Domingo, 12 De Janeiro De 2025
       
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O bispo da minha infância ( I )


Publicado em 10 de abril de 2018
Por Jornal Do Dia


 

* Raymundo Mello
(publicação de Raymundinho Mello, seu filho)
 Nesta publicação de hoje, quando completo exatamente 1 ano respondendo por este artigo semanal das terças-feiras, originalmente assinado por meu pai, o ‘Memorialista Raymundo Mello’ – a primeira publicação sob minha responsabilidade foi no dia 11/04/2017, edição n.º 4124 do ‘Jornal do Dia’, artigo intitulado "Memórias que ficaram" -, reverencio um grande nome do episcopado brasileiro, que, entre inúmeros serviços prestados à Igreja e ao país, é articulista deste periódico, desde 15/08/2015: Dom Edvaldo Gonçalves Amaral, SDB, Arcebispo Emérito de Maceió, que, no próximo dia 20/04 estará celebrando seus 43 anos de Ordenação Episcopal, aos quase 91 anos de idade.
Meu pai cultivou com Dom Edvaldo uma estreita relação de amizade ao longo de 42 anos. Transcrevo, na íntegra, algumas de suas palavras descrevendo o começo da aproximação entre eles e como a sólida amizade se consolidou. Extraí o trecho do áudio de uma entrevista que meu pai concedeu a um programa na ‘Rádio Cultura de Sergipe’. Infelizmente, na mídia (CD) onde o áudio encontra-se gravado não há indicação sobre a data da referida entrevista. Diz Raymundo Mello:
"Já conhecia o ‘Padre Edvaldo’ desde o tempo que ele foi diretor do ‘Colégio Salesiano’, aqui em Aracaju, e celebrava Missas na ‘Igreja Nossa Senhora Auxiliadora’, mas não éramos próximos, trocávamos cumprimentos respeitosos e algumas poucas palavras, uma vez ou outra. A proximidade mesmo se deu quando ele veio, em 1975, como Bispo-Auxiliar para a nossa Arquidiocese, sendo nomeado Vigário-geral e também Assistente Espiritual de alguns movimentos, entre eles o ‘Movimento de Cursilhos de Cristandade’, que eu participava já desde 1974. Aí veio a aproximação, o convívio mais intenso, nos Cursilhos em si, nas Ultreyas e noutras reuniões do movimento. Dom Edvaldo confiava muito em mim e, a cada dia, aumentava minhas humildes atribuições na Igreja de Aracaju. Às vezes me telefonava, pedia-me que eu fosse à sua sala, lá na Cúria, pra conversarmos sobre algum assunto, enfim… Quando se deu a implantação do Serra Clube, hoje ‘Movimento Vocacional Serra’, foi dele a indicação de meu nome para ser o primeiro presidente, aceita, sem restrições, por ‘Dom Luciano’. Daí, iniciamos um árduo, porém, profícuo trabalho para, segundo as palavras do então Arcebispo, Dom Luciano, "colocar a Arquidiocese em estado de sensibilidade vocacional". Trabalhamos, pedimos muito ao Senhor da messe que enviasse operários para a sua messe, e os frutos, depois de algum tempo, começaram a aparecer. E hoje, graças a Deus e ao trabalho dos que deram continuidade à semente que plantamos lá na década de 70, nossa Arquidiocese é bem servida de padres para a assistência espiritual que o povo necessita. E, assim, por conta dos Cursilhos, do Serra e também da minha participação quase diária, junto com minha família, nas Missas e outras atividades da ‘Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora’, e da amizade com o ‘Padre Cesar Casetta’ e outros Salesianos, minha proximidade com Dom Edvaldo foi aumentando. Uma proximidade que foi a base para uma grande amizade, uma afetuosa amizade, uma amizade "na Fé e na Verdade", como é o lema episcopal dele".
