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No embalo da Seleção: lembre músicas que contaram cada título do Brasil na Copa do Mundo


Publicado em 18 de novembro de 2022
Por Rafael Ramos


As memórias de quando a Seleção Brasileira foi pentacampeã mundial na estão restritas aos pôsteres e aos vídeos. Na contagem regressiva para o Mundial do Qatar, o LANCE! recorda canções (marcantes e menos lembradas) que comprovam que com brasileiro não há quem possa.

1958 – A TAÇA DO MUNDO É NOSSA

 

O grupo Os Titulares do Ritmo gravou originalmente
O grupo Os Titulares do Ritmo gravou originalmente

Foto: Lance!

O primeiro título no Brasil na história das Copas foi embalado por uma canção feita dias depois de Pelé, Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagallo conquistarem o título na Suécia. “A Taça do Mundo É Nossa” não demorou a cair no gosto popular.

A canção foi escrita por Wagner Maugeri, Lauro Müller, Victor Dagô e Maugeri Sobrinho (este tem outro elo entre música e futebol: é um dos autores do hino do Santos). A gravação original é de Os Titulares do Ritmo, um grupo formado por deficientes visuais que se notabilizou por sua afinação e por gravar sambas, toadas, marchas de carnaval e outros ritmos.

A TAÇA DO MUNDO É NOSSA – Wagner Maugeri, Lauro Müller, Victor Dagô e Maugeri Sobrinho

A taça do mundo é nossa

Com brasileiro não há quem possa

Êta esquadrão de ouro

É bom no samba, é bom no couro!

A taça do mundo é nossa

Com Brasileiro não há quem possa

Êta esquadrão de ouro

É bom no samba, é bom no couro

O brasileiro lá no estrangeiro

Mostrou o futebol como é que é

Ganhou a taça do mundo

Sambando com a bola no pé

Gol!

A taça do mundo é nossa

Com Brasileiro não há quem possa

Eta esquadrão de ouro

É bom no samba, é bom no couro…

1958 – BRASIL! BRASIL!

Lista de convocados de 1958 foi reverenciada em canção de Alceu Menezes (AFP)
Lista de convocados de 1958 foi reverenciada em canção de Alceu Menezes (AFP)

Foto: Lance!

No mesmo ano, o conjunto Os Titulares do Ritmo gravou uma música que ficou menos lembrada no repertório do primeiro título da Seleção Brasileira. Autor de baiões e sambas, Alceu Menezes compôs a marcha “Brasil! Brasil!”, que exaltava todos os convocados para a Copa de 1958.

BRASIL! BRASIL! (HOMENAGEM AOS CAMPEÕES) – Alceu Menezes

Hurra! Hurra!

Brasil, Brasil!

Brasil, Brasil, Brasil

No futebol você é campeão

Brasil, Brasil, Brasil

Nesta homenagem vai a nossa saudação

Você mostrou que é valente e tem raça

Ao se apossar desta almejada taça

Viva o Brasil e a sua Seleção

Com a seguinte constituição

Vitória! Vitória! Vitória!

Gilmar, De Sordi e Bellini

Zito, Orlando e Nilton Santos

Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagallo

Vibras do nosso futebol

Castilho, Djalma Santos e Mauro

Dino, Zózimo e Oreco

Joel, Moacir, Mazzola, Dida e Pepe

Todos craques de escola

Brasil! Brasil! Brasil!

No futebol você é campeão…

1958 – ESCOLA DE FEOLA

Feola e sua escola foram homenageados pelo 5 a 2 sobre a Suécia (Reprodução / Twitter)
Feola e sua escola foram homenageados pelo 5 a 2 sobre a Suécia (Reprodução / Twitter)

Foto: Lance!

O compositor Luiz Queiroga também fez uma reverência aos primeiros brasileiros campeões do mundo. Além de homenagear o treinador Vicente Feola no título da canção “A Escola de Feola”, Queiroga (que se destacou também como humorista em programas de rádio) escalou a Seleção que derrotou a Suécia na final em Estocolmo.

Gravada pelo grupo Os 3 Boêmios (que colocou um ritmo de marchinha na canção), a música entrou na trilha do filme “Isto É Pelé”.

