco/ Nulo – Vaga 1: 27%; Branco/ Nulo – 2ª vaga: 36%; Não sabe: 24%.
Senado, pesquisa espontânea: André Moura (PSC):5%; Valadares (PSB): 5%; Jackson Barreto (MDB): 4%; Pastor Heleno (PRB): 2%; Rogério Carvalho (PT): 2%; Delegado Alessandro Vieira (Rede): 1%; Henri Clay (PPL): 1%; Adelson Alves (Patriota): -; Clarckson Messias (PSTU): -; Professor Jossimário Mick (PSOL):-; Reynaldo Nunes (PV): -; Professora Sônia Meire (PSOL): – ; Cadu Silva (PSL): – ; Outros: 5%; Branco ou nulo: 38%; Não sabem: 53%;
A pesquisa foi realizada entre os dias 14 a 16 de agosto com 812 eleitores e está registrado no TRE-SE com o número SE-02253/2018 e no TSE BR-06887/2018. O índice de confiabilidade é de 95%.
Para lembrar: normalmente os números do Ibope nunca se aproximam dos resultados finais das eleições sergipanas, e, em 2014, houve uma manipulação explicita na divulgação da pesquisa final para o Senado Federal, quando um dos antigos sócios da emissora era candidato a suplente na chapa da senadora Maria do Carmo Alves (DEM).
Belivaldo tranquilo
Belivaldo Chagas estava na cidade de Itabaianinha, quando soube do resultado da pesquisa e reagiu bem. "A campanha iniciou ontem e eu acredito ainda mais no crescimento do nosso grupo. É a hora do povo conhecer as propostas, de observar bem a intenção de cada um e de ver quem realmente tem capacidade de governar o estado. Está liderando na espontânea é reflexo de um bom trabalho que venho realizando nesses quatro meses no comando do governo de Sergipe. Vamos à luta", convocou ao dizer que a maior pesquisa está nas ruas. "A prova está aqui, mais de mil pessoas entre militância, prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e lideranças políticas e comunitárias".
O novo?
Todo o marketing de campanha de Valadares Filho (governo) e Senado (o pai) é apresentado como "o novo" em relação aos atuais governantes do Estado. Os dois estavam no governo quando Marcelo Déda destronou João Alves Filho, em 2006, e continuaram até 2016, com Jackson Barreto, quando o então governador fez a opção pela candidatura de Edvaldo Nogueira a prefeito de Aracaju, em detrimento dos Valadares.
O senador Valadares e o deputado Valadares Filho apoiaram o impeachment da presidente Dilma e foram entusiasmados aliados do presidente Temer, comandando no início do governo, a Codevasf, uma das maiores companhias do país, sempre negligente com o sofrido baixo São Francisco sergipano.
Rogério candidato
Apesar da decisão desfavorável de uma turma do STF, Rogério Carvalho (PT) não deverá ter dificuldades para registrar sua candidatura ao Senado. A sua condenação não tem nada a ver com casos de improbidade administrativa. Na época em que secretário de Estado da Saúde – ordenador de despesas – o então diretor do Huse resolveu quitar os débitos com água e energia, assumindo custos de multas, para evitar um colapso no maior hospital público do Estado.
Irritado com o noticiário, na quinta-feira Rogério Carvalho distribuiu nota virulenta em que reafirma: "O processo no STJ não envolve lesão aos cofres públicos, nem enriquecimento ilícito, portanto Rogério SE ENQUADRA COMO UM CANDIDATO FICHA LIMPA".
A nota, na íntegra:
"O processo de Rogério que está em andamento no STJ (Superior Tribunal de Justiça) ainda *NÃO TEM UMA DECISÃO FINAL*. As movimentações jurídicas são normais ao processo, apesar disso, há especulações sobre a elegibilidade de Rogério, e que *são apenas ESPECULAÇÕES*.
O processo *NÃO envolve lesão aos cofres públicos, nem enriquecimento ilícito*, portanto *Rogério SE ENQUADRA COMO UM CANDIDATO FICHA LIMPA*.
Sobre a *ELEGIBILIDADE*, só são inelegíveis aqueles que foram condenados à suspensão dos direitos políticos com decisão transitada em julgado por ato doloso de improbidade administrativa que resulte em lesão ao patrimônio público, e enriquecimento ilícito, que *NÃO É O CASO DE ROGÉRIO*.
Por causa das especulações da imprensa sobre a situação política de Rogério, o candidato ao Senado do Partido dos Trabalhadores Rogério Carvalho vem à público, através da assessoria jurídica dele, esclarecer que *ele é SIM CANDIDATO*, que *juridicamente está ELEGÍVEL* e é *FICHA LIMPA*."
Em campanha
Três dos sete conselheiros do Tribunal de Contas do Estado estão em campanha aberta pela eleição de parentes nestas eleições. São oriundos da Assembleia Legislativa.
O presidente Ulices Andrade trabalha pela reeleição do filho Jeferson para a Assembleia Legislativa; Luiz Augusto Ribeiro quer transferir seu filho Gustinho para a Câmara Federal; Angélica Guimarães, a da farra das subvenções na Alese e que responde a processo aberto pelo STJ, tenta garantir a reeleição do marido Vanderbal Marinho.
Susana Azevedo não tem um candidato aberto, mas a sua tradição política deve bater mais forte nesses períodos, como ocorreu na eleição passada quando votou em Georgeo Passos, hoje na Rede.
O conselheiro Carlos Pinna tem forte ligação com o grupo do ex-governador João Alves Filho, enquanto os conselheiros Clóvis Barbosa e Carlos Alberto Sobral são mais livres de amarras políticas.
Limpeza pública
A gestão do prefeito Edvaldo Nogueira dá um importante passo na limpeza pública de Aracaju. Na próxima quarta-feira, ele inaugura o primeiro ecoponto da cidade. O espaço, erguido no bairro Industrial, nas proximidades da ponte que liga a capital ao município de Barra dos Coqueiros, servirá para recebimento de entulhos de reformas de casas e de resíduos volumosos, no limite de um metro cúbico por descarga, gerado pelos aracajuanos. A iniciativa começa assim a solucionar um problema crônico da cidade, que se agravou na gestão anterior, que é a existência de pontos irregulares de descarte de lixo. O local será também ponto de suporte para coleta seletiva e logística reversa. Na manhã deste sábado, o prefeito e o presidente da Empresa Municipal de Serviços Urbanos, Luiz Roberto Dantas, visitaram o local.