O papel das religiões de matriz africana na construção da identidade cultural brasileira (Divulgação)
Mostra traz filmes de terreiro para Sergipe
Publicado em 21 de setembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Até o próximo dia 22, a cidade de São Cristóvão receberá a “OJÚ – Mostra Audiovisual Olhares de Terreiro”, uma seleção de filmes nacionais de curta-metragem cujas narrativas trabalham com o universo das religiões de matrizes africanas. O evento acontece no Ilê Axé Alaroke, com a exibição de 33 produções de cineastas de 12 estados e Distrito Federal.
Além de entretenimento, essa jornada cinematográfica propõe educar e sensibilizar o público. Os realizadores mostram sua perspectiva sobre o papel das religiões de matriz africana na construção da identidade cultural brasileira, abordando desde rituais e festividades até questões sociais que essas comunidades enfrentam no dia a dia. Tendo o cinema o poder de provocar reflexões profundas e contribuir para a construção de um futuro mais justo e igualitário, a iniciativa torna-se uma ferramenta de apoio à valorização das heranças culturais negras do povo brasileiro.
A Mesa de Abertura traz o renomado pesquisador do audiovisual negro no Brasil, jornalista e doutor em Comunicação Pedro Caribé, para falar sobre ‘Cinema de Terreiro’. Os filmes foram divididos em categorias, sendo organizados em cinco sessões: Olhares Brasileiros, Olhares Nordestinos, Erê (infantil), Kékeré (curtas feitos com celular) e Abian (para cineastas em formação). As exibições serão seguidas de rodas de conversa, em que cineastas e especialistas poderão propor um diálogo enriquecedor.
Ao todo, a Mostra recebeu 127 inscrições e a equipe de curadoria ficou encantada com a riqueza e diversidade dos documentários e ficções que destacam os povos de terreiro como protagonistas. De acordo com uma das diretoras artísticas e produtoras da Mostra, Danielle Azevedo, a concretização de um evento desta natureza é de grande importância para a valorização da cultura afro-brasileira, oferecendo espaço para a exibição de produções cinematográficas independentes e servindo como veículo de representação para as narrativas das religiões de matriz africana, que historicamente enfrentam marginalização e preconceito.
“Esta Mostra está sendo realizada dentro de um terreiro de candomblé, sendo produzida por pessoas de terreiro e exibindo filmes cujos cineastas são, na maioria, de terreiro. Isso é algo bastante significativo. O público poderá conhecer a pluralidade das experiências afro-brasileiras de diversos cantos do país com uma qualidade técnica e estética que enriquece o panorama audiovisual brasileiro. Trata-se de celebrar a resistência, a diversidade e a força de uma cultura que é parte intrínseca da identidade brasileira. Ao promover a Mostra Ojú, estamos contribuindo para um cenário cinematográfico mais justo e inclusivo, em que todas as histórias têm um espaço para ser contadas e respeitadas”, ressalta Danielle.
A OJÚ – Mostra Audiovisual Olhares de Terreiro está sendo realizada com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio do Edital de Chamamento Público para a Seleção de Projetos Audiovisuais lançado em 2023 Fundação Municipal de Cultura e Turismo “João Bebe Água” (FUMCTUR) da Prefeitura de São Cristóvão/SE.