Bons acordes, em dia e hora marcada (Divulgação)
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O gogó de um Mildes
Publicado em 21 de dezembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
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Vou à Casa do Mangue, com o propósito declarado de abraçar Djenal – misto de leão de chácara, empresário e contista premiado – e me lambuzar com os pratos da chefe Roberta Nascimento. Sou recebido com repertório fino. Poucos lugares harmonizam os deleites da mesa posta com os píncaros do espírito, como o bistrô instalado à margem do Rio Poxim.
O banquinho, o violão, diga-se logo, estavam ocupados pelo jovem Mildes – cantor e compositor dos mais promissores, cheirando a mijo ou a leite, a depender dos pruridos do leitor, às vésperas de se tornar pai. O menino lançou recentemente o EP ‘Encarnação’, a disposição dos curiosos em todas a plataformas de música em streaming. Nas rodas mais espertas da província, entretanto, o danado é conhecido pelas canções ‘Como se fosse um cordel’ e ‘Bloco Mar Azul’, dois hits em potencial.
A Casa do Mangue, aliás, faço questão de reafirmar, localiza-se em uma curva especialmente sensível da aldeia, suscetível a todo tipo de confluência. Das panelas de Roberta, por exemplo, emana a brisa fresca daquele curso d’água, aratus, mariscos, aliada à mais saborosa tradição italiana. No palco improvisado do bistrô, macacos velhos da estirpe de Pedrinho Mendonça convivem com os roques e os sambas da molecada, todo mundo junto e misturado.
Mais das vezes, e isso ocorre ao longo de todo o veio serigy, quem paga o couvert pouco se dispõe aos trinados do artista se esgoelando no microfone. O repertório de bar é, quase sempre, o mais manjado. Quem se dispor às canções abrigadas pela Casa do Mangue, no entanto, pode se surpreender com o gogó de um Mildes. O leitor fique à vontade para me cobrar.