Mobilização da máquina estadual garantiu vitória de Fábio Mitidieri
Publicado em 05 de novembro de 2022
Por Jornal Do Dia Se
A mobilização das máquinas do governo do estado e das grandes prefeituras do estado – inclusive Aracaju e Nossa Senhora do Socorro – no segundo turno das eleições estaduais, foi mais forte do que o desejo por mudanças manifestado no primeiro turno pelo eleitorado sergipano. Com 623.851 votos (51,70%) Fábio Mitidieri (PSD) foi eleito governador de Sergipe.
A vitória de Rogério Carvalho (PT) no primeiro turno acabou despertando ocupantes de cargos em comissão e seus familiares sobre o risco de mudanças profundas no quadro de pessoal do estado. Muitas dessas pessoas ocupam CCs desde 2007 quando esse grupo que está no poder assumiu o poder com a vitória de Marcelo Déda.
Há poucos meses, este jornalista esteve no Palácio de Despachos, e na entrada encontrou com um ex-deputado que está num cargo de assessoria desde o início do governo Déda, numa confortável sala no segundo andar, abaixo do gabinete do governador. “Esqueceram da gente aqui”, brincou o assessor.
O mesmo acontece com jornalistas, economistas e advogados que dividem uma ampla sala no primeiro andar do palácio, entre a Secom e o Gabinete Militar, com o objetivo de “pensar o governo”. Todos muito bem remunerados, com salários que, acumulados, ultrapassam os vencimentos de um secretário de estado.
Mesmo com toda essa mobilização, Rogério Carvalho (PT) conquistou 582.940 mil votos (48,30%). A vitória do candidato governista foi com pouco mais de 40 mil votos.
A campanha de Rogério não conseguiu transferir para ele a excepcional votação de Lula (PT), eleito presidente da República, que obteve no estado 862.951 votos (67,21%) contra 421.086 (32,79%) de Jair Bolsonaro (PL). Em Aracaju, Lula obteve 57,26% dos votos válidos (190.875) e, o atual presidente 42,74% dos votos (142.489).
Foi na capital onde Rogério foi derrotado. Fábio Mitidieri obteve 187.048 votos em Aracaju, mais de 60 mil votos de frente. O prefeito Edvaldo Nogueira (PDT), por razões óbvias, tenta capitalizar os efeitos da vitória do candidato governista em seu reduto, como se tivesse sido o responsável pelo feito.
Edvaldo, de fato, faz uma administração aprovada pela população e no segundo turno se engajou plenamente na campanha de Mitidieri. No primeiro turno houve um relaxamento – uma espécie de advertência por ter sido preterido no momento da escolha da candidatura. Só trabalhou pra valer quando percebeu que a possibilidade da vitória de Rogério era uma realidade.
Edvaldo se considera tão responsável pela vitória de Fábio, que já está dando pitacos sobre a formação do novo governo. Esta semana, em sucessivas entrevistas, o prefeito sugeriu como será a formação da equipe. “Fábio Mitidieri fará um governo novo. Terá um novo arranjo, em virtude dos grupos que se uniram ao nosso bloco no segundo turno e diante da fragmentação do grupo que se formou em 2006 e que se mantinha até o ano passado”, entende.
Para Edvaldo, o novo grupo que se formou, com o senador Rogério Carvalho (PT) e o ex-governador Jackson Barreto (MDB), será oposição ao governo. “E os políticos que foram oposição no primeiro turno, mas se uniram ao nosso bloco no segundo, deverão fazer parte”, prevê. “Fábio terá que administrar esse novo bloco, que será rearrumado. Mas tenho certeza de que ele terá inteligência para isso, e que, ao mesmo tempo, governará o estado com excelência”, disse o prefeito.
Enquanto aliados já discutem a divisão do poder, Fábio Mitidieri reassume na terça-feira (8) o mandato de deputado federal, que estava sendo ocupado pelo suplente Alexandre Figueiredo (PSD), e prepara a equipe de transição. Será um período em harmonia com o governador Belivaldo Chagas (PSD), que colocou toda a máquina do estado à disposição da campanha.
Desde Marcelo Déda em 2006, Fábio Mitidieri é o primeiro governador eleito sem estar ocupando o cargo. Déda foi reeleito em 2010, Jackson Barreto assumiu em 2013 e foi reeleito em 2014, e Belivaldo assumiu em abril de 2018 e obteve a reeleição.
Ninguém pense em mudanças substanciais no novo governo.
Transição federal
Os nomes indicados pelo PT para a transição do governo Jair Bolsonaro para a gestão Luiz Inácio Lula da Silva deverão ser entregues ao governo federal na próxima semana, disse o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin nesta quinta-feira.
Alckmin, indicado por Lula como coordenador de sua equipe de transição, teve nesta quinta sua primeira reunião com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, a quem foi entregue o pedido de Lula para que o ex-governador de São Paulo seja oficialmente nomeado para o cargo de coordenação.
