Segunda, 20 De Maio De 2024
       
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O ALERTA DE PEDRO ALEIXO SERVE PARA HOJE


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Publicado em 11 de junho de 2021
Por Jornal Do Dia


 

* Rômulo Rodrigues
Na tarde noite do dia 13 de dezembro de 1968, o ditador de plantão no governo brasileiro, general Costa e Silva, convocou uma reunião para dar aparência de pensamento coletivo para receber, como de praxe, o sim de todos os presentes; o vice-presidente Pedro Aleixo e os ministros de inteira confiança e obediência, inaugurando ali, o que Pazuello veio a público dizer: "Um manda e os outros obedecem".
Logo na abertura o vice-presidente Pedro Aleixo falou e disse; isso ai, do jeito que está, vai acabar com o que resta da Constituição do Brasil.
Consta que na saída da reunião alguém perguntou se acreditava no ditador Costa e Silva e sua resposta foi: "Nele eu acredito, mas, o perigo está no soldado que resolver interpretar a lei ao seu modo de pensar".
Outra versão é atribuída ao ministro das relações exteriores, o banqueiro Magalhães Pinto, dono do Banco Nacional de Minas Gerais, que veio a dar o nome do Jornal Nacional; teria dito ele: "O perigo maior de uma ditadura, não está no ditador em si; está no soldado destacado na pequena rua de um pequeno povoado, que resolve ser a própria lei".
Quaisquer que tenham sido as versões corretas, que habitam o folclore político brasileiro, uma coisa é certa; as interpretações das leis pelos policiais de Recife, Goiânia, Curitiba, Rio de Janeiro e de São Paulo, em recentes episódios, indicam claramente onde está morando o perigo contra a enfraquecida democracia brasileira.
A história registra através de depoimentos de integrantes da fatídica reunião de 13 de dezembro de 1968, que os motivos alegados para a edição do famigerado AI-5, não passavam de encenação e deslavadas mentiras, hoje chamadas de Fake News, o que ratifica que para uma ditadura o que vale mesmo é uma frase dita, na reunião, pelo ministro e coronel Jarbas Passarinho: "às favas, Sr.presidente, neste momento, os escrúpulos de consciência".
Pouco tempo depois, o general Costa e Silva veio a falecer e o vice- presidente Pedro Aleixo, foi impedido de assumir a presidência da República por causa do voto e o Brasil caiu numa escuridão ainda maior ao ser governado por uma junta militar.
Na sucessão veio o general Emílio Garrastazu Médici, o mais sanguinário deles, que tentou mexer na seleção brasileira que disputava as eliminatórias da copa do mundo, escalando Dadá Maravilha como titular, recebendo como resposta do treinador João Saldanha um:"Nem eu escalo o ministério dele, nem o presidente escala meu time".
Embolado em fatos históricos de mais de meio século o país vê assustado o peso simbólico do então ministro coronel Jarbas Passarinho no recente episódio da indisciplina e quebra de hierarquia do general Eduardo Pazuello e na intervenção ditatorial do genocida ao trazer a copa da morte par festejar as mais de 500 mil mortes pelo Coronavírus.
No episódio, podemos resgatar mais uma frase antológica em razão da entrevista de Casemiro: "De onde nada se espera, é que não sai coisa alguma".
Foi isso e muito mais para quem acreditou nas palavras do capitão da seleção brasileira após o jogo contra o equador.
João Saldanha não foi demitido da seleção em janeiro de 1970, por não ter escalado o jogador preferido do ditador, e sim, pela coragem de aproveitar os sorteios das chaves da copa do mundo e denunciar os crimes da ditadura militar.
No elenco atual, parece que só Richarlison tem alguma postura de não alienado, mas longe ainda de algo que possa resgatar as coragens e dignidades de João Saldanha, Afonsinho, Reinaldo (que fazia manifestações de puro enfrentamento à ditadura e foi muito perseguido em campo e fora dele), Falcão, Sócrates, Raí, Juninho Pernambucano, Wladimir, Casa Grande, Roberto Carlos e alguns outros.
Daquela seleção de 1982 ficaram na memória dois exemplos que devem ser cultuados além dos estádios de futebol; Paulo Roberto Falcão e Sócrates Brasileiro.
Falcão mostrou toda sua grandeza no episódio em que sabendo que o poeta Mario Quintana tinha sido despejado do Hotel Majesticpor não ter como pagar mais uma diária, foi até lá e o levou de carro até o Hotel Royal, de sua propriedade e chamou o gerente e disse-lhe; o senhor Quintana agora é meu hóspede.
Por quanto tempo? Sr. Falcão, indagou o funcionário. Por toda eternidade, respondeu o jogador que era dono do hotel. Mário Quintana morreu em 1994.
Falcão, já consagrado como o rei de Roma, era jogador do Roma, estava de férias em Porto Alegre, quando soube do que ocorrera com o poeta.
Sócrates Brasileiro, quando deixou o Brasil foi para a Itália jogar na Fiorentina. Numa entrevista, um jornalista perguntou a ele; quem é o italiano que você mais estima;Mazzola ou Rivera?
Sócrates respondeu firme; não os conheço. Estou aqui para ler Gramsci na sua língua original e estudar a história do movimento operário italiano.
No desfecho das encenações de que poderia haver alguma resposta coerente de jogadores e comissão técnica da atual seleção fica a certeza de esta montanha não parir nenhum rato e que a camisa amarela vai continuar identificando apenas bolsomínios.
* Rômulo Rodrigues é militante político

