Na batalha

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br

Roger Kbelera é um batalhador. A disposição para fazer e acontecer não garante espaço cativo nesta página para nenhum artista. Mas, enquanto se vira, o cantor e compositor do Bugio compõe versos carregados de uma malícia muito verdadeira. Assim, quando ele bate uma lata, esteja onde estiver, o barulho bom reverbera aqui.
Nos dias 14 e 17 de fevereiro, Roger Kbelera é a grande atração do Carna Sons, promovido pelo Shopping Prêmio. Os frevos do repertório não constam do trabalho autoral em que Kbelera soltou a voz, a fim de reivindicar a devida atenção na praça Serigy. Artista de rua, no entanto, ele aproveita a oportunidade, fatura os trocados minguados do cachê.
Neste particular, Kbelera faz igual a todo mundo. No fim das contas, nossos artistas reclamam apenas os meios de colocar o próprio trabalho na boca do povo, exigem a oportunidade de colocar a mão na massa.
Para outro fim não existe a Funcap. O aparelho cultural do estado, ainda muito concentrado na capital, deveria servir de palco aberto e ponto de encontro. Mas após uma feliz (re) inauguração, o Centro de Criatividade encravado nas alturas da Caixa D’água, por exemplo, foi mais uma vez entregue às baratas. Não há sequer a intenção de uma agenda voltada para a animação do lugar.
Eventos de natureza episódica, paridos na cachola de gestores trancados a sete chaves, alheios ao pulso da aldeia, não responderão à reclamação já antiga de quem vive para dar voz e corpo ao anseio de sergipanidade cantado em verso e prosa nas campanhas publicitárias do Governo de Sergipe. O resto é burocracia, cerimônia, rapapé. E silêncio.