Menor confessa que atirou em advogado e diz que queria roubar apenas o celular
Publicado em 27 de fevereiro de 2015
Por Jornal Do Dia
Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br
Um adolescente de 17 anos confessou ter participado do ataque ao advogado Sérgio Aragão de Melo, secretário-geral da Ordem dos Advogados do Brasil em Sergipe (OAB/SE), em 9 de fevereiro deste ano, no Centro de Aracaju. O menor foi apreendido às 15h30 de ontemna Rua São Carlos, bairro Japãozinho (zona norte), por soldados do núcleo de inteligência do Grupamento Especial Tático de Ações com Motos (Getam) que participavam das investigações do caso. O segundo participante do crime já foi identificado e, por ser maior de idade, terá o seu retrato divulgado hoje de manhã pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Ao ser detido, o adolescente foi levado para a sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa(DHPP), no Santos Dumont, onde, segundo a polícia, admitiu ter disparado o tiro que passou de raspão pela cabeça de Sérgio.De acordo com o sargento Júlio dos Santos Neto, do Getam, o adolescente foi reconhecido pelos policiais do núcleo de inteligência da unidade, a partir de imagens de 15 câmeras de segurança instaladas ao longo do trajeto entre a Praça do Mini-Golf, na 13 de Julho (zona sul) e a esquina da Rua Vila Cristina com a Avenida Barão de Maruim, onde o advogado foi ferido.
"Quando analisamos a filmagem do momento em que aconteceu a concorrência, começamos a trabalhar em cima disso e descobrimos quem era a pessoa [suspeita de atirar]. Ele e o outro participante fizeram um homicídio no carnaval e estavam foragidos. Fizemos uma campana por alguns dias e hoje eu o vi entrando numa vila lá do São Carlos", disse Júlio.Ainda segundo ele, o próprio Getam já vinha tentando prender o adolescente há alguns meses, por alguns roubos que vêm acontecendo na região do Japãozinho. "A gente já vinha atrás dele há um bom tempo e por outros delitos. O pessoal do Japãozinho já vinha denunciando ele por vários roubos de ‘shinerays’, e isso acabou facilitando nosso trabalho", afirmou.
O sargento disse também que o menor assumiu ter disparado contra o advogado e admitiu que estava tentando assaltá-lo quando disparou o tiro. "Ele falou que estava ‘de rolé’, lá na praça, e quando se deparou no semáforo com o advogado falando ao telefone, ele foi lá e bateu no vidro do carro. O advogado olhou, foi tentando sair dali e o menor atirou", descreveu Júlio Neto. Conforme os PMs, o menor alegou que o tiro foi disparado "por acidente" e pelo fato de autor e vítima terem se assustado um com o outro. Em uma gravação, o adolescente disse que queria levar o celular de Sérgio.
Um detalhe chamou mais a atenção da polícia: o revólver que teria sido usado no crime já está apreendido. Segundo o porta-voz da PM, tenente-coronel Paulo César Paiva, o mesmo adolescente já tinha sido apreendido pelo Batalhão de Radiopatrulha há duas semanas atrás, na zona norte de Aracaju e, na ocasião, estava armado. "O menor foi levado para a Delegacia Plantonista, autuado em flagrante por porte ilegal de arma, e em pouco tempo depois estava solto, por causa da fragilidade das nossas leis. E os policiais da Radiopatrulha não sabiam da informação de que esse menor seria o suspeito de atirar no advogado", disse Paiva.
Se a versão do adolescente apreendido for confirmada, a polícia irá descartar definitivamente a hipótese de atentado ou crime encomendado, que chegou a circular com força no dia do crime. A tese da tentativa de assalto, assumida pelo acusado, ganhou força após a análise das imagens colhidas por equipes do DHPP. "Pelos levantamentos trata-se de dois jovens em uma motoneta preta, bem velha, e com uma arma de fogo, provavelmente um revólver de baixo calibre. A abordagem é feita de forma muito atabalhoada. É mais provável que seja um roubo, praticado por jovens inconsequentes", disse o diretor do departamento, delegado Alessandro Vieira, no dia da divulgação das imagens.
Sérgio Aragão ficou internado por quatro dias no Hospital Primavera, no Jardins (zona sul), e já se recuperou do ferimento. O tiro passou por uma região entre o couro cabeludo e o osso do crânio da vítima, mas, de acordo com os médicos, não provocou nenhuma deficiência neurológica.