Sexta, 24 De Janeiro De 2025
       
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O "bon vivant" e o ouro de tolo


Publicado em 23 de maio de 2019
Por Jornal Do Dia


 

* Antonio Passos
Eu estava com um grupo de amigos em um bar onde nos reunimos para assistir futebol. Após um jogo, chegou na nossa mesa um rapaz conhecido da turma. Entrosando-se na conversa, em certo momento, com expressão de quem guarda um tesouro, o novo chegado disse: "pessoal, eu estava agora conversando com meu tio e ele me disse umas coisas aí, que vai mudar tudo". A afirmação gerou expectativa.
Estávamos em 2016, Temer e a velha elite colonialista haviam acabado de usurpar o comando do poder executivo federal. Após algum silêncio, continuou o embevecido: "como vocês sabem meu tio é muito inteligente, ele saca umas coisas que pouca gente sabe e ele disse que esse é o momento, que daqui pra frente vai dá tudo certo, que é hora de investir porque agora a economia vai dar um salto" e coisa e tal…
Perplexo com o fato daquilo ter sido dito como se fora um precioso segredo e sem querer contradizer o rapaz frontalmente, dada a notória afeição dele pelo tio, eu, entretanto, fiz uma ponderação. Disse que independentemente de discordar de tudo que ele estava anunciando, não havia nenhuma novidade naquilo, pois, era a mesma coisa que diziam, dia e noite, os comentaristas econômicos no rádio e na TV.
O tempo passou, estamos agora em 2019 e creio que não há mais nenhuma dúvida sobre a propaganda enganosa repercutida na mesa do bar. Curioso é constatar que a mídia comercial, os neoliberais e – pasmemos todos – até gente que já sofre os efeitos na pele, continuam na mesma ladainha. Porém, disseram os amigos, tudo aquilo dificilmente afetaria o rapaz, pois, trata-se de um bem aquinhoado "bon vivant".
Até aí, tudo bem. Distribuída por todo o Brasil há uma elite econômica que se sente contemplada pelas propostas de mais exploração do trabalho e uso da força para aumentar a sujeição social. Mas, e o que dizer de quem está por baixo ou de quem estava ali pelo meio e agora está sendo empurrado para o fundo do poço? Até quando uma parte dessa turma vai continuar garimpando esse ouro de tolo?
Eu coloco as interrogações, porém, não tenho respostas. O que faço aqui é, no máximo, um convite a uma reflexão. Tenho um amigo – e esse é apenas um mero exemplo – que era operário na indústria naval, muito religioso, sempre disse não querer se envolver com política. Agora está desempregado. E você, em qual ponto está em meio a toda essa balbúrdia: é um "bon vivant" ou continua investindo em ouro de tolo?
* Antonio Passos é jornalista

* Antonio Passos

Eu estava com um grupo de amigos em um bar onde nos reunimos para assistir futebol. Após um jogo, chegou na nossa mesa um rapaz conhecido da turma. Entrosando-se na conversa, em certo momento, com expressão de quem guarda um tesouro, o novo chegado disse: "pessoal, eu estava agora conversando com meu tio e ele me disse umas coisas aí, que vai mudar tudo". A afirmação gerou expectativa.
Estávamos em 2016, Temer e a velha elite colonialista haviam acabado de usurpar o comando do poder executivo federal. Após algum silêncio, continuou o embevecido: "como vocês sabem meu tio é muito inteligente, ele saca umas coisas que pouca gente sabe e ele disse que esse é o momento, que daqui pra frente vai dá tudo certo, que é hora de investir porque agora a economia vai dar um salto" e coisa e tal…
Perplexo com o fato daquilo ter sido dito como se fora um precioso segredo e sem querer contradizer o rapaz frontalmente, dada a notória afeição dele pelo tio, eu, entretanto, fiz uma ponderação. Disse que independentemente de discordar de tudo que ele estava anunciando, não havia nenhuma novidade naquilo, pois, era a mesma coisa que diziam, dia e noite, os comentaristas econômicos no rádio e na TV.
O tempo passou, estamos agora em 2019 e creio que não há mais nenhuma dúvida sobre a propaganda enganosa repercutida na mesa do bar. Curioso é constatar que a mídia comercial, os neoliberais e – pasmemos todos – até gente que já sofre os efeitos na pele, continuam na mesma ladainha. Porém, disseram os amigos, tudo aquilo dificilmente afetaria o rapaz, pois, trata-se de um bem aquinhoado "bon vivant".
Até aí, tudo bem. Distribuída por todo o Brasil há uma elite econômica que se sente contemplada pelas propostas de mais exploração do trabalho e uso da força para aumentar a sujeição social. Mas, e o que dizer de quem está por baixo ou de quem estava ali pelo meio e agora está sendo empurrado para o fundo do poço? Até quando uma parte dessa turma vai continuar garimpando esse ouro de tolo?
Eu coloco as interrogações, porém, não tenho respostas. O que faço aqui é, no máximo, um convite a uma reflexão. Tenho um amigo – e esse é apenas um mero exemplo – que era operário na indústria naval, muito religioso, sempre disse não querer se envolver com política. Agora está desempregado. E você, em qual ponto está em meio a toda essa balbúrdia: é um "bon vivant" ou continua investindo em ouro de tolo?

* Antonio Passos é jornalista

 

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