Durante o dia, longas filas se formaram nos postos que ainda tinham estoques de combustíveis
Movimento dos caminhoneiros afeta a vida dos sergipanos
Publicado em 25 de maio de 2018
Por Jornal Do Dia
Setores públicos e par- ticulares começam a sentir os efeitos negativos propagados pela greve geral idealizada por caminhoneiros do Brasil. Em Sergipe, a tímida paralisação iniciada na última segunda-feira, 21, sem adesão representativa por parte da categoria, desde então vem contabilizando apoio popular ao ponto de, somente na manhã e tarde de ontem, oito bloqueios terem sido promovidos nas estradas que cortam o Estado. Conforme o Jornal do Dia vem mostrando desde o início desta semana, a partir do momento em que o Governo Federal e a Petrobras começaram a multiplicar o aumento de preços dos combustíveis, em 1º de julho do ano passado, a elevação de preços nas refinarias, até a primeira quinzena de maio, já chegou a casa dos 42,25%.
Sem reabastecimento, dez postos de combustíveis em Aracaju registraram no final da tarde de ontem impossibilidade de seguir atendendo a demanda de clientes nesta sexta-feira. Apesar de o valor da gasolina, por exemplo, ter alcançado a casa dos R$ 4,80, o receio de ficar sem combustível atraiu milhares de aracajuanos para os postos ainda em atuação na capital. Em todas as regiões foi possível se deparar desde o início da manhã com estabelecimentos repletos de clientes em busca do produto. Situação semelhante deparada nos municípios de Nossa Senhora do Socorro, Itabaiana, Lagarto, Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora das Dores, Estância e São Cristóvão. Na tarde de ontem a ponte Aracaju/Barra também foi bloqueada.
Mobilização – O ato público foi realizado por taxistas que se solidarizam com a mobilização dos caminhoneiros. De acordo com o grupo, é inadmissível que o Governo Federal permaneça promovendo sucessivos reajustes no valor dos combustíveis, enquanto a qualidade de vida do brasileiro segue em decadência. Segundo estudo técnico realizado pela Central dos Sindicatos do Brasil (CSB), somente nos últimos 17 dias a Petrobras elevou o preço dos combustíveis onze vezes; oito delas reajustes acima do valor inflacionário do país. Já em Aracaju, motoristas de aplicativos também se uniram e realizaram uma manifestação por ruas e avenidas dos bairros: Centro, Grageru, Jardins, 13 de Julho, Jardins e Coroa do Meio, além dos conjuntos Inácio Barbosa e Augusto Franco.
Para Dênis Simões, motorista de Uber, a paralisação geral dos caminhoneiros contribuiu para que milhões de brasileiros se unissem ao pleito da categoria e encontrassem nesses bloqueios a oportunidade de intensificar os protestos nos quatro cantos do Brasil. Evidentemente contrário aos sucessivos reajustes dos preços nos postos de combustíveis, ele lamenta que, apesar da intensificação dos atos e do apelo popular, o presidente Michael Temer não se mostre flexível para atender às pautas dos manifestantes diante da proposta de minimizar os conflitos. Dênis ressalta que, apesar de necessitar do veículo para manter a respectiva sustentação familiar, estará presente nos próximos atos públicos.
"Não tem como ser diferente. Estamos deixando de contabilizar lucro agora para conseguir mais na frente. Que bom que tomamos vergonha na cara e partimos para as ruas protestar. Já não aguentava mais reclamar e ouvir de colegas lamentações sobre os novos reajustes, e não fazer nada. Sozinho minha voz não será ouvida, mas em grupo a situação é diferente e Temer terá que ceder", avisou.
Ceasa – Em virtude dos bloqueios, caminhões carregados de alimentos seguem inviabilizados de seguir viagem e promover a entrega na Central de Abastecimento do Estado de Sergipe (Ceasa). De acordo com a direção administrativa do local, até a tarde de ontem cerca de 40% da demanda ainda não havia sido entregue. Situação semelhante enfrentada por feirantes que atuam em feiras livres e no Mercado Central de Aracaju. A Associação dos Usuários da Ceasa de Aracaju (ASSUCEAJU) reconhece as dificuldades e não descarta a possibilidade de falta de alimento durante o final de semana. "Caminhoneiros sergipanos e de fora não estão passando pelas barreiras e isso compromete o abastecimento", informou o gerente administrativo, Heupler Lima.
Aeroporto – Apesar do anúncio apresentada na tarde da última quarta-feira, alertando probabilidade de falta de combustível para aeronaves, ontem o Aeroporto Santa Maria, em Aracaju, seguia com o fluxo normal. A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), garantiu que não ocorreram atrasos, nem cancelamentos de voos.
Ônibus – Sobre o serviço do transporte coletivo em Aracaju e na região metropolitana, a direção do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setransp), informou que: "o sistema continua com redução de aproximadamente 30% da frota. Ontem, 150 ônibus deixaram de operar desde o início da manhã. Todas as linhas de ônibus foram prejudicadas. Ainda não há previsão de retorno à normalidade. A situação é de redução do consumo diário de combustível e se a falta de diesel prosseguir até amanhã, será preciso parar mais ônibus". Já a Copertalse, que faz o transporte intermunicipal, informou que o serviço ocorre normalmente.
Aulas – A Universidade Federal de Sergipe (UFS) decidiu suspender as aulas nesta sexta-feira em função da redução do número de ônibus.