Médica presa denuncia suposta violência do marido assassinado

Peritos do Poder Judiciário e do setor de inteligência da Polícia Civil estão monitorando as réplicas e tréplicas em torno do homicídio sofrido pelo advogado criminalista José Lael de Souza Rodrigues Júnior, no dia 18 de outubro, em Aracaju. Seis pessoas seguem presas em unidade penitenciária por tempo indeterminado, entre elas a cirurgiã plástica Daniele Barreto, esposa do advogado. No início desta semana, Leonardo Rodrigues, filho da vítima, concedeu entrevista, quando revelou que era de conhecimento da família a existência de uma relacionamento extraconjugal entre a médica e uma amiga dela, que também foi presa.

“Depois do fato, depois da empreitada criminosa que elas orquestraram, ela começou a morar na casa onde meu pai morava, dormir na casa onde meu pai dormia, e inclusive assumir algumas coisas, no sentido de querer levar o meu irmão menor às obrigações de escola, de futebol, então realmente ela já tinha esse intuito de assumir o papel do meu pai. Tive acesso aos autos do inquérito, então tem algumas informações que ainda estão sob sigilo, mas que vão surpreender ainda mais. Os requintes de crueldade e covardia são estarrecedores”, disse.

Na quinta-feira (21), por intermédio de carta, Daniele falou publicamente pela primeira vez. No texto ela alega que nos últimos meses tinha se tornado vítima de violência física e sexual, além de sofrer problemas financeiros em decorrência de movimentações bancárias realizadas pelo então marido e pelo sogro. Composto por 12 páginas, na carta Daniele destaca ainda que para não deixar marcas em seu corpo, José Lael a amarrava e arrancava tufos de cabelo. O advogado também teria instalado câmeras escondidas no quarto para monitorá-la e gravado estupros, com o objetivo de assistir às imagens posteriormente.

Sobre o teor do conteúdo escrito a mão, o advogado José Carlos Santos Filho, que integra a equipe de defesa de Daniele, confirma que relatos da carta são verdadeiros e expõem uma situação de violência doméstica sofrida pela médica. Essa confirmação aconteceu por vídeo gravado e compartilhado pela própria assessoria jurídica. Houve também apelo para o Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe: “viemos aqui pedir a atenção, principalmente de quem investiga, da autoridade policial e do Ministério Público, que tomem conhecimento e investiguem esse contexto de violência doméstica familiar que habitava aquela residência”, orientou a defesa.