Alckmin destacou que a equipe tem 50 cargos em comissão para preencher, além de poder requisitar servidores para atuar na transição. Além disso, espera o vice-presidente eleito, os partidos deverão ter voluntários também trabalhando na formatação do novo governo.
Orçamento de guerra
O vice-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Marcio Macedo, também deputado federal e coordenador da campanha do presidente eleito, Lula, disse em entrevistas concedidas nesta semana que o país precisará de um “orçamento de guerra” para enfrentar a crise econômica instalada no Brasil, decorrente de medidas do governo Bolsonaro. Marcio foi cotado pelo presidente eleito, Lula, para fazer parte da equipe de transição do governo.
“Iniciaremos a transição de governo e estou ajudando a Gleisi Hoffmann (presidente do PT) na articulação política da transição e na gestão administrativa e financeira da transição, e o presidente Lula definiu que a transição, coordenada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, deve ser um momento de muito trabalho, de levantamento de dados e de um diagnóstico real da situação do Brasil. Já entramos nas discussões e defendo a existência de um orçamento que chamo de guerra, como teve para a covid-19, para enfrentarmos essa crise econômica instalada no país, decorrente desse governo desastroso e genocida. O presidente Lula quer, conforme proposta de campanha, começar o ano aquecendo a economia do Brasil”, disse o vice-presidente do PT.
Vaias surpreendem Edvaldo
O prefeito Edvaldo Nogueira foi surpreendido com as intensas vaias contra a presença do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante a abertura do 8º Congresso Norte/Nordeste de Secretarias Municipais de Saúde, na noite de quinta-feira, no Centro de Convenções. Mais ainda com a reação de Queiroga, que xingou de covardes os manifestantes antes de sair da sala cercado por seguranças.
Edvaldo foi responsável pelo convite ao ministro, e havia passado a tarde acompanhando homenagens na capital. O prefeito articulou com vereadores a aprovação de um título de cidadão aracajuano para o ministro de Bolsonaro, com o argumento de que durante o primeiro no da pandemia de covid-19 o ministério ajudou muito Aracaju.
Os secretários de Saúde, no entanto, não concordam muito com a avaliação do prefeito.
Frutas e aves, de Hortência Barreto
Julgamento no TSE
Um agravo impetrado pelo delegado André David (Republicanos) para suspender a decisão monocrática do ministro Sérgio Banhos, em julgar improcedente a impugnação apresentada pelo MPE e de deferir o registro de candidatura de Eliane Aquino, que altera o resultado das eleições em Sergipe, está sendo julgado pelo TSE.
Os 66.072 votos de Eliane reelegem o deputado federal João Daniel (PT), que obteve 68.969 votos, deixando de ser eleito André David, que entrou na lista de eleitos pela média, com 31.597 votos.
Eliane é acusada pelo Ministério Público Eleitoral (MP Eleitoral) de não se desincompatibilizar, quatro meses antes do pleito, como exige a lei, das presidências de conselhos deliberativos de quatro autarquias estaduais, nas quais exerceu funções de direção e administrativa. O relator do processo, ministro Sérgio Banhos, votou pela regularidade da candidatura por entender que as funções assumidas por ela nos conselhos não tinham caráter de direção ou administrativo, ou seja, não exigia desincompatibilização.
O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, divergiu da visão do relator e votou para negar o registro. De acordo com ele, as funções exercidas nos conselhos por Eliane Aquino guardavam aspectos de ordem administrativa, uma vez que ela poderia, entre outras atribuições, celebrar convênios, o que, em tese, teria a possibilidade de impactar o resultado da campanha eleitoral. Foi acompanhado pelo ministro Raul Araújo.
O julgamento será retomado a partir do voto-vista do ministro Carlos Horbach, sem data prevista para ser apresentado.
Rogério e a militância
O senador Rogério Carvalho (PT) reuniu, na noite desta quinta-feira (3), dezenas de lideranças e militantes de várias partes de Sergipe para agradecer o trabalho e empenho durante campanha eleitoral deste ano. Durante o evento, realizado num hotel localizado no entorno da Orla de Atalaia, em Aracaju, Rogério destacou que seu agrupamento de consolidou como a verdadeira posição de Sergipe, resultando num coletivo forte, aguerrido e com vontade de transformar a vida do povo.
“Nós acertamos na política do começo ao fim e não podemos trazer responsabilidades que não cabem a nós. Portanto, o momento é de gratidão, porque é emocionante ver toda a nossa militância reunida para reafirmar que não iremos arredar o pé da luta! Temos um importante trabalho pela frente ao lado do presidente Lula para reconstruir o Brasil e ajudar Sergipe”, destacou Rogério.
Ele também revelou que, quando acaba a uma eleição, “não cabe à oposição ir pra casa”. “O nosso papel, agora, é fiscalizar, é fazer a militância. Seguiremos atentos para cobrar que cada promessa feita, seja cumprida”, afirmou.