Quinta, 16 De Janeiro De 2025
       
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Meu nome é Gal!


Publicado em 12 de fevereiro de 2021
Por Jornal Do Dia


Gal Costa virada em uma nação

 

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Gal Costa completou 
75 anos e vem cele
brando o feito com gravações envenenadas de antigos sucessos e duetos empolgantes, com a colaboração de músicos de linhagens, linguagens e gerações diferentes. Tim Bernardes, Criolo, Jorge Drexler já tomaram parte no projeto. Também há um single com Daniela Mercury dando sopa na rede. E por aí vai.
‘Nenhuma dor’ vem sendo liberado a conta gotas, uma estratégia cada vez mais comum na era do streaming. Amante à moda antiga, afeito a varar discos de cabo a rabo, no entanto, eu aguardo o lançamento definitivo, com o material completo, a fim de me emocionar de uma vez por todas. Às vésperas do Carnaval, contudo, não posso me furtar a reviver um momento sublime, quando a cantora baiana regeu um coral dos mais inflamados, em edição recente do Festival de Inverno de Bonito. Desde então e para sempre meu nome é Gal.
Mas é Carnaval… – A vaia é um direito sagrado do homem livre, sem dever de consideração com as boas maneiras e a biografia dos governantes achincalhados. Mas até vingar em forma de xingamento, a insatisfação popular fermenta em um caldo grosso de interdições, violências, abusos de todas as ordens. Não por acaso, sem um pingo de paciência, a brava gente bronzeada manda o presidente tomar lá onde o sol não bate desde o Carnaval de 2019.
O episódio aqui em questão ocorreu no Mato Grosso do Sul, com a regência luxuosa de Gal. A artista baiana chegou a reproduzir o registro da catarse coletiva nas redes sociais. A bem da verdade, entretanto, a catarse ocorria a torto e a direito, onde quer que se juntasse um bolo de gente. Não houve ali nada de excepcional.
Fosse inteligente, Bolsonaro abriria os ouvidos. A boca suja dos indignados manda um recado direto, com todas as letras, em alto e bom som. O mesmo grito de guerra desaforado alertou a presidente Dilma sobre o declínio da hegemonia petista, após 13 anos com o poder de mando sobre o destino dos brasileiros. Desde então, nenhum dos seus sucessores apresentou um projeto de governo capaz de pacificar o País tropical.
A indignação não tem partido político. No entanto, desde os primeiros dias no cargo, o presidente Bolsonaro investe contra tudo e contra todos os indispostos a lhe babar os ovos. Adversários políticos, ambientalistas, professores, jornalistas, negros, gays e artistas são atacados sem descanso. O presidente semeia vento com o fim de colher tempestade. Com que proveito? O tempo dirá.
De acordo com os organizadores do evento, o Festival de Inverno de Bonito recebeu naquele ano um público estimado em seis mil pessoas por dia, uma fração da população brasileira. Mas, em momentos decisivos, um único homem, uma só mulher, é capaz de dar voz ao grito entalado na garganta de toda a nação. 
O Brasil é Gal!

Rian Santos

Gal Costa completou  75 anos e vem cele brando o feito com gravações envenenadas de antigos sucessos e duetos empolgantes, com a colaboração de músicos de linhagens, linguagens e gerações diferentes. Tim Bernardes, Criolo, Jorge Drexler já tomaram parte no projeto. Também há um single com Daniela Mercury dando sopa na rede. E por aí vai.
‘Nenhuma dor’ vem sendo liberado a conta gotas, uma estratégia cada vez mais comum na era do streaming. Amante à moda antiga, afeito a varar discos de cabo a rabo, no entanto, eu aguardo o lançamento definitivo, com o material completo, a fim de me emocionar de uma vez por todas. Às vésperas do Carnaval, contudo, não posso me furtar a reviver um momento sublime, quando a cantora baiana regeu um coral dos mais inflamados, em edição recente do Festival de Inverno de Bonito. Desde então e para sempre meu nome é Gal.

Mas é Carnaval… – A vaia é um direito sagrado do homem livre, sem dever de consideração com as boas maneiras e a biografia dos governantes achincalhados. Mas até vingar em forma de xingamento, a insatisfação popular fermenta em um caldo grosso de interdições, violências, abusos de todas as ordens. Não por acaso, sem um pingo de paciência, a brava gente bronzeada manda o presidente tomar lá onde o sol não bate desde o Carnaval de 2019.
O episódio aqui em questão ocorreu no Mato Grosso do Sul, com a regência luxuosa de Gal. A artista baiana chegou a reproduzir o registro da catarse coletiva nas redes sociais. A bem da verdade, entretanto, a catarse ocorria a torto e a direito, onde quer que se juntasse um bolo de gente. Não houve ali nada de excepcional.
Fosse inteligente, Bolsonaro abriria os ouvidos. A boca suja dos indignados manda um recado direto, com todas as letras, em alto e bom som. O mesmo grito de guerra desaforado alertou a presidente Dilma sobre o declínio da hegemonia petista, após 13 anos com o poder de mando sobre o destino dos brasileiros. Desde então, nenhum dos seus sucessores apresentou um projeto de governo capaz de pacificar o País tropical.
A indignação não tem partido político. No entanto, desde os primeiros dias no cargo, o presidente Bolsonaro investe contra tudo e contra todos os indispostos a lhe babar os ovos. Adversários políticos, ambientalistas, professores, jornalistas, negros, gays e artistas são atacados sem descanso. O presidente semeia vento com o fim de colher tempestade. Com que proveito? O tempo dirá.
De acordo com os organizadores do evento, o Festival de Inverno de Bonito recebeu naquele ano um público estimado em seis mil pessoas por dia, uma fração da população brasileira. Mas, em momentos decisivos, um único homem, uma só mulher, é capaz de dar voz ao grito entalado na garganta de toda a nação. 
O Brasil é Gal!

 

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