Terça, 30 De Abril De 2024
       
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Não julgarás!


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Publicado em 11 de janeiro de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Rian Santos
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De passagem por Aracaju, o amigo FabioRogério bate à minha porta com um novo documentário embaixo do braço. Trata-se de um primeiro corte do filme, ainda sujeito a toda sorte de idas e vindas, ao sabor das decisões a serem tomadas pelo diretor. O longa-metragem deve percorrer um longo caminho, até ganhar uma versão definitiva. Desde já, no entanto, importa celebrar a rara disposição de um realizador sergipano para o diálogo franco.
Diferente dos realizadores apaixonados pelas próprias teses, Fabio Rogério está sempre disposto a observar, a ouvir. É assim desde ‘A eleição é uma festa’ (2013), quando ele se dispôs a acompanhar dois candidatos a vereador em peregrinação diária, à cata de votos nas ruas da capital sergipana. Batman e Robin poderiam ser retratados como personagens de circo. Mas nem por isso foram expostos ao ridículo.
Esta é uma questão ética das mais importantes. As razões para que os candidatos chamassem a atenção do diretor eram óbvias. Mas o filme tinha uma razão objetiva, muito maior do que a caricatura do candidato/palhaço, pura e simples. Ao invés de deitar e rolar sobre a ambição vulgar de um e outro, Fabio Rogério convida à reflexão, sem apontar o dedo para ninguém.
Conclusões emergem das imagens, possibilidades de entendimento, naturalmente. O próprio diretor dividiu suas impressões com esta página, em oportunidade anterior. Para ele, mais do que a aventura individual dos personagens mascarados, importava a questão de fundo.
“A política partidária é isso mesmo. Batman e Robin, os personagens de meu filme, sabiam que não seriam eleitos, mas acreditaram que poderiam ser beneficiados pelo grupo político a que estavam filiados, a depender de suas votações. Acho que o curta é um reflexo da nossa fragilidade democrática. O processe eleitoral brasileiro é bastante frágil, pois qualquer um pode se fantasiar e se apresentar como candidato, a despeito de uma trajetória, uma militância, uma plataforma política”.
O filme em vias de ganhar forma cava ainda mais fundo no buraco onde nós, os brasileiros, nos metemos, em momento especialmente sensível. Isso por que o julgamento moral, do qual Fabio Rogério se abstém, foi adotado como pedra de toque da militância localizada à esquerda do espectro político. Uma tentação sem proveito. Ainda mais com a infeliz emergência do bolsonarismo.

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