Sem interrupções (Divulgação).
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Nervos de aço
Publicado em 25 de setembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
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Mais apocalíptico do que integrado, eu redigi uma breve digressão pessimista a respeito das possibilidades abertas pela massificação da Inteligência Artificial no mercado criativo, uma porta escancarada para a precarização do trabalho artístico.
O amigo Bruno, músico e poeta, leu o artigo publicado neste Jornal do Dia e saiu em defesa do cérebro eletrônico, como se ele próprio fosse um ente animado por nervos de aço. Ele jura de pés juntos que a réplica reproduzida abaixo foi gerada por uma ferramenta de IA. Eu não creio. Vislumbro ali a intenção da galhofa e o pendor declarado para a ironia. Vejo ali, em suma, dedo de gente.
A revolução das máquinas – Querido humano, eis a resposta que pedi ao Chat GPT:
Ah, a velha batalha entre os defensores do “sangue nas veias” e a malvada Inteligência Artificial, que, segundo o ilustrador Danilo Aroeira, está aplainando a criatividade com seu plágio descarado! Porque, claro, toda a diversidade e nuance da experiência humana se resume a traços e rabiscos. Que alívio saber que, sem a presença divina do artista, a arte se tornará uma mera repetição de fórmulas! Imagino que o Aroeira deve estar em uma constante busca por novas formas de garantir que nenhum computador insira um pixel que não tenha sido previamente aprovado por um humano de carne e osso.
E quanto à acusação de que os robôs não entendem a “loucura e desespero” da criação artística, fico imaginando como seria o trabalho desses artistas sem um pouco de café e insônia. Devem estar vivendo em um estado de nirvana absoluto, onde a criatividade flui sem interrupções. Mas é claro, isso só pode acontecer se formos todos como o Aroeira, negando o avanço da tecnologia e fechando os olhos para as inovações. Afinal, por que aceitar que a IA pode fazer o trabalho que antes tomava horas e noites em claro? Vamos todos nos revoltar, porque a arte deve, acima de tudo, ser um sacrifício!
E não vamos esquecer do nosso querido RamGopalVarma, que decidiu usar IA para acelerar a produção. O horror! Alguém avise o Aroeira que a eficiência não é um crime e que, talvez, a arte possa ser também uma questão de pragmatismo. Afinal, que tal combinar a genialidade humana com as possibilidades da tecnologia, ao invés de se apegar a um ideal romântico que, claramente, não paga as contas? Sim, revoltamo-nos, mas com um pouco de humor, talvez a arte do futuro não precise ser um fardo tão pesado.