O Cemitério São João Batista passa regularmente por um processo de desinfecção
Não há risco de caos funerário em Aracaju
Publicado em 10 de abril de 2021
Por Jornal Do Dia
Milton Alves Júnior
Os números são reais e assustadores. Depois de o mundo observar o Brasil enfrentando colapso em centenas de unidades hospitalares públicas e particulares instaladas nas 27 unidades federativas, um dossiê desenvolvido pela Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif) chama a atenção, sobretudo dos gestores públicos, para o risco iminente de pane unificada no setor funerário.
No ranking negativo, o estado de Sergipe surge na 20ª posição ao contabilizar aumento real de 10,46%, ficando à frente de estados como Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Paraná, Paraíba e Rio Grande do Sul. O problema – conforme destacado pelos membros da Abredif -, é que, mesmo diante da maior crise sanitária deparada pela humanidade desde a segunda quinzena de dezembro de 2019, as expectativas para 2021 seguem não sendo as melhores. Tendo a covid-19 como protagonista desses registros, os indicativos, se comparado ao primeiro trimestre do ano passado, são ainda mais impactantes. Dados atualizados pela Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), e compartilhados ao JORNAL DO DIA, fortalecem essa tese.
João Batista – Em abril do ano passado o Cemitério São João Batista contabilizou 168 enterros, sendo um por covid; este ano, somente nos oito primeiros dias deste mês, foram registrados 79 sepultamentos, sendo 38 por complicações provocadas pelo coronavírus. Apesar do aumento representativo no fluxo de operações funerárias, a Prefeitura de Aracaju garante que neste momento não há perspectivas de colapso no maior cemitério público do estado de Sergipe. De acordo com o presidente da Emsurb, Luiz Roberto Dantas, a garantia de qualidade na assistência se torna possível devido ao trabalho promovido pela administração municipal de forma intensificada entre os anos de 2017 e 2019.
"Hoje não enfrentamos superlotação em nossos cemitérios, em especial no São João Batista, em decorrência das medidas de reorganização que foram promovidas pela Prefeitura de Aracaju anos antes de o mundo se deparar com o coronavírus. Até o ano de 2016, por exemplo, por variados motivos moradores de outros municípios eram enterrados em Aracaju; houve uma reorganização administrativa, e, hoje, apenas podem ser sepultados nos nossos três cemitérios, apenas pessoas com residência na capital sergipana", esclareceu. Como o período de exumação é de dois anos, a rotatividade tem sido ampla ao ponto de minimizar os riscos de indisponibilidade de gavetas.
A Prefeitura de Aracaju enalteceu que segue administrando três cemitérios: Helena Bandeira (Atalaia), ABC (Jardins), e São João Batista (SJB). O ABC não recebe mais sepultamentos; o Helena Bandeira realiza sepultamentos apenas de membros das famílias que já possuem jazigos; o SJB está em funcionamento para atender múltiplos sepultamentos. No que se refere à vulnerabilidade sanitária e ao alto risco de contaminação, a Emsurb garantiu que permanece intensificando o respeito integral às regras emanadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para sepultamentos. Com o surgimento e agravo do coronavírus e suas cepas, Luiz Roberto destacou que os trabalhos de desinfecção dos cemitérios foram reforçados.
"Não tinha como ser diferente. Devido ao nosso trabalho de cautela e busca pela excelência no atendimento público, hoje, apesar dos impactos preocupantes que o vírus nos impõe, conseguimos observar um cenário operacional menos preocupante; se a prefeitura não buscasse promover melhorias, talvez a situação estaria mais difícil. Paralelo a isso, todos os serviços de desinfecção foram fortalecidos, em respeito às exigências da Anvisa, e em respeito à vida de todos", completou o presidente. Quando a Emsurb se refere às mudanças, elas incluem ainda a construção de 267 novas gavetas, sendo 30 para obesos. Desta forma, o cemitério passou a contar com 4.485 gavetas, distribuídas em 66 blocos.