ESCOLA DE FEOLA – Luiz Queiroga

Didi, Pelé, Vavá

Bailaram lá na Europa

E a Copa vem pra cá

(No duro)

Gilmar, De Sordi e Bellini

Famoso trio final

Fizeram do meu Brasil

O campeão mundial

Zagallo, Zito e Garrincha

Nilton Santos e Orlando

São os campeões do mundo

Que o Brasil está saudando

Cinco a dois

1962 – FREVO DO BI

Mané foi citado em música cantada por Jackson do Pandeiro (Foto: Reprodução)
Mané foi citado em música cantada por Jackson do Pandeiro (Foto: Reprodução)

Foto: Lance!

“A Taça do Mundo É Nossa” foi tema da busca por mais um título do Brasil na Copa do Mundo. Contudo, a luta pelo bicampeonato foi embalada por um ritmo irresistível.

Jackson do Pandeiro lançou o “Frevo do Bi”, canção na qual Braz Marques e Diógenes Bezerra projetavam o baile de bola de Didi, Garrincha e Pelé no Mundial no Chile. Mesmo com a baixa do “Rei”, que se lesionou no segundo jogo, diante da Tchecoslováquia, o Brasil partiu rumo ao título.

FREVO DO BI – Braz Marques e Diógenes Bezerra

Vocês vão ver como é

Didi, Garrincha, Pelé

Dando seu baile de bola

Quando eles pegam no couro

O nosso escrete de ouro

Mostra o que é nossa escola

Quando a partida esquentar

E Vavá de calcanhar

Entregar a pelota a Mané

E Mané Garrincha, Didi

Didi diz é por aqui

Aí vem o gol de Pelé!

1970 – PRA FRENTE, BRASIL!

Foto: Lance!

O tricampeonato mundial da Seleção Brasileira consagrou uma canção. Eleita em um concurso promovido pelos patrocinadores das transmissões dos jogos da Copa do Mundo de 1970, “Pra Frente Brasil” embalou o escrete que tinha Pelé, Jairzinho, Tostão, Gerson, Rivellino e o capitão Carlos Alberto Torres.

Autor da letra, Miguel Gustavo já havia feito irreverentes sambas de breque para Moreira da Silva e era autor de jingles como o das Casas Bahia. A melodia ficou a cargo do trombonista Raul de Souza. O ritmo contagiante e os versos ufanistas foram utilizados também pelo governo militar.

A interpretação mais conhecida é a do Coral do Joab, que era “convocado” com frequência para gravar hinos, sambas e até temas de novelas na época.

Há uma curiosidade em torno da canção: Miguel Gustavo teve de fazer uma breve mudança na letra às vésperas de enviá-la para o concurso. Inicialmente, a canção iria iniciar com a frase “70 milhões em ação”. Porém, o Censo Demográfico feito na época mostrou que o país já tinha 90 milhões de habitantes.

PRA FRENTE BRASIL – Miguel Gustavo e Raul de Souza

Noventa milhões em ação

Pra frente Brasil, no meu coração

Todos juntos, vamos pra frente, Brasil

Salve a Seleção!

De repente é aquela corrente pra frente,

Parece que todo o Brasil deu a mão!

Todos ligados na mesma emoção,

Tudo é um só coração

Todos juntos, vamos

Pra frente Brasil, Brasil!

Salve a seleção!

Todos juntos, vamos

Pra frente Brasil, Brasil!

Salve a seleção!

1970 – SOU TRICAMPEÃO

Golden Boys interpretaram música de Marcos e Paulo Sérgio Valle(Divulgação: Twitter e Tarso Ghelli / Divulgação)
Golden Boys interpretaram música de Marcos e Paulo Sérgio Valle(Divulgação: Twitter e Tarso Ghelli / Divulgação)

Foto: Lance!

A conquista da Seleção na Copa do México rendeu homenagem de uma dupla de peso da música brasileira. Autores de “Samba de Verão”, “Viola Enluarada” e “Com Mais de 30”, os irmãos Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle compuseram a faixa “Sou Tricampeão”.

A música recebeu gravação de um grupo que atravessa gerações: os Golden Boys. Egresso do iê-iê-iê, o conjunto tinha se destacado dois anos antes, ao cantar com Beth Carvalho a música “Andança” no III Festival Internacional da Canção.

