O Gabinete de Leitura de Maruim e a propaganda republicana em Sergipe
Publicado em 05 de dezembro de 2018
Por Jornal Do Dia
* Adailton Andrade
A propaganda republicana ganhou importância em Laranjeiras, Estância e em Maruim, nos pequenos jornais, graças a uma somação de fatos favoráveis, a saber: a presença do médico Domingos Guedes Cabral clinicando, e sua substituição por Felisbelo Freire; a pregação dos missionários norte-americanos, presbiterianos, e a conseqüente criação da Igreja protestante, em 1884; a condição de maçons, de alguns dos "rebeldes" listados por Baltazar Góes em sua "A República em Sergipe". Ainda que em Estância, em Vila Nova (Neópolis), em Maruim a República tenha inspirado alguns engajamentos, por existi naquela época o maior centro da efervescência do pensamento Liberal e republicano da região Gabinete de Leitura, mas foi em Laranjeiras sem dúvida, que o movimento ganhou densidade e liderança, promovendo a organização política para a transição de 1889.
A presença do médico Domingos Guedes Cabral clinicando, e sua substituição por Felisbelo Freire; a pregação dos missionários norte-americanos, presbiterianos, e a conseqüente criação da Igreja protestante, em 1884; a condição de maçons, de alguns dos "rebeldes" listados por Baltazar Góes em sua A República em Sergipe.
Em Maruim o médico Guedes Cabral foi orador do Gabinete de Leitura por sete anos , difundido suas ideias que foram tem sido uma unanimidade da crítica, tanto pela posição contestadora na Faculdade de Medicina da Bahia, nesses sete anos de intensa atividade, agitando toda a zona da Cotinguiba com suas idéias livres, que soavam como novidades diante do magistério moral da Igreja católica, presente desde os primeiros tempos da colonização.
O Gabinete de Leitura de Maruim teve como mentor o cônsul Otto Schramm. As cartas de sua tia Adolphine revelam que em 1860, já possuía em sua residência um rico acervo, que possivelmente, todo ou parcialmente, fora transferido para a biblioteca do Gabinete. Estamos tratando de um espaço de sociabilidade, com um vasto capital cultural, não só para Maruim, mas de referência em Sergipe; tanto enquanto Província do Império, como em Estado da Federação, haja vista a importância deste espaço em ocasião dos acalorados debates liberais republicanos.
Segundo as pesquisas e estudos dos Gabinetes de Leituras em Sergipe o historiador Denio Azevedo tem nos apresentado a fundo a história do Gabinete de Leitura Maruim em 1877, uma instituição privada, veiculadora dos ideais liberais, abolicionistas e republicanos, representavam " um bando de idéias novas", que no dizer de Silvio Romero agitava a juventude reunida em Pernambuco, em torno de figuras como Tobias Barreto, professor da Faculdade de Direito e líder do movimento intelectual que ficou conhecido como Escola do Recife.
Os liberais republicanos queriam criar uma identidade e a maneira escolhida para tal foi a de criticar a organização política, econômica e cultural do Império A crença de que era possível construir uma imagem de progresso, levar Sergipe rumo à civilização, com os ideais liberais e republicanos que marcavam a realidade nacional neste momento da criação do Gabinete de Leitura de Maruim e participar ativamente no processo de construção desta identidade são os principais fatores que incentivaram a participação desses agentes em instituições culturais como o do Gabinete de Leitura de Maruim. Silvio Romero, Manuel Curvelo de Mendonça, Josino Menezes, Moreira Guimarães, Lima Junior e tantos outros escreviam em jornais em Estancia, Laranjeiras Capela e Maruim esse ideias como também as tribunas dos Gabinetes eram usadas para difundirem essas ideias;
Gurdes Cabral como orador do Gabinete difundir suas ideias Liberais e Republicanos, já com relação à necessidade de democratização da cultura, almejavam ampliar a ação instrutiva para os grupos economicamente menos favorecidos da sociedade, fundando escolas, franqueando ao público uma Biblioteca, promovendo conferências literárias e científicas, colóquios, festejos no período de aniversário das instituições, e os saraus.
Todos os que historiam a propaganda republicana em Sergipe, especialmente em Laranjeiras, e em Maruim afirmam, convictos, a contribuição de Guedes Cabral sem a qual os fatos não teriam os desdobramentos que tiveram. O padre Filadelfo Jônatas de Oliveira, que foi por longo período o vigário de Laranjeiras, atribuía a posição de Guedes Cabral à tuberculose, doença que forçaria seu retorno para a Bahia, em 1882 e sua morte, em janeiro de 1883. Poucas vezes alguém influiu tanto uma geração, quanto o médico baiano em Laranjeiras e no Gabinete de Litura de Maruim como orador oficial.
Domingos Guedes Cabral fazia várias conferencias na tribuna do Gabinete de Leitura de Maruim, todas versando sobre temas filosóficos , e pela palavra solicitude revelada sobre no exercício profissional, profissional do olhos dos ideias liberais e republicanos com ênfase na libertação dos escravos. O Gabinete se torna um quartel general, de difusão dessas ideias sem esquecer dos pilares maçônicos , onde se observa em suas atas que todos os presidentes e oradores do Gabinete tinham iniciação maçônica .
Em 1870, surgiu o Manifesto Republicano, revelação da inquietação de muitos espíritos, figuras representativas da intelectualidade sergipana com sua rebeldia e descontentamento ao regime Imperial já falido e ultrapassado. Surgiram assim, dentro do Gabinete de Leitura os arautos da propaganda libertadora, Maruim com seus jornais, suas tipografias anunciavam essas ideias novas que pregava o fim da escravidão e a derrubada do império. Foram sete anos de intensa atividade, agitando toda a zona da Cotinguiba com suas idéias livres, que soavam como novidades diante do magistério moral da Igreja católica, presente desde os primeiros tempos da colonização.
O Gabinete de Leitura de Maruim surge enquanto lugar da sociabilidade, uma esfera pública aonde, atrelada a outras instituições liberais e republicanas, no Brasil. Ressaltamos que na tribuna do Gabinete passaram grandes conferencistas como, Tobias Barreto, Silvio Romero, Fausto Cardoso, Gumercindo Bessa, Felisbelo Freire, Homero de Oliveira, como também ressaltamos e tantos outros.
Mais do que repassar as diversas fases da evolução das lutas democráticas no Brasil e em Sergipe, contrariando a Baltazar Góes, para quem a propaganda republicana começou em Sergipe apenas em 1887, Manoel Curvelo de Mendonça defende as condições da Província para estabelecer os frutos da República, destacando Laranjeiras, Estancia e Maruim pelas condições econômicas e culturais como o cenário mais adequado para sediar o movimento.
O Gabinete de Leitura foi palco e cenários da construção republicana em Sergipe, viva a república, viva o Gabinete de leitura seus liberais e republicanos.
A Adesão da Câmara de Maruim e do povo Maruinense aos ideias republicano, em 21 de novembro de 1889, saiu um abaixo assinado na Câmara de Maruim fruto de uma reunião solene foi deliberado aceitar a forma republicana proclamada pelo movimento revolucionário feito pelo povo daquela cidade do Rio de janeiro.
* Adailton Andrade é Historiador