* Rômulo Rodrigues

Na tarde noite do dia 13 de dezembro de 1968, o ditador de plantão no governo brasileiro, general Costa e Silva, convocou uma reunião para dar aparência de pensamento coletivo para receber, como de praxe, o sim de todos os presentes; o vice-presidente Pedro Aleixo e os ministros de inteira confiança e obediência, inaugurando ali, o que Pazuello veio a público dizer: "Um manda e os outros obedecem".
Logo na abertura o vice-presidente Pedro Aleixo falou e disse; isso ai, do jeito que está, vai acabar com o que resta da Constituição do Brasil.
Consta que na saída da reunião alguém perguntou se acreditava no ditador Costa e Silva e sua resposta foi: "Nele eu acredito, mas, o perigo está no soldado que resolver interpretar a lei ao seu modo de pensar".
Outra versão é atribuída ao ministro das relações exteriores, o banqueiro Magalhães Pinto, dono do Banco Nacional de Minas Gerais, que veio a dar o nome do Jornal Nacional; teria dito ele: "O perigo maior de uma ditadura, não está no ditador em si; está no soldado destacado na pequena rua de um pequeno povoado, que resolve ser a própria lei".
Quaisquer que tenham sido as versões corretas, que habitam o folclore político brasileiro, uma coisa é certa; as interpretações das leis pelos policiais de Recife, Goiânia, Curitiba, Rio de Janeiro e de São Paulo, em recentes episódios, indicam claramente onde está morando o perigo contra a enfraquecida democracia brasileira.
A história registra através de depoimentos de integrantes da fatídica reunião de 13 de dezembro de 1968, que os motivos alegados para a edição do famigerado AI-5, não passavam de encenação e deslavadas mentiras, hoje chamadas de Fake News, o que ratifica que para uma ditadura o que vale mesmo é uma frase dita, na reunião, pelo ministro e coronel Jarbas Passarinho: "às favas, Sr.presidente, neste momento, os escrúpulos de consciência".
Pouco tempo depois, o general Costa e Silva veio a falecer e o vice- presidente Pedro Aleixo, foi impedido de assumir a presidência da República por causa do voto e o Brasil caiu numa escuridão ainda maior ao ser governado por uma junta militar.
Na sucessão veio o general Emílio Garrastazu Médici, o mais sanguinário deles, que tentou mexer na seleção brasileira que disputava as eliminatórias da copa do mundo, escalando Dadá Maravilha como titular, recebendo como resposta do treinador João Saldanha um:"Nem eu escalo o ministério dele, nem o presidente escala meu time".
Embolado em fatos históricos de mais de meio século o país vê assustado o peso simbólico do então ministro coronel Jarbas Passarinho no recente episódio da indisciplina e quebra de hierarquia do general Eduardo Pazuello e na intervenção ditatorial do genocida ao trazer a copa da morte par festejar as mais de 500 mil mortes pelo Coronavírus.
No episódio, podemos resgatar mais uma frase antológica em razão da entrevista de Casemiro: "De onde nada se espera, é que não sai coisa alguma".
Foi isso e muito mais para quem acreditou nas palavras do capitão da seleção brasileira após o jogo contra o equador.
João Saldanha não foi demitido da seleção em janeiro de 1970, por não ter escalado o jogador preferido do ditador, e sim, pela coragem de aproveitar os sorteios das chaves da copa do mundo e denunciar os crimes da ditadura militar.
No elenco atual, parece que só Richarlison tem alguma postura de não alienado, mas longe ainda de algo que possa resgatar as coragens e dignidades de João Saldanha, Afonsinho, Reinaldo (que fazia manifestações de puro enfrentamento à ditadura e foi muito perseguido em campo e fora dele), Falcão, Sócrates, Raí, Juninho Pernambucano, Wladimir, Casa Grande, Roberto Carlos e alguns outros.
Daquela seleção de 1982 ficaram na memória dois exemplos que devem ser cultuados além dos estádios de futebol; Paulo Roberto Falcão e Sócrates Brasileiro.
Falcão mostrou toda sua grandeza no episódio em que sabendo que o poeta Mario Quintana tinha sido despejado do Hotel Majesticpor não ter como pagar mais uma diária, foi até lá e o levou de carro até o Hotel Royal, de sua propriedade e chamou o gerente e disse-lhe; o senhor Quintana agora é meu hóspede.
Por quanto tempo? Sr. Falcão, indagou o funcionário. Por toda eternidade, respondeu o jogador que era dono do hotel. Mário Quintana morreu em 1994.
Falcão, já consagrado como o rei de Roma, era jogador do Roma, estava de férias em Porto Alegre, quando soube do que ocorrera com o poeta.
Sócrates Brasileiro, quando deixou o Brasil foi para a Itália jogar na Fiorentina. Numa entrevista, um jornalista perguntou a ele; quem é o italiano que você mais estima;Mazzola ou Rivera?
Sócrates respondeu firme; não os conheço. Estou aqui para ler Gramsci na sua língua original e estudar a história do movimento operário italiano.
No desfecho das encenações de que poderia haver alguma resposta coerente de jogadores e comissão técnica da atual seleção fica a certeza de esta montanha não parir nenhum rato e que a camisa amarela vai continuar identificando apenas bolsomínios.

* Rômulo Rodrigues é militante político

 

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