Escultura em PVC de Willy Valenzuela
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Medidas tímidas, UTIs sem equipes médicas
Publicado em 07 de março de 2021
Por Jornal Do Dia
Na semana em que o estado de Ser gipe ultrapassou a marca de 3 mil mortos pela covid-19, o governador Belivaldo Chagas baixou decreto com medidas de restrição para tentar reduzir as aglomerações de pessoas. O novo decreto, definido na quinta-feira (4), determinou o fechamento das atividades consideradas não-essenciais, incluindo shoppings, bares e restaurantes, no período entre 22h e 5h do dia seguinte, durante os dias úteis. Já aos finais de semana, a proibição para funcionar começa às 18h de sexta-feira e só termina às 5h da segunda-feira seguinte.
Especialistas consideram o lockdown de fim de semana como um engodo. O neurocientista e pesquisador brasileiro Miguel Nicolelis, que deixou a coordenação técnica do Consórcio Nordeste porque os governadores não seguiam as orientações científicas, deu sua previsão do nosso colapso em entrevista concedida à TV 247 na noite desta sexta-feira (5): "ou o Brasil para por 21 dias ou vamos dobrar o número de mortos nos próximos meses".
"O Brasil vai se transformar não num pária, ele já é um pária, vai se transformar num laboratório a céu aberto de criação de novas variantes do Covid-19. O mundo já sabe disso", disse Nicolelis, que também é médico.
Ao contrário do que ocorreu no ano passado quando foi decretado o fechamento da economia, desta vez o governador não anunciou o aumento o número de leitos para tratamento dos doentes. Sergipe já está chegando ao limite da capacidade e na rede privada as UTIs estão lotadas há muitos dias.
Até a sexta-feira, segundo boletim da Secretaria de Estado da Saúde, estavam internados 504 pacientes, sendo que no serviço público são 120 em leitos e UTI (adulto), um na UTI neonatal/ pediatria e 118 em leitos clínicos (enfermaria), totalizando 239. Já nos leitos do serviço privado estavam internados 118 pessoas na UTI adulta, dois na UTI neonatal/ pediatria e 145 em leitos clínicos, totalizando 265. São investigados mais 18 óbitos. Ainda aguardam resultados 2.516 exames coletados.
Em fiscalização realizada também na sexta-feira, integrantes dos Ministérios Públicos do Trabalho (MPT), Federal (MPF) e do Estado (MPSE), constataram que uma das Unidades de Terapia Intensiva para covid-19 no Hospital Regional de Estância estava fechada por falta de pessoal. Eles emitiram recomendação à Secretaria de Saúde do Estado de Sergipe para que seja corrigido o número de leitos de UTI para pacientes de covid-19 divulgado pelo governo do estado para fins de cálculo da taxa de ocupação dos hospitais.
Na fiscalização, acompanhada pelo Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Sergipe, os membros do Ministério Público puderam constatar que a UTI Covid 1 do hospital funciona atualmente com 10 leitos ativos. Já a chamada UTI Covid 2, composta por 8 leitos, está desativada.
A situação foi confirmada também por Relatório de Vistoria do Conselho Regional de Medicina do Estado de Sergipe, apresentado ao MPF, que informou que "Na UTI 1 só há 10 leitos ativos, apesar da existência de 12 leitos, por ter apenas um médico na unidade. Esses profissionais, geralmente, realizam plantões de 24 horas". Quanto à UTI 2, o CRM registrou que "apesar de possuir 8 leitos, nunca foi ocupada".
Os membros que assinam a recomendação afirmam que, apesar disso, a Secretaria de Estado da Saúde vem publicando continuamente que o Hospital Regional de Estância disponibiliza 20 leitos de UTI covid-19 adultos à população sergipana. Os órgãos ministeriais consideram que incluir leitos inoperantes na lista de leitos disponíveis descumpre o dever de transparência da Administração Pública. Além disso, afirmam que o desconhecimento da população sobre a real situação do sistema de saúde pode influenciar o comportamento quanto ao cumprimento das medidas de distanciamento social.
Outro problema grave é o transporte coletivo. Como durante a semana tudo funciona normalmente, a superlotação dos ônibus é permanente. E não adianta o governador dizer que vai mandar a PM parar os ônibus para retirar os passageiros que estiverem viajando em pé. Só iria penalizar ainda mais o trabalhador que precisa se arriscar para cumprir o expediente e garantir o pão para a sua família. Ou será que Belivaldo pensa que quem encara um ônibus lotado quer é passear?
Em relação a vacinação, Sergipe repete o fiasco patrocinado pelo governo Bolsonaro. A Secretaria da Saúde informa ter distribuído 92.630 mil doses da primeira remessa aos municípios, destas foram aplicadas 67.793. Referente à segunda dose. foram distribuídas 35.377, sendo aplicadas 28.353 doses.
É um caos.