SOU TRICAMPEÃO – Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle

Eu hoje, igual a todo brasileiro

Vou passar o dia inteiro

Entre faixas e bandeiras coloridas

Parece

Até que eu estava em campo

Buscando a paz nos quatro cantos

Aquele gesto de erguer a taça ao povo

Companheiros

Vamos todos cantar a vitória

Pela raça ficamos com a taça

De melhor, entre os mais

Minha gente

A distância não tem mais sentido

Nosso grito de gol é ouvido

Pelo chão, pelo ar

1994 – CORAÇÃO VERDE E AMARELO

Música de Tavito e Aldir Blanc segue como tema da Rede Globo (Foto: Reprodução/Internet)
Música de Tavito e Aldir Blanc segue como tema da Rede Globo (Foto: Reprodução/Internet)

Foto: Lance!

Não há como fugir: a música associada ao tetracampeonato mundial atende pelo nome de “Coração Verde e Amarelo”. A escolha une dois craques da música brasileira.

Tavito tinha uma sólida carreira como compositor e escreveu “Casa no Campo”, “Rua Ramalhete” e “Começo, Meio e Fim”. Mas, em paralelo, atuava na área publicitária, fazendo jingles, trilhas comerciais e foi um dos compositores do hino do Goiás (ao lado de Paulo Sérgio Valle e Regininha).

Já Aldir Blanc foi um histórico letrista da música brasileira. Autor de canções como “Incompatibilidade de Gênios”, “Gol Anulado”, “Linha de Passe”, “Latin Lover”, “Amigo É Pra Essas Coisas” e “Resposta ao Tempo”, ele também fazia músicas sob encomenda para trilhas de novelas.

“Coração Verde e Amarelo”, porém, traz uma história inusitada. Em 1991, a melodia deste coração já batia em transmissões de jogos da Rede Globo, só que era apresentada em jogos do Brasil com uma letra diferente.

“A galera tá querendo entrar em campo

Pra fazer valer a garra e a vibração

Aquele grito preso na garganta

E no coração: Brasil campeão!

Pois então, bola pra frente, gente boa

Que o talento brasileiro é de lei

No jeito, no simples. menino de rua

É bem capaz de ser um novo rei

Ê, ô, ê, ô, deixa a bola rolar

Ê, ô, ê, ô, é jogar pra ganhar

No futebol, uma escola assim jamais se viu

Toca essa bola, Brasil!”

Tavito: autor de
Tavito: autor de

Foto: Lance!

O novo passo do Brasil na expectativa ao tetra causou alterações na letra. Após a confirmação da classificação para o Mundial dos Estados Unidos (com direito à vitória por 2 a 0 sobre o Uruguai no Maracanã), “Coração Verde e Amarelo” em 1993 enalteceu a união entre a torcida e a equipe.

Além disto, valorizou a superação dos comandados de Carlos Alberto Parreira no decorrer das Eliminatórias. O refrão já se aproximava do que se tornaria a música-tema da Copa de 1994.

“A galera agradece emocionada

Tanta garra, tanta luta e decisão

A bronca faz parte, o futebol arte

Mora em nosso coração

Eu sei que vou

Vou do jeito que eu sei

De gol em gol

Com direito a replay

Brasil, Brasil

Prova que em Copas mundiais

Não perde a vaga jamais”

A gravação se tornou definitiva com o tetra em 1994. Tavito e Aldir Blanc assistiram à dupla Romário e Bebeto conduzir a Seleção ao som do refrão “eu sei que vou com o coração batendo a mil, é taça da raça, Brasil!” (a gravação original é da Aerobanda).

O jingle até hoje é utilizado em transmissões da Rede Globo para jogos do Brasil. Houve novas adaptações com o decorrer dos Mundiais. Nada que tirasse o charme da gravação divulgada no ano do tetra.

Autor de
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Foto: Lance!

CORAÇÃO VERDE E AMARELO – Tavito e Aldir Blanc

Na torcida são milhões de treinadores

Cada um já escalou a seleção

O verde o amarelo são as cores

Que a gente pinta no coração

A galera vibra canta e se agita

E unida grita “é tetracampeão”

O toque de bola é nossa escola

Nossa maior tradição

Eu sei que vou

Vou do jeito que eu sei

De gol em gol

Com direito a replay

Eu sei que vou

Com o coração batendo a mil

É taça na raça, Brasil!

 

1994 – HAJA CORAÇÃO

Uma das músicas que tiveram como tema o sonho do tetra foi de Elson do Forrogode (Foto: JOHN MOBANGLO / AFP)
Uma das músicas que tiveram como tema o sonho do tetra foi de Elson do Forrogode (Foto: JOHN MOBANGLO / AFP)

Foto: Lance!

