O INSS EM HOME OFFICE
Publicado em 09 de janeiro de 2021
Por Jornal Do Dia
* Paulo César Régis de Souza
Com a pandemia ficou muito popular o trabalho em home office.
Aparentemente e? muito simples, a empresa manda o empregado para casa para cumprir sua jornada em home office. Perguntamos: Qual o apoio logístico essa empresa disponibiliza a seus empregados?
1. Os equipamentos serão disponibilizados pelo empregador, tais como, mesa, cadeira adequada (ergonômica), computador?
2. O Wifi utilizado será? pago pelo empregador?
3. Os cursos, seminários, treinamentos e capacitação serão online e pagos pelo empregador?
4. A produtividade será aferida pelo empregador?
5. Será estabelecido horário para que o empregado fique à disposição do empregador?
6. Estará previsto o acompanhamento de psicólogo, na modalidade online, oferecido pelo empregador, bem como um programa de ginástica laboral, para dar suporte ao empregado que terá? a sua casa como o novo ambiente de trabalho?
7. Em contrapartida não haverá preocupação, por parte do empregado, com transporte público ou privado para o deslocamento ao trabalho.
O trabalho presencial existe há séculos. Em ateliers trabalhavam artesãos e artistas, pintores e escultores.
A precariedade do trabalho presencial melhorou com a revolução industrial, os trabalhadores foram para as fábricas e unidades de comércio e de serviços públicos e privados. A tecnologia trouxe ganhos de produtividade e benefícios para os setores produtivos.
Sabemos que o ser humano tem necessidade de relacionamento social com outras pessoas, além de sua família.
Haverá uma dificuldade de conciliação entre a vida profissional e familiar, até? porque a interação entre os colegas de trabalho e? imprescindível.
O trabalhador individual sofrera? pelo seu isolamento de longa duração, o que certamente lhe será prejudicial. O empregado poderá sentir-se encapsulado.
O relacionamento permanente familiar e profissional poderá ser estressante para a saúde mental.
O ideal seria buscar após a pandemia um estudo para flexibilização de trabalho remoto e na empresa, uma forma hibrida de trabalho.
A jornada de trabalho deveria ser proposta de forma alternada, metade em home office e metade no local de trabalho, cujo o ajuste devera? ser feito inclusive com o envolvimento dos familiares.
Além das discussões inerentes a produtividade, deveriam ser discutidos também outros aspectos no tocante as responsabilidades de guarda das informações, recebimentos e trâmites de documentos privados, acesso à legislação atualizada, senhas etc.
No caso dos servidores do INSS que concedem benefícios de prestac?a?o única ou de prestac?a?o continuada, deve-se ter a preocupação de preservação de privacidade, evitando-se a invasão de segurados ou procuradores, ou ainda de advogados.
Essas medidas de segurança deverão ser estendidas no tocante a autenticação e certificação para proteger as informações e dados, respeitando-se as limitações impostas nos respectivos sistemas.
Trabalhar remotamente e? a modalidade do futuro, mas o modelo híbrido e? o que melhor se adequa ao momento atual.
Hoje e? imprescindível o investimento em capacitação dos servidores e gestores/ tutores (mesmo à distância), pois esses desenvolverão suas atividades presenciais, inclusive nos novos concursos devera? constar a exigência de capacitação para trabalho remoto.
O INSS DIGITAL, devera? ser revisto e adequado, levando-se em conta que o INSS atende a quase 100 milhões de segurados, sendo 60 milhões contribuintes (não mais por causa do desemprego e subemprego), 35 milhões de beneficia?rios previdenciários e assistenciais, mais de 5 milhões de empresas (grandes, médias e pequenas).
Somos a maior seguradora do país e da América Latina, a única autarquia que não administra o que arrecada e gasta. Essa administração e? feita por outros que o fazem mal feito.
Estamos há? muitos anos sem concurso público, com a defasagem de 15 mil servidores, numa situação ideal e presencial, dado que o INSS tem um segurado ou beneficia?rios em cada um dos 5700 municípios do país, sem falar que em muitos casos há? unidades distantes até? 100 km da base física.
E? certo que o atendimento remoto poderá? suprir distancias, bastando que a massa de segurados e beneficia?rios (100 milhões em 220 milhões) – não considerados os invisíveis – sejam capacitados para decodificar as mensagens digitais e virtuais. Falta educação e conhecimento e isto não pode ser esquecido. Lidamos com seres humanos e não com botões de ferro, olhos de vidro e cérebro de aço.
"Você nunca será? velho demais para sonhar um novo sonho" C.S. Lewis.
*Paulo César Régis de Souza e? vice-presidente Executivo da Associação Nacional dos Servidores Públicos, da Previdência e da Seguridade Social.