Essa relação de proximidade parece não ter sido nem um pouco afetada pela nomeação de Dom Edvaldo para a ‘Diocese de Parnaíba’, no longínquo Piauí, em 25 de outubro de 1980, onde trabalhou por 5 anos como ‘Bispo Diocesano’, mas foi favorecida com a sua vinda, em 30 de outubro de 1985, para mais próximo do velho amigo, ao ser nomeado ‘Arcebispo de Maceió’, onde permaneceu até 2002, quando, ao completar 75 anos, por prescrição do ‘Código de Direito Canônico’, renunciou ao governo daquela Arquidiocese, sendo hoje seu ‘Arcebispo Emérito’.
Arrumando o imenso acervo de meu pai, encontrei colecionadas – com todo carinho – uma série de cartas que ele e Dom Edvaldo trocaram ao longo destes anos. Interessante é que meu pai, além das cartas e cartões-postais que recebia de Dom Edvaldo, guardava também os manuscritos das que lhe escrevia, posto que as enviava datilografada em sua pequena máquina "Remington". Emociono-me ao ler todas estas correspondências, primeiro, porque vivi – criança, adolescente, jovem e adulto – tudo o que é seu conteúdo, até o último encontro pessoal dos dois, quando da visita de Dom Edvaldo a Aracaju, em dezembro de 2015. Mais recentemente, meu pai preparava-se – com grande expectativa – para participar das comemorações dos 90 anos de Dom Edvaldo, dia 25 de maio do ano passado (2017), e dizia "vou lá abraçar meu amigo e agradecer a Deus por sua vida". Não deu…
Depois, alegram-me as palavras sempre afetuosas que Dom Edvaldo dirigia a meu pai, ressaltando suas virtudes e qualidades, bem como as bênçãos que lhe enviava, sempre extensivas à minha querida mãe (Eddie) e a mim. Transcrevo para os caros leitores um trecho de uma destas cartas, escrita em papel timbrado da Arquidiocese de Maceió e datada de 23 de fevereiro de 1987:
"Caríssimo Raymundo Mello – Acuso o recebimento da sua carta, datada de 02.02.87, festa da Apresentação do Senhor. Comunico-lhe que estou de posse do "Vivência" de janeiro. Li, com prazer, as substanciosas notícias da inesquecível Aracaju, quanto aos Cursilhos e ao querido Serra Clube, tão bem acompanhados das bênçãos de Deus e coordenados por quem possui espírito de Igreja e ama com fé e coragem a missão que exerce em prol da construção do Reino. Agradeço sensibilizado as referências à minha pessoa, registradas na página 7 do "Vivência". São gestos delicados dos bons amigos que deixei em Aracaju, aos quais desejo muitas felicidades e pleno êxito em todos os empreendimentos. Lamento dizer-lhes que sendo o dia 27 de agosto festa da Padroeira, Nossa senhora dos Prazeres, o bispo não pode de forma alguma ausentar-se. Devo dar a minha presença a este importante evento. No dia 30 comemora-se o dia do Catequista. Mais uma vez a obrigatoriedade da minha presença. Contudo, vou fazer o possível para estar com vocês nos dias 28 e 29. Confesso que será um prazer para mim. (…) Obrigado pelas orações e testemunho de amizade. Deus o recompense. Minhas recomendações em Cristo aos amigos de Aracaju. Para a igreja doméstica (Edy e Raymundinho) a minha bênção de bispo-irmão e sempre amigo. Cordialmente, Dom Edvaldo".
Esta matéria continua na edição da próxima terça, 17/04.
    
