Motorista tenta furar o bloqueio e foi contido por manifestantes
MST bloqueia rodovia de acesso a Pirambu
Publicado em 18 de outubro de 2013
Por Jornal Do Dia
Kátia Azevedo
Cerca de 600 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fecharam na manhã de ontem o trevo de acesso aos municípios de Pirambu e Santo Amaro das Brotas, em protesto ao agronegócio e em defesa da reforma agrária.
Ao longo da rodovia, os manifestantes montaram uma barreira com galhos de árvore e queima de pneus, impedindo a passagem dos veículos, o que resultou num congestionamento de mais de dois quilômetros.
Os manifestantes cobraram agilidade no processo de assentamento de 210 famílias que estão acampadas à espera da reforma agrária no estado. Com críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff, que teria deixado de lado a execução da reforma agrária, o coordenador nacional do MST, Gileno Damasceno, citou que em Sergipe existem acampamentos com mais de 17 anos e que até hoje aguardam pela legalização das terras, sendo 16 processos para regularização de áreas assentadas ainda sem resposta do governo federal.
"Sergipe é um estado que apresenta menor número de processos para legalização das terras, mas o governo Dilma não coloca dinheiro necessário para que o projeto de emissão de posse aconteça. Nenhuma área foi vistoriada até agora, somente as que correspondem ao governo lula", criticou.
Este é o terceiro ato organizado pelo MST dentro da programação da Jornada Mundial de Lutas da Via Campesina em relação ao Dia Mundial de Alimentação, comemorado na quarta-feira. Na última terça-feira, 500 famílias ocuparam lotes do Platô de Neópolis para denunciar a expansão do agronegócio e do capital estrangeiro na agricultura no baixo São Francisco.
Na quarta-feira, 16, os trabalhadores rurais sem-terra participaram na cidade de Estância de uma audiência sobre a implantação de uma reserva extrativista que contemplará quatro municípios para a produção local de vários alimentos. "Esta discussão já dura cinco anos junto ao INCRA e Ministério Desenvolvimento Agrário, mas pouco avançou", diz Gileno.
Durante o protesto o motorista de guincho, de placa HZE 0888, licença de Aracaju, avançou em direção aos manifestantes, que reagiram. A Companhia Estadual de Trânsito (CPTran) foi acionada pelas lideranças do MST. O bloqueio durou das 6h às 9h, quando a rodovia foi liberada e o trânsito voltou ao normal.
Os integrantes do MST também fizeram um ato público em frente ao Terminal Marítimo Inácio Barbosa (TMIB), mais conhecido como Porto de Sergipe, responsável por importações e exportações sergipanas de cimento, coque, fertilizantes e trigo. Eles protestaram contra o atual modelo de agronegócio. "Os protestos também são para denunciar o sustento dado pelo governo ao agronegócio e às empresas transnacionais do setor exportador, especialmente da agricultura, em pleno quadro da crise econômica mundial, enquanto deixa em segundo plano os trabalhadores rurais, a pequena agricultura e a Reforma Agrária", destacou Gileno.
Segundo dados divulgados pelo MST, apenas em dezembro, o agronegócio demitiu 134 mil pessoas em todo país. O agronegócio foi o segundo setor que mais demitiu com a crise econômica, apesar da alta lucratividade do último período e os investimentos do governo. Em 2008, o BNDES desembolsou para os setores da mineração, agropecuária, celulose e papel cerca de R$ 17 bilhões. Do total de R$ 1,51 trilhão previsto para o período entre 2008 e 2011, somente o agronegócio tem previsão de R$ 45,1 bilhões em investimentos.
O MST está programando mais dois atos para esta semana como previsto na agenda de mobilização da Via Campesina.