Neste 8 de março, mulheres
denunciam impactos da pandemia e descaso de Bolsonaro
Na luta pela vida e por condições dignas de sobrevivência, com o mote "Pela Vida das Mulheres, Resistiremos: contra a fome, a miséria e a violência! vacina para todas e todos, já e Fora Bolsonaro", as mulheres CUT, de movimentos sociais, sindical e feministas vão fazer no dia 8 de março, data que se celebra o Dia Internacional da Mulher, atos, diálogos e denúncias sobre a situação das mulheres em todo o país.
Serão realizarão bate-papos, mobilizações presenciais com segurança por todas e também virtuais nos estados e um ato nacional que será transmitido pelas mídias digitais da CUT e de entidades parceiras.
"A luta é contra a fome e a miséria, que é um dos problemas sofridos por grande parte das mulheres nesta pandemia, especialmente depois que o governo parou de pagar o benefício", disse a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Juneia Batista, se referindo ao auxílio emergencial de R$ 600 – R$ 1.200 para mães solo – aprovado pelo Congresso Nacional, que o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) pagou até dezembro.
"A gente quer e vai lutar por três coisas: a vacina urgente para todos e todas, a volta do auxílio emergencial no valor de R$600 e o Fora Bolsonaro e sua corja já!", completou a dirigente.
Nove em cada dez mães de favelas tiveram dificuldades para comprar comida para a família por causa da perda de renda, fim do auxílio emergencial e dificuldades para se recolocar no mercado de trabalho – a taxa geral do desemprego das mulheres é 39,4% superior a dos homens.
Auxílio emergencial
O Senado aprovou em segundo turno nesta quinta-feira (4), por 62 votos a 14, a proposta de emenda à Constituição, a polêmica PEC Emergencial. A proposta, cujo texto abre caminho para a volta do pagamento do auxílio emergencial, será enviada à Câmara, onde precisará do apoio de pelo menos 308 deputados em duas rodadas de votação. A medida deve tramitar de forma acelerada, sem passar pelas comissões. Votaram sim os senadores Alessandro Vieira (Cidadania) e Maria do Carmo Alves (DEM) e não Rogério Carvalho (PT).
Alessandro Vieira apresentou uma emenda que retira as despesas do Bolsa Família dos gatilhos de corte de gastos da PEC Emergencial, permitindo a expansão do programa mesmo com a emergência fiscal, mas a iniciativa não teve sucesso. A equipe econômica do governo temia que os senadores acabassem flexibilizando o teto de gastos e retirassem o Bolsa Família da regra fiscal, mas isso não aconteceu.
A PEC emergencial será votada esta semana na Câmara dos Deputados. Somente após a aprovação é que o presidente Bolsonaro vai editar MP com a definição do novo auxílio emergencial.
O governo Bolsonaro deve pagar mais quatro parcelas de apenas R$ 250 mensais. Outras duas cotas estão previstas na proposta: R$ 150 para famílias compostas por apenas uma pessoa e R$ 375 para mulheres chefes de família.
No total, devem receber o novo auxílio cerca de 40 milhões de brasileiros. O gasto está projetado entre R$ 36 bilhões e R$ 38 bilhões. Valor bem menor do que os de 2020, quando 64 milhões de pessoas receberam o benefício, totalizando um investimento de cerca de R$ 290 bilhões.
Emenda de Bosco Costa para o Maranhão
A Folha de São Paulo desta quinta-feira (4) mostra uma conexão do deputado federal Bosco Costa (PL-SE) em suposto desvio de emendas orçamentárias destinadas à saúde no Maranhão detectado pela Polícia Federal após apreensão de anotações manuscritas e mensagens em aparelhos celulares durante Operação Ágio Final, deflagrada em dezembro de 2020, naquele estado
Mais dois parlamentares são citados na operação: Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Pastor Gil (PL-PB). A operação investiga um esquema de extorsão contra prefeituras que foram beneficiadas com as emendas obtidas pelos três deputados.
Segundo informou a Folha de São Paulo, o cabeça da organização seria o agiota Josival Cavalcanti da Silva, conhecido como Pacovan, dono de postos de gasolina no estado que seriam usados para lavagem de dinheiro.
Segundo a PF, Pacovan se apresentava junto a prefeitos como responsável por obter as emendas junto aos deputados envolvidos no esquema. Em troca, exigiria deles a devolução de uma parte do dinheiro como pagamento de propina, em valores que poderiam chegar a 25%.
São mencionadas emendas de R$ 4.123.000 do deputado Bosco Costa (R$ 1.030.750 referente à parcela de 25%), de R$ 1.500.000 de Josimar Maranhãozinho (R$ 375 mil de propina) e R$ 1.048.000 de Pastor Gil, com R$ 262 mil de propina.
Segundo a Folha, esse desvio ocorreria por meio de contratos com empresas de fachada. Uma parte seria repassada aos deputados, mediante comissão de Pacovan e seu grupo.
Bosco Costa nega ter apresentado qualquer emenda para o estado do Maranhão. De fato. A emenda é da bancada do PL, endossada pelo deputado sergipano.
Com agências