Quinta, 26 De Dezembro De 2024
       
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Mulheres jovens atraem um taxista para a morte


Publicado em 19 de outubro de 2012
Por Jornal Do Dia


Fabiana e Marcela já estão presas e confessaram participação no crime

Jean Carlos, foragido do presídio de Glória, ainda não foi encontrado

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

Os assaltos contra taxistas em Aracaju atingiram na noite de anteontem o seu estágio mais grave, com o assassinato do taxista Manoel Nilton de Souza Messias, o "Bigode", 56 anos. Ele foi encontrado por volta das 22h30 na comunidade "Suvaco da Gata", no bairro Santa Maria (zona sul da capital), ferido com tiros na cabeça e no peito, e morreu enquanto era socorrido no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse). Segundo as investigações da 9ª Delegacia Metropolitana (Santa Maria), "Bigode" foi vítima de um latrocínio (roubo seguido de morte). O crime revoltou a categoria e provocou uma resposta rápida da polícia, que identificou o envolvimento de cinco pessoas.

Entre os acusados, estão três mulheres: Marcela da Conceição Santos, 23 anos, Fabiana dos Santos, 18, e de uma adolescente de 14 anos, presas ontem à tarde no bairro Santa Maria por policiais da 9ª DM. Elas são apontadas como as passageiras que abordaram Manoel na feira livre do Conjunto Augusto Franco, onde ele fazia ponto. As três foram autuadas em flagrante por latrocínio. Dois homens igualmente envolvidos no crime estão foragidos: o presidiário Jean Carlos Santos de Oliveira, 33, foragido do Presídio Regional Senador Leite Neto (Preslen), em Nossa Senhora da Glória (Sertão), e o irmão dele, um adolescente de 17 anos.

A abordagem dos criminosos, segundo familiares, aconteceu por volta das 21h30, depois que "Bigode" foi chamado para fazer uma corrida. "Ele chegou em casa, deixou a feira e saiu para ganhar mais um trocado", contou o irmão do sogro da vítima, Alex de Souza, relatando que a esposa do taxista chegou a pedir que ele ficasse em casa. Ao chegar à feira, as três mulheres pediram que o taxista fosse até o bairro Santa Maria, o que aconteceu. Depois de alguns momentos, o veículo parou no "Suvaco da Gata", onde o taxímetro do carro registrava uma corrida de R$ 22,63. Foi quando o latrocínio aconteceu.

De acordo com o superintendente interino da Polícia Civil, delegado Flávio Albuquerque, as mulheres agiram orientadas por Jean, cujo plano era escolher aleatoriamente um taxista em um horário em que eles tivessem feito muitas corridas. Quando o carro de "Bigode" chegou ao "Suvaco da Gata", as passageiras desceram e o taxista foi dominado por Jean e o seu irmão. "Foi anunciado o assalto pelos dois elementos, que saíram do mato durante o desembarque, na escuridão. E o taxista, sem esboçar qualquer tipo de reação, foi covardemente assassinado pelos dois. Eles dispararam vários tiros contra a vítima e tomaram toda a renda", relatou Flávio, apontando que Manoel também foi esfaqueado na barriga.

O carro com a vítima foi encontrado por policiais militares que foram acionados após uma denúncia anônima. O veículo estava sujo de sangue e tinha marcas de tiros na lataria, nos pneus e no pára-brisa. Alex, que soube do crime por um telefonema dos PMs, disse que "Bigode", além de ferido, estava em estado de choque, a ponto de resistir ao socorro de uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). "Deu trabalho pra sair do carro. Ele estava agarrado no volante e não queria sair do táxi, porque aquilo era a vida dele. E nem conseguia contar o que aconteceu", lembra o parente.

Levado para o Huse, Manoel chegou a ser sedado e recebeu os primeiros socorros na Ala Vermelha, mas morreu três horas depois. O corpo foi velado durante a manhã no velatório Osaf, no Centro de Aracaju, com a presença maciça de taxistas chocados com o crime. "Um crime brutal, covarde. Foi a vida de um pai de família que era muito carinhoso com seus filhos e seus netos, que era o pilar desta família. Nós clamamos por justiça", desabafa Alex. O enterro aconteceu ao final da tarde em Lagarto (Centro-Sul). "Bigode" era casado, pai de quatro filhos e avô de quatro netos.

Irmãos latrocidas – As investigações se desdobraram já no final da noite de anteontem, quando o taxista foi encontrado. A suspeita é de que os criminosos esconderam-se em um morro coberto pelo matagal e escaparam por ali.  No entanto, várias denúncias anônimas foram chegando à policia, resultando na prisão de Marcela, Fabiana e da adolescente, as quais admitiram sua ligação com Jean Carlos e o adolescente. "Elas são muito próximas a eles, participam diretamente do crime e beneficiam-se com o proveito deles", acusa o delegado Flávio. Em depoimento à delegada Juliana Alcoforado, as três confessaram a participação no crime e disseram que o combinado era apenas roubar Manoel, mas os parceiros descumpriram o acordo e resolveram matá-lo.

Albuquerque confirmou que os acusados foragidos são considerados de alta periculosidade. Jean responde a vários processos por roubo e latrocínio, mas fugiu do presídio de Glória em 8 de agosto deste ano. O irmão menor, por sua vez, já tem dois mandados judiciais de internação pelo mesmo crime. "O Jean e o adolescente são useiros e vezeiros na prática do latrocínio. Não têm como característica o tráfico, mas são dados à prática de assaltos com extrema violência, e não raro as suas vítimas são assassinadas por eles durante os assaltos", alertou ele. Segundo a polícia, uma das práticas de Jean durante os homicídios é arrancar os olhos ou cortar as gargantas das vítimas ou inimigos.
A polícia também busca apreender as armas usadas no crime e encontrou alguns pertences no carro do taxista. Qualquer informação sobre o paradeiro dos suspeitos poderão ser repassadas ao Disque Denúncia, através do telefone 181.  

Segundo crime – Este foi o segundo assassinato de taxistas ocorrido na capital em menos de uma semana. Na tarde do último dia 12, feriado do Dia das Crianças, o taxista Jorge Henrique dos Anjos Lima, 27, que fazia táxi-lotação, foi morto com um tiro na cabeça enquanto trocava o pneu do carro na Avenida Alexandre Alcino, também no Santa Maria. De acordo com testemunhas, um homem aproximou-se da vítima em uma bicicleta e, sem nada dizer, deu um tiro na cabeça de Jorge, matando-o na hora. A vítima morava no Augusto Franco, era filho de um policial civil e, segundo informações, já teria sido usuário de drogas. O Departamento de Homicídios da Polícia Civil (DHPP) investiga o caso.

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