Comerciantes querem ser ouvidos antes de mudanças na Ceasa
Mudanças na Ceasa irritam comerciantes
Publicado em 25 de março de 2018
Por Jornal Do Dia
Mudanças administra tivas na Central de Abastecimento de Aracaju (Ceasa) têm gerado insatisfações aos comerciantes que vendem , os mais variados tipos de frutas e hortaliças. Conforme lamentações dos denunciantes, sem antes promover um diálogo democrático e unificado com representantes de cada setor, a direção da Ceasa determinou, por exemplo, que caminhões carregados, antes estacionados nos fundos dos galpões, agora parem os veículos nas laterais, ou na frente dos estabelecimentos. Ficou deliberado ainda que os vendedores não poderão mais armazenar os produtos no chão, protegidos apenas por lonas.
Apesar de o Governo do Estado e a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação (Cohidro), serem os proprietários legais do imóvel, a Ceasa possui administração própria, parcialmente livre para promover mudanças internas sem a necessidade de prévia autorização do poder executivo estadual. Com isso, as alterações devem ser feitas mediante o desejo apresentado pela maioria dos comerciantes, bem como ouvindo a opinião dos consumidores que costumam frequentar o espaço todas as semanas. Para o vendedor José Antônio Travassos, o problema gira em torno da metodologia administrativa do grupo diretivo.
Alegando imparcialidade na condução dos interesses coletivos, o critico lamenta que os trabalhadores tenham, segundo ele, se deparado com a necessidade de apelar para a imprensa sergipana, a fim de denunciar a postura antidemocrática por parte de alguns gestores. "Se estão por aí dizendo que conversam com a gente, podem ter certeza que eles estão mentindo. Se imposições são tidas como conversa, aí sim eles estão certos. Digo isso porque o único diálogo que possuímos é na hora de receber a informação que teremos que nos adequar com as novas ordens. Aqui não existe reuniões par ouvir os vendedores interessados em discutir melhorias ou problemas da Ceasa", declarou.
Em contraponto, por meio de nota oficial a direção da Central de Abastecimento de Aracaju informou que as mudanças foram amplamente estudadas e visam maximizar o uso do espaço, bem como diminuir o congestionamento de veículos tanto no interior, como nos acessos ao local. Segundo a gestão, essas mudanças foram solicitadas, inclusive, pelos consumidores que estavam ameaçando deixar de realizar compras no espaço em virtude da desordem no fluxo de veículos e dificuldades na passagem entre os corredores. A proposta da mudança é facilitar o movimento de todos e evitar que a evasão de consumidores acabe interferindo no movimento econômico da Ceasa.
Cientes das alegações apresentadas pela direção, os vendedores dizem não ser contra realizar estudos técnicos que busquem qualificar com frequência o ambiente, desde que todas as partes interessadas nesse processo também sejam convidadas a acompanhar os encaminhamentos. Essa medida, enaltecida pelos críticos, tende a contribuir para que o sucesso das mudanças seja alcançado mais rapidamente e com a devida apreciação dos vendedores que pagam impostos para atuar no local e exigem serem ouvidos. Para ter uma banca de frutas cada comerciante paga uma taxa média mensal de R$ 160.
Diante do impasse, a vendedora Maria Telma espera que o Ministério Público Estadual e o Governo do Estado encaminhem representantes ao Ceasa para que possam intervir a favor da classe trabalhadora. "O nosso único desejo era que os nossos pedidos fossem ouvidos e debatidos. Com essa mudança os caminhões estão ficando muitas vezes na frente das bancas e isso tem afastado os fregueses. A resposta das mudanças está sendo totalmente a inversa do que eles (gestores) pensavam. Como aqui parece que não temos força para exigir a reformulação dessa estratégia fracassada, o jeito é pedir o apoio do governo e do MPE", avaliou.
A direção da Ceasa não voltou a se pronunciar sobre o assunto. O Governo de Sergipe, a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação e o Ministério Público Estadual até a manhã de ontem não haviam recebido as denúncias protocoladas pelos comerciantes.