A Copa de 1994 também teve outro embalo: o de Elson do Forrogode. Conhecido por misturar os ritmos de forró e pagode, o cantor (que tem como seu sucesso uma gravação de “Talismã”) lançou a música “Haja Coração”.

Em um tom bem festivo, Elson retratou a expectativa dos brasileiros pela esperada conquista do tetracampeonato.

 

HAJA CORAÇÃO – Elson do Forrogode, Naval e Anselmo Mazzoni

Hey! Brasil!

Haja coração, haja coração!

Pra tanta emoção

Pra tanta emoção

Salve a Seleção

Cantando a canção

Do tetracampeão

Abre o sorriso estampado na praça

Outra vez em estado de graça

Parou toda a nação

Vai, canarinho

Com garra e com raça

Buscar outra taça

Pra nossa coleção

Tem que mostrar competência e calma

Lavar nossa alma

Sacudir o astral

A cada gol a galera levanta

E sai da garganta

O grito de Carnaval

A cada gol a galera levanta

E sai da garganta

O grito de Carnaval

Haja coração!

Haja coração…

 

2002 – FESTA

Ao som de Ivete Sangalo, rolou a festa após o penta (Foto: Divulgação)
Ao som de Ivete Sangalo, rolou a festa após o penta (Foto: Divulgação)

Foto: Lance!

No ano de 2002, o sonho do pentacampeonato não chegou a ser cantado em letra e música. Entretanto, algumas canções foram incorporadas ao delírio com a conquista.

Uma delas foi “Festa”, de autoria de Anderson Cunha e que fazia sucesso na voz de Ivete Sangalo. A euforia do título veio, literalmente, com muita festa.

 

FESTA – Anderson Cunha

Festa no gueto

Pode vir, pode chegar

Misturando o mundo inteiro

Vamo vê no que é que dá

Hoje tem

Festa no gueto

Pode vir, pode chegar

Misturando o mundo inteiro

Vamo vê no que é que dá

Tem gente de toda cor

Tem raça de toda fé

Guitarra de rock’n roll

Batuque de candomblé

Vai lá, pra ver

A tribo se balançar

E o chão da terra tremer

Mãe Preta de lá mandou chamar

Avisou!

Avisou!

Avisou!

Avisou!

Que vai rolar a festa

Vai rolar!

O povo do gueto

Mandou avisar

Que vai rolar a festa

Vai rolar!

O povo do gueto

Mandou avisar

 

2002 – DEIXA A VIDA ME LEVAR

Seleção traz o penta: música de Zeca Pagodinho era cantada por jogadores e até por Luiz Felipe Scolari (ODD ANDERSEN / AFP
Seleção traz o penta: música de Zeca Pagodinho era cantada por jogadores e até por Luiz Felipe Scolari (ODD ANDERSEN / AFP

Foto: Lance!

Já Zeca Pagodinho ajudou a descrever o ânimo da Seleção comandada por Luiz Felipe Scolari. A música era cantada pelos jogadores e até por Felipão tanto dentro do ônibus quanto na concentração no decorrer da campanha do pentacampeonato em 2002.

Além da música de Eri do Cais e Serginho Meriti ser da melhor qualidade, a gravação de Zeca Pagodinho segue na memória afetiva dos que acompanharam a saga do penta no Mundial da Ásia.

 

DEIXA A VIDA ME LEVAR- Eri do Cais e Serginho Meriti

Eu já passei por quase tudo nessa vida

Em matéria de guarida

Espero ainda a minha vez

Confesso que sou de origem pobre

Mas meu coração é nobre

Foi assim que Deus me fez

Deixa a vida me levar

Vida leva eu…

Deixa a vida me levar

Vida leva eu…

Deixa a vida me levar

Vida leva eu…

Sou feliz e agradeço

Por tudo que Deus me deu

Só posso levantar as mãos pro céu

Agradecer e ser fiel

Ao destino que Deus me deu

Se não tenho tudo que preciso

Com o que tenho, vivo

De mansinho lá vou eu

Se a coisa não sai do jeito que eu quero

Também não me desespero

O negócio é deixar rolar

E aos trancos e barrancos

Lá vou eu

E sou feliz e agradeço

Por tudo que Deus me deu

Deixa a vida me levar

Vida leva eu

Deixa a vida me levar

Vida leva eu…

Deixa a vida me levar

Vida leva eu…

Sou feliz e agradeço

Por tudo que Deus me deu

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