* Raymundo Mello é Memorialista
raymundopmello@yahoo.com.br

* Raymundo Mello

(publicação de Raymundinho Mello, seu filho)

 Nesta publicação de hoje, quando completo exatamente 1 ano respondendo por este artigo semanal das terças-feiras, originalmente assinado por meu pai, o ‘Memorialista Raymundo Mello’ – a primeira publicação sob minha responsabilidade foi no dia 11/04/2017, edição n.º 4124 do ‘Jornal do Dia’, artigo intitulado "Memórias que ficaram" -, reverencio um grande nome do episcopado brasileiro, que, entre inúmeros serviços prestados à Igreja e ao país, é articulista deste periódico, desde 15/08/2015: Dom Edvaldo Gonçalves Amaral, SDB, Arcebispo Emérito de Maceió, que, no próximo dia 20/04 estará celebrando seus 43 anos de Ordenação Episcopal, aos quase 91 anos de idade.
Meu pai cultivou com Dom Edvaldo uma estreita relação de amizade ao longo de 42 anos. Transcrevo, na íntegra, algumas de suas palavras descrevendo o começo da aproximação entre eles e como a sólida amizade se consolidou. Extraí o trecho do áudio de uma entrevista que meu pai concedeu a um programa na ‘Rádio Cultura de Sergipe’. Infelizmente, na mídia (CD) onde o áudio encontra-se gravado não há indicação sobre a data da referida entrevista. Diz Raymundo Mello:
"Já conhecia o ‘Padre Edvaldo’ desde o tempo que ele foi diretor do ‘Colégio Salesiano’, aqui em Aracaju, e celebrava Missas na ‘Igreja Nossa Senhora Auxiliadora’, mas não éramos próximos, trocávamos cumprimentos respeitosos e algumas poucas palavras, uma vez ou outra. A proximidade mesmo se deu quando ele veio, em 1975, como Bispo-Auxiliar para a nossa Arquidiocese, sendo nomeado Vigário-geral e também Assistente Espiritual de alguns movimentos, entre eles o ‘Movimento de Cursilhos de Cristandade’, que eu participava já desde 1974. Aí veio a aproximação, o convívio mais intenso, nos Cursilhos em si, nas Ultreyas e noutras reuniões do movimento. Dom Edvaldo confiava muito em mim e, a cada dia, aumentava minhas humildes atribuições na Igreja de Aracaju. Às vezes me telefonava, pedia-me que eu fosse à sua sala, lá na Cúria, pra conversarmos sobre algum assunto, enfim… Quando se deu a implantação do Serra Clube, hoje ‘Movimento Vocacional Serra’, foi dele a indicação de meu nome para ser o primeiro presidente, aceita, sem restrições, por ‘Dom Luciano’. Daí, iniciamos um árduo, porém, profícuo trabalho para, segundo as palavras do então Arcebispo, Dom Luciano, "colocar a Arquidiocese em estado de sensibilidade vocacional". Trabalhamos, pedimos muito ao Senhor da messe que enviasse operários para a sua messe, e os frutos, depois de algum tempo, começaram a aparecer. E hoje, graças a Deus e ao trabalho dos que deram continuidade à semente que plantamos lá na década de 70, nossa Arquidiocese é bem servida de padres para a assistência espiritual que o povo necessita. E, assim, por conta dos Cursilhos, do Serra e também da minha participação quase diária, junto com minha família, nas Missas e outras atividades da ‘Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora’, e da amizade com o ‘Padre Cesar Casetta’ e outros Salesianos, minha proximidade com Dom Edvaldo foi aumentando. Uma proximidade que foi a base para uma grande amizade, uma afetuosa amizade, uma amizade "na Fé e na Verdade", como é o lema episcopal dele".
Essa relação de proximidade parece não ter sido nem um pouco afetada pela nomeação de Dom Edvaldo para a ‘Diocese de Parnaíba’, no longínquo Piauí, em 25 de outubro de 1980, onde trabalhou por 5 anos como ‘Bispo Diocesano’, mas foi favorecida com a sua vinda, em 30 de outubro de 1985, para mais próximo do velho amigo, ao ser nomeado ‘Arcebispo de Maceió’, onde permaneceu até 2002, quando, ao completar 75 anos, por prescrição do ‘Código de Direito Canônico’, renunciou ao governo daquela Arquidiocese, sendo hoje seu ‘Arcebispo Emérito’.
Arrumando o imenso acervo de meu pai, encontrei colecionadas – com todo carinho – uma série de cartas que ele e Dom Edvaldo trocaram ao longo destes anos. Interessante é que meu pai, além das cartas e cartões-postais que recebia de Dom Edvaldo, guardava também os manuscritos das que lhe escrevia, posto que as enviava datilografada em sua pequena máquina "Remington". Emociono-me ao ler todas estas correspondências, primeiro, porque vivi – criança, adolescente, jovem e adulto – tudo o que é seu conteúdo, até o último encontro pessoal dos dois, quando da visita de Dom Edvaldo a Aracaju, em dezembro de 2015. Mais recentemente, meu pai preparava-se – com grande expectativa – para participar das comemorações dos 90 anos de Dom Edvaldo, dia 25 de maio do ano passado (2017), e dizia "vou lá abraçar meu amigo e agradecer a Deus por sua vida". Não deu…
Depois, alegram-me as palavras sempre afetuosas que Dom Edvaldo dirigia a meu pai, ressaltando suas virtudes e qualidades, bem como as bênçãos que lhe enviava, sempre extensivas à minha querida mãe (Eddie) e a mim. Transcrevo para os caros leitores um trecho de uma destas cartas, escrita em papel timbrado da Arquidiocese de Maceió e datada de 23 de fevereiro de 1987:
"Caríssimo Raymundo Mello – Acuso o recebimento da sua carta, datada de 02.02.87, festa da Apresentação do Senhor. Comunico-lhe que estou de posse do "Vivência" de janeiro. Li, com prazer, as substanciosas notícias da inesquecível Aracaju, quanto aos Cursilhos e ao querido Serra Clube, tão bem acompanhados das bênçãos de Deus e coordenados por quem possui espírito de Igreja e ama com fé e coragem a missão que exerce em prol da construção do Reino. Agradeço sensibilizado as referências à minha pessoa, registradas na página 7 do "Vivência". São gestos delicados dos bons amigos que deixei em Aracaju, aos quais desejo muitas felicidades e pleno êxito em todos os empreendimentos. Lamento dizer-lhes que sendo o dia 27 de agosto festa da Padroeira, Nossa senhora dos Prazeres, o bispo não pode de forma alguma ausentar-se. Devo dar a minha presença a este importante evento. No dia 30 comemora-se o dia do Catequista. Mais uma vez a obrigatoriedade da minha presença. Contudo, vou fazer o possível para estar com vocês nos dias 28 e 29. Confesso que será um prazer para mim. (…) Obrigado pelas orações e testemunho de amizade. Deus o recompense. Minhas recomendações em Cristo aos amigos de Aracaju. Para a igreja doméstica (Edy e Raymundinho) a minha bênção de bispo-irmão e sempre amigo. Cordialmente, Dom Edvaldo".
Esta matéria continua na edição da próxima terça, 17/04.    * Raymundo Mello é Memorialistaraymundopmello@yahoo.com.br

 

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