Quinta, 26 De Dezembro De 2024
       
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Motorista da Amanova é o quinto a ser preso


Publicado em 04 de junho de 2015
Por Jornal Do Dia


Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

Mais um desdobramento sobre o escândalo das verbas de subvenção da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese). Anteontem, foi preso o motorista Wellington Luiz Góes Silva, ligado à Associação de Moradores e Amigos do Bairro Nova Veneza (Amanova). Ele estava foragido há mais de duas semanas, depois de ter sua prisão preventiva decretada pela 1ª Vara Criminal de Aracaju. Segundo informações oficiais, ele se apresentou na sede do Ministério Público Estadual (MPE), no Capucho (zona oeste), conforme já estava combinado entre os promotores do órgão e os advogados do acusado. No entanto, fontes policiais disseram ao JORNAL DO DIA que o motorista foi detido por uma equipe do Departamento de Crimes contra a Ordem Tributária e Administração Pública (Deotap), a caminho do Aeroporto Santa Maria (zona sul da capital).

A Amanova é a entidade que, de acordo o Ministério Público, teria desviado cerca de R$ 1,1 milhão das verbas repassadas para que a associação construísse uma creche. A denúncia apontou ainda que parte deste valor, cerca de R$ 516,9 mil, foi sacada de uma das contas do Banese, com a transição registrada em seu nome. A prisão de Wellington acontece após a prisão de outras quatro pessoas envolvidas diretamente com a Amanova: a presidente Clarice Jovelina de Jesus, o microempresário José Agenilson de Carvalho Oliveira, o empresário Nollet Feitosa Vieira, o "Carlinhos", 38 anos, apontado como o principal operador do esquema de desvio, e o gerente das empresas de Nollet, Dernival Luiz de Moura.

Como estava previsto e já foi feito pelos outros envolvidos no Caso Amanova, Wellington Luiz também assinou um acordo de delação premiada com o MPE, no qual ele conta todas as informações sobre o caso e abre mão do direito de permanecer calado, em troca da futura redução de pena. Por toda a manhã de ontem, o motorista prestou depoimento à delegada Danielle Garcia Soares, do Deotap, e aos promotores Jarbas Adelino Júnior e Henrique Cardoso, do MPE. Em seguida, ele foi levado para a Delegacia Plantonista, no Centro. No começo da tarde, Wellington e Nollet- ‘Carlinhos’, foram liberados com autorização da justiça e deixaram a carceragem da unidade.

Há informações de que o motorista entregou documentos, recibos, cheques e gravações que seriam outras provas concretas do envolvimento de políticos, empresários e dirigentes de associações com o desvio das verbas encaminhadas às associações, por indicação dos deputados. Oficialmente, no entanto, o Ministério Público e a Polícia Civil não dão detalhes sobre o depoimento, alegando que o processo corre em segredo de justiça. "Enquanto o procedimento ainda estiver na fase investigatória, nós não vamos dar maiores detalhes. A partir do momento em que ele se tornar processo judicial, aí sim, podemos dar esclarecimentos. Por enquanto, estamos fazendo diligências, requerendo documentos, ouvindo pessoas e tomando outras medidas", justificou Jarbas.

Outra associação – A Polícia e o MPE conduzem ainda mais 18 inquéritos policiais abertos a pedido da 1ª Vara Criminal, sendo uma para cada entidade que recebeu verbas de subvenções da Assembleia Legislativa. Tais investigações são baseadas nos depoimentos das mais de 100 testemunhas de acusação que já foram ouvidas dentro do processo que corre no Tribunal Regional Eleitoral (TRE/SE) contra todos os 24 deputados da legislatura passada. O objetivo é saber se houve desvio ou apropriação indevida dos mais de R$ 12,4 milhões repassados pela Alese às entidades em 2014.

Um dos casos apurados é o da Associação Lira Musical Nossa Senhora da Conceição, de Capela, que recebeu R$ 300 mil em verbas da Assembleia. Ontem, o jornal "Correio de Sergipe" revelou que o vereador capelense Antônio Arimatéia Filho (PSB), investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) pela suspeita de ter usado os recursos na campanha eleitoral de 2014, compareceu ao MPE e deu um depoimento totalmente diferente do que deu no mês passado ao TRE, diante do juiz relator Fernando Stefaniu. Segundo a reportagem, Arimatéia teria admitido que sacou o dinheiro e entregou em um malote retirado na agência local do Banese para uma moça chamada Michele. Tais informações, no entanto, ainda não foram oficialmente confirmadas ou desmentidas pelo MP Estadual.

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