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Migrações Climáticas no Brasil
Publicado em 15 de junho de 2024
Por Jornal Do Dia Se
* Saumíneo Nascimento
Em um artigo publicado na Sociedade Geográfica Americana, escrito pela estudante de Geografia na Universidade McGill, Chiara Ryals é abordada a questão das migrações que ocorrem no Brasil decorrente de fatores climáticos.
Fica evidenciado que na publicação que o Brasil está situado em uma das regiões mais vulneráveis do mundo aos efeitos das alterações climáticas, que resultam em ondas de migração induzidas pelo clima.
As migrações forçam as pessoas a deixarem suas residências e suas histórias devido a desastres naturais, que têm sido mais recorrentes nestas últimas décadas. A autora do texto aponta que o Brasil enfrenta uma série de ameaças relacionadas ao clima, incluindo aumento das temperaturas, mudanças nos padrões hidrológicos e um aumento na frequência de eventos climáticos extremos, como inundações e secas.
No texto, a autora aponta que estas crises convergentes estão a impulsionar a migração interna, por vezes de uma área de risco para outra. As recentes inundações que deixaram mais de meio milhão de residentes sem casa no sul do estado do Rio Grande do Sul são apenas um exemplo dos eventos de deslocamento em massa que forçam a relocalização dentro do país.
A autora, Chiara Ryals também aborda que a Bacia Amazônica está passando por secas mais severas e prolongadas, juntamente com o aumento das taxas de desmatamento. Para ela, estas condições não só ameaçam a biodiversidade, mas também perturbam os meios de subsistência das comunidades locais que dependem da terra. Da mesma forma, a região semiárida do Nordeste do Brasil, conhecida como Sertão, enfrenta secas intensificadas, levando a quebras de colheitas, escassez de água e insegurança alimentar. Nas regiões do sul, pelo contrário, as chuvas intensas e as inundações tornaram-se mais comuns, causando deslocações em massa e danos a longo prazo nas infraestruturas e na agricultura.
Um ponto no artigo que merece destaque é o fato de que as populações rurais, especialmente de áreas atingidas pela seca como o Sertão, estão cada vez mais se deslocando para centros urbanos como Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro, contribuindo para o crescimento das populações urbanas. No entanto, as cidades costeiras do Brasil enfrentam os seus próprios riscos relacionados com o clima, incluindo a subida do nível do mar, a erosão costeira e as tempestades. As inundações não só representam perigos imediatos, mas também têm impactos duradouros na produção agrícola e no abastecimento de água. Estas catástrofes têm um efeito desproporcional nas populações pobres, que muitas vezes carecem de recursos para se adaptarem às graves mudanças locais. Nas áreas urbanas, os bairros de baixa renda e as favelas construídas em encostas vulneráveis estão particularmente em risco. Como resultado, os residentes destas comunidades são frequentemente deslocados no caso de eventos climáticos extremos.
Referidos dados apresentados sobre o Brasil de uma jovem estudante de Geografia em uma Universidade Canadense, demonstra como os futuros geógrafos estão dando continuidade à preocupação climática que sempre foi tema de interesse dos geógrafos em todos os tempos.
Destaco da minha formação de geografia que o nosso país está sujeito aos seguintes eventos climáticos: enchentes, erosões, incêndios, movimentos de massa, secas, temperaturas extremas e tempestades.
Dados de organismos internacionais sinalizam que os deslocamentos de pessoas no Brasil por questões climáticas anualmente é de aproximadamente 3,5 milhões de pessoas.
A avaliação internacional do Brasil em governança e capacitação para a resiliência climática é de 4,6, em uma escala que vai de 1 a 10, sendo 1 – baixo risco e 10 – alto risco, no quesito de riscos de mudanças climáticas. As nossas demais notas em perigos e exposições são as seguintes: inundações (7,7), ciclones (0,0), secas (4,5), perigo e exposição total (5,7).
Cabe registrar que as zonas climáticas do Brasil variam de acordo com a geografia, onde temos floresta tropical e clima tropical de monções na parte norte do país, clima tropical de savana nas regiões centrais, clima semiárido quente no leste e clima subtropical úmido no sul do país.
Ressalte-se que temos a maior floresta tropical do mundo, sendo a Amazônia vital para regular os padrões climáticos globais e apoiar a biodiversidade, e infelizmente, mesmo tendo ocorrido diminuição de desmatamentos nos últimos meses, ainda convivemos com atividades ilegais que não estariam adequadamente adaptadas para a sustentabilidade que o país necessita, a exemplo de atividades ilegais de pecuária, mineração e agricultura que impulsionam desmatamentos ilegais e que desapropriam comunidades originárias.
O nosso país precisa discutir mais o tema, pois as catástrofes naturais ainda irão ceifar muitas vidas em todo o mundo e terão implicações que resultarão em perdas econômicas que demoram na reconstrução e recuperação.
Diante do apresentado fica evidenciado que precisamos desenvolver políticas que protejam as pessoas deslocadas pela crise climática, inclusive verificando possibilidade de apoio e sustentação para os que pretendem retornar para as suas origens.