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O Brasil precisa de Mais Médicos


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Publicado em 30 de setembro de 2023
Por Jornal Do Dia Se


Foram divulgados vários dados da demografia médica, a partir de pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e da Associação Médica Brasileira (AMB), ancorada em dados mais recentes do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa que apresenta um panorama da oferta de médicos em nosso país, ressaltando alguns pontos a saber: o Brasil poderá ter 1,3 milhão de médicos e 6,3 profissionais por 1.000 habitantes, se forem abertos todos os cursos de medicina pretendidos via ações judiciais; o Brasil tem agora 2,7 médicos por 1.000 habitantes; Distrito Federal tem seis e Maranhão tem um médico por 1.000 habitantes; aumenta a defasagem entre número de estudantes de graduação e de médicos cursando Residência Médica; médicos especialistas estão mal distribuídos e podem ser insuficientes para as demandas do sistema de saúde e da população.
O Brasil com uma população de 203.062.512 habitantes, tem 545.767 médicos, sendo 321.581 médicos especialistas (58,9%), os demais são médicos generalistas.
Um ponto importante revelado na pesquisa é que o crescimento do número de médicos no Brasil a partir de 1950, foi superior ao crescimento da população. Em 1950, o Brasil tinha uma população de 51,9 milhões de habitantes e chegou a 203 milhões em 2022, crescimento de 291,1%. Neste mesmo período, o número de médicos passou de 22,7 mil para 545,7 mil, crescimento de 2.303,9%.
Este crescimento do quantitativo de médicos no Brasil tem sido mais intenso nos últimos 20 anos, quando o número de médicos mais do que dobrou, sendo que a relação saltou de 1,41 para 2,69 médicos por 1.000 habitantes.
O saldo acima, coloca a densidade médica do Brasil próxima à dos Estados Unidos, Japão, Canadá e Chile, enquanto que o Reino Unido, França. Alemanha e Espanha possuem densidade médica maior que a brasileira.
Para fins de comparação, a razão médicos por 1.000 habitantes em alguns países selecionados, são as seguintes: Espanha (4,6), Alemanha (4,5), França (3,2), Reino Unido (3,2), Canadá (2,8), Chile (2,8), Brasil (2,7), Estados Unidos (2,6), Japão (2,6), Coreia do Sul (2,5) e México (2,4).
Mas o desafio de termos mais médicos em nosso país ainda é evidente, pois continuamos com uma densidade inferior à média dos países da OCDE, que é de 3,7 médicos por 1.000 habitantes.
Um dos pontos que o Brasil precisa resolver na questão da demografia dos médicos em nosso país é a desigualdade na distribuição de médicos no Brasil. De acordo com o estudo em referência, dos 5.570 municípios do país, 3.861 (69,3%) têm até 20 mil habitantes e eles juntos respondem por 15,8% da população brasileira com cerca de 31,9 milhões de habitantes, porém neste conjunto de municípios temos apenas 16,7 mil médicos, equivalente a 2,8% do total de profissionais do país. De maneira inversa, das 41 cidades com mais de 500 mil habitantes, onde residem 29% da população brasileira, temos 61,5% dos médicos. Se ampliarmos o conjunto, para as 319 cidades com mais de 100 mil habitantes e que concentram 57% da população, teremos 85,5% dos médicos do Brasil, isto é grave pois cria uma grande distorção no atendimento médico que é demandado pela população dos municípios menores e em geral, mais carentes.
Esta situação reforça a tese que defendo que precisamos e necessitamos de mais médicos no Brasil, mas de forma especial, para estes territórios que possuem baixa densidade médica. Para ressaltar o ponto, a pesquisa demonstra que nos 1.324 municípios que possuem menos de 5.000 habitantes temos 1.901 médicos, o que representa uma densidade de 0,43 médicos por 1.000 habitantes, pois juntos referidos municípios possuem 4.442.366 habitantes.
Do ponto de vista de futuro, os cenários possíveis apontam pela pesquisa sob comentário que em 2035, o Brasil terá aproximadamente 1,3 milhão de médicos, na hipótese mais expansionista, levando a uma densidade de 6,30 médicos por 1.000 habitantes. Este cenário melhora a situação da necessidade de médicos que temos para atender a população brasileira.
Porém, tem uma variável que é relevante na visão da distribuição dos profissionais de medicina em nosso país, os médicos especialistas. De acordo com o estudo, o Brasil conta com 1,58 médicos especialistas por 1.000 habitantes, considerando todos os profissionais titulados em pelo menos uma das 55 especialidades médicas reconhecidas e a população do Censo 2022 do IBGE.
Assim como os médicos, a distribuição de especialistas, em geral, é desigual no Brasil.
As especialidades que foram analisadas são as envolvidas com cirurgias: Cirurgia Geral, Cirurgia Cardiovascular, Cirurgia da Mão, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Cirurgia do Aparelho Digestivo, Cirurgia Oncológica, Cirurgia Pediátrica, Cirurgia Plástica, Cirurgia Torácica, Cirurgia Vascular, Neurocirurgia, Ortopedia e Traumatologia, Urologia e Otorrinolaringologia. A estas, juntam-se a Ginecologia e Obstetrícia, pela realização de partos, e Anestesiologia, necessária aos atos cirúrgicos. Foram consideradas ainda cinco especialidades que têm em comum a grande demanda no SUS, também pelo fato de tratarem de situações e problemas de saúde mais prevalentes na população.
O que o estudo ressalta é que também em todas as especialidades estudadas há desigualdade de distribuição de médicos entre as unidades da Federação. Destacando que há maior presença de especialistas nas capitais do que nos municípios do interior da maioria dos estados e, em muitos locais, há maior concentração de especialidades nos serviços privados do que no SUS.
Em minha visão mais médicos requer mais estudantes para que eles possam melhorar os quesitos de demora no atendimento médico, de forma especial, no médico especializado, que é a maior dificuldade relatada pelos usuários do SUS. Se precisamos de mais médicos, precisamos também de mais estudantes e mais cursos de medicina no Brasil, especialmente no interior.

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